Capítulo 11 (FINAL DE TEMPORADA) - QUANDO FALA O CORAÇÃO



PREFÁCIO DO AUTOR

Saudações, amigos! Tudo bem?

Chegamos, enfim, ao final de uma jornada. Como passou rápido, não?
Escrever e elaborar cada capítulo não foi uma tarefa fácil... mas uma coisa digo pra vocês: me diverti muito escrevendo cada linha desta fanfic. E chego até aqui com a sensação do dever cumprido.
Espero que todos tenham gostado desta temporada, e espero ter contribuído de alguma forma para o universo Star Trek, que me arrebatou de um ano pra cá, e se tornou uma de minhas grandes paixões.

Mas, talvez alguns de vocês me perguntem: "este é mesmo o fim?!"
Bom... a resposta para esta pergunta está no final deste capítulo. Leiam e descubram!

Boa leitura. Vida longa e próspera!



ANTERIORMENTE

Após deixar o embaixador vulcano Sarek em Capella IV para uma missão diplomática, a Frontier é abordada e ameaçada por uma misteriosa nave:

- Aqui é o capitão Daniele Nardelli da USS Frontier!

- Silêncio!!! Nós sabemos muito bem quem vocês são... escória da Federação!

Descobre-se que a tal nave era, na realidade, um cruzador de guerra romulano. Outras naves romulanas surgem e cercam a Frontier, e se preparam para atacar. Até que o misterioso homem no comando da operação de ataque revela seu alvo:

- Como eu disse, eu sei muito bem quem vocês são, capitão. E também sei muito bem que vocês têm um TRAIDOR a bordo de sua nave! Não é mesmo... Andros V’Kor?!

Andros revela seu passado ao capitão Nardelli. O romulano por trás das sombras é identificado como Nero, um general que comanda uma força secreta do Império Romulano, e ao qual Andros era subordinado.
Nero era conhecido por usar métodos extremamente brutais para alcançar seus objetivos – e, por desobedecer a uma ordem direta dele, Andros foi aprisionado, torturado e considerado traidor do Império. Sob estas circunstâncias, e mesmo muito ferido, ele consegue se libertar das garras de Nero e então foge para a Terra.

Em uma tentativa de solucionar a crise, Dan decide ir a bordo da nave de Nero, juntamente com Andros, para negociar a vida de seu tenente e a integridade de sua nave, arriscando a sua própria vida, para espanto de seus principais oficiais – e desespero da comandante Hong.

- Não é só a vida do tenente Andros ou a minha que está em jogo aqui – diz o capitão – São as vidas de TODOS a bordo desta nave, incluindo a SUA!!! E como capitão desta nave, EU sou responsável por todas as almas que estão a bordo! Será que você compreende isso?

- E só por isso você precisa colocar a sua cabeça na guilhotina? – rebateu Hong, com uma voz quase de choro – Acha que vai conseguir negociar com um indivíduo que se demonstra sedento de sangue? Aposto que esse cara vai te matar antes que você consiga dizer uma palavra!

Na realidade, Dan e Andros haviam armado um plano para capturar Nero. Mas as coisas não saem como o esperado: assim que os dois sobem a bordo do cruzador romulano e colocam sua operação em prática, eles são surpreendidos e capturados pelos soldados de Nero.
Este, por sua vez, revela almejar uma guerra contra todos que considera inimigos do Império Romulano:

- O Império Estelar Romulano é a maior força que existe no universo! Somos NÓS que merecemos comandar este quadrante por inteiro, e tenha certeza que não medirei esforços para isto! Eu serei o líder que conduzirá não apenas o Tal Shiar, mas TODO o Império Romulano rumo à vitória absoluta contra nossos inimigos! E para mim, não importa de que forma: cedo ou tarde, todos vocês, humanos, vulcanos, Klingons... TODOS terão que se ajoelhar diante de nós!

Seul-gi assume o comando da Frontier, e em uma atitude arriscada, decide perseguir a nave de Nero até a Zona Neutra para salvar a vida de Dan.
Assim que a Frontier e o cruzador romulano se encontram, travam um combate feroz, que deixa ambas as naves danificadas.
Hong destrói os escudos da nave romulana, e vai a bordo liderando um grupo de abordagem armado para, enfim, resgatar o capitão Nardelli e o tenente Andros. Será que ela vai conseguir?

- Aguente firme, Dan! Eu estou chegando...


E AGORA, A CONCLUSÃO!







O tiroteio segue intenso nos corredores da nave de Nero. Dois oficiais de segurança da Frontier acabaram mortos no confronto, desintegrados instantaneamente pelas armas disruptoras dos inimigos.
Mas Hong e Cortez não se entregam: seguem abatendo os soldados romulanos um a um.

Até que, após todos os inimigos caírem, o grupo de abordagem consegue entrar no corredor à esquerda, indicado pelo tricorder de Cortez. E ali encontram uma cela, onde estão aprisionados o capitão Nardelli e o tenente Andros.
A cela é fechada por uma grade automática, comandada por um dispositivo localizado do lado de fora. Dan e Andros estão jogados em um canto, bastante feridos.

- Ali estão eles! – diz Cortez – Capitão! Tenente!

Dan levanta a cabeça, e vê Cortez e Hong do lado de fora da cela.

- Seul-gi... – diz ele, com a voz contorcida de dor.

Seul-gi olha para o dispositivo da cela.

- Sr. Cortez! – ela se volta para o espanhol.

- Sim, senhora! – responde ele.

Cortez, então, atira no dispositivo, destruindo-o. Em seguida, os dois oficiais de segurança remanescentes forçam a grade, fazendo-a correr para o lado e abrindo-a.
Seul-gi entra, e não pensa duas vezes: a primeira coisa que ela faz é ir na direção de Dan, levantando-o e o abraçando de forma calorosa.

- Dan... graças a Deus você está vivo... – diz ela.

- Se arriscou a violar a Zona Neutra só por minha causa?! – o capitão esboça um sorriso – Você é mais louca do que eu imaginei...

Enquanto isso, Cortez acode o tenente Andros, colocando-o de pé e apoiando-o em seu ombro.

- Você está bem, tenente? – pergunta ele.

- Já tive dias melhores... – responde Andros, com uma certa ironia na voz.

Mas não há tempo para se comemorar. Não demora muito, e os dois uniformes vermelhos que restaram são alvejados por tiros de disruptor, e se desintegram por completo.
Surpresos, Dan, Seul-gi e os outros olham para a porta da cela, e ouvem alguém se aproximar com uma risada ao mesmo tempo sarcástica e sinistra. É Nero, que chega acompanhado de alguns soldados.

- Não imaginei que o atrevimento de vocês chegasse a esse ponto. Mas não importa... este setor da Zona Neutra será o túmulo de vocês!

- As coisas não vão sair do jeito que você quer, Nero! – responde Hong – Sr. Cortez!

A reação de Cortez é rápida. Tanto ele quanto Hong atiram contra os soldados de Nero, e derrubam alguns deles.

- O quê?! – Nero se surpreende.

Eis que Hong se coloca diante do general.

- Isto é pelo capitão! – grita ela, enquanto acerta um cruzado na cara do romulano e o derruba – Rápido, vamos sair daqui!

Cortez vai em socorro do capitão, que gentilmente o detém.

- A gente consegue andar, tenente – diz Dan – Faça o que a srta. Hong diz... a gente precisa dar o fora daqui.

- Capitão! – grita Andros, enquanto pega um dos rifles dos uniformes vermelhos abatidos e o joga para as mãos de Dan.

- Vamos! - gritou Dan, de rifle em mãos.

Mais tiros são disparados em meio ao corredor. Agora, os quatro oficiais da Frontier estão armados – o capitão, Hong, Andros e Cortez – e enquanto tentam fugir, contra-atacam os soldados de Nero, que vão caindo um a um.

- Desgraçados! – resmunga Nero, enfurecido – Vocês me pagam...

Dan e os outros fogem pelos corredores da nave romulana. Enquanto isso, Nero grita com força, próximo a um comunicador interno:

- TODA A NAVE EM ESTADO DE ALERTA!!! PEGUEM OS TERRÁQUEOS E O TRAIDOR V’KOR!!!

Por toda a parte, soldados romulanos começam a surgir: uns armados com rifles disruptores, outros com lanças elétricas. Todos seguem pelos corredores, à caça do grupo do capitão Nardelli.
Dan e seus companheiros, por sua vez, não se entregam: confrontam-se ferozmente com os soldados, atirando contra eles sempre que os encontravam.
Um número grande de romulanos é abatido; no entanto, eles vão surgindo aos montes – até que chega um momento em que eles conseguem encurralar Dan e os outros.

- Hostia!!! Eles são muitos! – exclama Cortez, enquanto atira contra os inimigos.

- Nós não vamos aguentar desse jeito... – diz Dan.

Até que um grupo de soldados consegue cercar os fugitivos. Nero se aproxima, com sua risada perversa característica.

- Agora vocês estão cercados! – diz ele – Não têm mais para onde fugir!

Dan pega um comunicador, entregue a ele por Seul-gi antes de tirá-lo da cela. Mas imediatamente, Nero o ameaça:

- Nem pense nisso, capitão! Se você e seus amigos se teletransportarem para sua nave, nós abriremos fogo imediatamente, e todos a bordo da Frontier irão morrer!

- Nero, seu canalha!!! – Dan range os dentes de ódio – O que pretende fazer conosco?

- Vocês todos foram tolos em desafiar a mim e ao Tal Shiar – diz Nero – E além de tudo, vocês estão protegendo um traidor do Império. Como consequência, todos vocês serão levados a Romulus, e depois, executados diante do Pretor! Uma punição justa, vocês não acham?

O general gargalha de orgulho. Nardelli fica ainda mais tomado de raiva e coloca o dedo no gatilho.

- Ora, seu...

- Espere, capitão!

Quando Dan ia disparar seu phaser contra Nero, Andros o impede.

- Tenente! – Dan se demonstra surpreso – Mas o que significa isso?

- Com todo o respeito, senhor, mas eu já envolvi demais o senhor e os outros nisso – diz o romulano da Frontier – A responsabilidade de toda a situação é minha, portanto, sou eu que tenho que resolvê-la de uma vez.

- Mas, Andros...?! – diz o capitão, confuso – O que pretende fazer?

Andros não respondeu. Simplesmente deu um passo à frente, e fixou seu olhar em Nero.

- Nero! – disse ele – É a mim que você quer, não é? Por que não resolvemos isso entre a gente?

- Mas o quê?! – Nero se surpreende – Do que você está falando?!

Andros pega uma lança que estava caída no chão – devia ser de algum soldado abatido na batalha – e a aponta para Nero.

- Me enfrente, Nero! – intimou Andros – Mas em uma batalha justa. Um contra um. Se me vencer, eu aceitarei que me leve a Romulus para receber a minha pena...

Nero fica sem reação com a atitude de Andros.

- Mas se eu vencer... – Andros mantém a lança apontada na direção de Nero – você poupará a mim e aos meus companheiros... e nos deixará voltar para casa. Você compreendeu?

Nero solta uma gargalhada ainda mais apavorante.

- Então está me desafiando de vez, não é, maldito?! – Nero toma uma lança elétrica de um dos soldados – Pois bem... eu aceito seu desafio! E farei você se arrepender!

- Andros!!! – exclama Dan, assustado – O que pensa que está fazendo?!

- Acalme-se, capitão! – Seul-gi segura Dan pelo ombro.

- Srta. Hong...?!

- Nós não devemos interferir, Dan – diz Seul-gi, que em seguida se volta para Cortez – E o mesmo vale para você, alferes.

Cortez arregala os olhos. Hong continuou:

- O tenente Andros chamou toda a responsabilidade para si. Ele resolveu apostar tudo nesta luta. Em outras palavras, tanto as nossas vidas quanto a dele própria estão em suas mãos.

- Ele está se arriscando pela gente? – questiona Cortez.

- Ah, Andros... – diz Dan, com um olhar temeroso – Pretende mesmo se sacrificar por nós?!

- Se eu o conheço bem, ele lutará até o fim, com toda a determinação e predisposição guerreira pela qual os romulanos são conhecidos – comenta Hong – Nós não temos outra escolha a não ser confiar nele.

Todos os soldados, além do grupo de Dan, se afastam e deixam um espaço em meio ao corredor, como uma espécie de círculo.
Andros e Nero trocam olhares incisivos, com as lanças em punho.

- Homens, não interfiram! – ordena Nero – Eu mesmo acabarei com esse traidor...

- Já chega de conversa! – exclama Andros – Está pronto, Nero?

Os dois romulanos continuam a se encarar, sob os olhares de todos. Até que resolvem partir para o combate.

Ambos urram e correm um em direção ao outro com as lanças em riste, mas os dois erram os golpes.
Em seguida, Nero parte para cima tentando um golpe na altura da cabeça, mas Andros o detém com sua lança.
Os dois se encaram e rangem os dentes enquanto forçam as armas uma contra a outra – até que Nero acerta Andros com um chute no peito e o derruba; logo na sequência, lhe aplica um choque violento com a lança, que faz Andros gritar de dor.

- Hahahahaha, tolo! – vangloria-se Nero – Acha que consegue me enfrentar no estado em que se encontra?

De fato, a situação física do tenente não era favorável – ele ainda sentia os ferimentos dos choques das sessões de tortura aplicadas por Nero antes da Frontier interceptar sua nave.
No entanto, Andros não se entrega.

- A luta mal começou, Nero... – diz ele, enquanto se esforça para se levantar – É bom não ir contando vantagem...

Com dificuldade, Andros se levanta, sob os olhares atônitos de Dan e dos outros. Ele parte para cima de Nero e tenta acertá-lo com a lança várias vezes, mas sem êxito.
Em um descuido, o general acerta sua lança novamente, aplicando uma forte descarga elétrica, e faz com que Andros caia, desnorteado.

- Andros! – Dan entra em desespero.

- Levanta, tenente! – grita Cortez – Levanta!

Seul-gi, por sua vez, não diz uma palavra. Apenas leva as mãos ao rosto, horrorizada, enquanto olha para Andros, estatelado no chão e aparentemente inconsciente.

Enquanto isso, Nero vai em direção a Dan, com um sorriso sarcástico no rosto.

- Hah! Isso foi fácil demais! – diz ele, com a voz carregada de desdém – Agora, capitão Nardelli, seu destino e o de seus amigos está selado: todos irão a Romulus como prisioneiros de guerra, e serão executados diante do Pretor! HAHAHAHAHAHAHA!!!

- Ora, seu... – Dan range os dentes.

Nisso, Andros se coloca de pé novamente, para surpresa de todos.

- O quê?! – Nero olha para trás e arregala os olhos, ao ver Andros se levantar.

O tenente, por sua vez, mantém seu olhar firme no general, apesar de mal conseguir se manter em pé.
Visivelmente, estava muito ferido e mais debilitado – o que, em tese, dava a vantagem do combate para Nero, que ainda estava ileso.

- Você é mesmo muito persistente... – Nero sorri, de forma maliciosa – Mas é hora de acabar de vez com essa brincadeira!

O desespero nos olhares de Dan, Seul-gi e Cortez aumenta. Nero vai com tudo para cima de Andros.

- Minha paciência com você acabou! – grita o general – Vou manda-lo para o inferno de uma vez! MORRA, V’KOR!!!

Parecia que a luta seria definida a favor de Nero. Mas a reação de Andros é completamente inesperada.
Nero ataca com sua lança em direção ao peito de Andros – mas este consegue segurar a lança com uma das mãos antes que ela o atinja.

- O QUÊ?! – Nero se espanta com a reação do adversário.

Andros, por sua vez, segura a lança de Nero com toda a sua força.

- Eu disse... pra você não contar vantagem... – diz Andros.

Após dizer estas palavras, Andros acerta o peito de Nero com sua lança, aplicando-lhe um choque violento e fazendo o general gritar de dor.

- ISTO É PELOS INOCENTES QUE VOCÊ MATOU EM REMUS, SEU MONSTRO!!! – grita Andros, enquanto aumenta a intensidade do choque.

Andros força a lança contra o peito de Nero, fazendo-o sentir a eletricidade correr por todo o seu corpo.
Em menos de um minuto, o general romulano cai completamente desnorteado. A luta, enfim, estava definida: corajosamente e no limite de suas forças, Andros vence Nero, salvando sua vida e também a do capitão Nardelli e de seus companheiros.

Mas o grupo da Frontier não teria vida fácil: logo após Nero cair, os outros soldados romulanos que estavam ali apontaram suas armas.
Dan, Hong e Cortez reagem rapidamente, e conseguem tontear todos eles com seus phasers. Em seguida, o capitão vai ao socorro de Andros.

- Você está bem, tenente? – pergunta Dan.

- Estou, capitão... – diz Andros, um pouco ofegante – Acabou... finalmente acabou...

- Capitão! – Seul-gi chama a atenção – Nós temos que retornar à Frontier...

Dan assente com a cabeça e pega seu comunicador. Mas antes que pudesse dizer uma palavra, uma risada agonizante e sinistra é ouvida.
Para o espanto de todos, é Nero quem se levanta – mesmo debilitado, ele não sai da ofensiva.

- Seus vermes! – diz ele, com a voz saindo com dificuldade – Acham que vou permitir que vocês saiam daqui com vida? Vou arrastá-los comigo para o inferno... seus... desgraçados...

O capitão e os outros não acreditam. A última cartada de Nero é algo ainda mais inesperado: ele cambaleia até um terminal de comunicação e transmite sua ordem:

- Computador... iniciar sequência de autodestruição... 30... segundos...

- O quê?! – exclama Andros – NERO, SEU COVARDE!!! Será que você não aprendeu a lição?!

Nero ri com ironia, e afronta seu ex-subordinado:

- V’Kor... eu hei de caçá-lo até o inferno... seu traidor... maldito...

Atordoado pelos ferimentos, Nero cai. E continua rindo. A aquela altura, já faltavam quinze segundos para a nave se autodestruir.
Rapidamente, Dan aciona seu comunicador, e chama a Frontier:

- Nardelli para Frontier! – gritou, desesperado – Tire-nos daqui, sr. Okonwa!

Em seguida, Dan e os outros começam a se desmaterializar, para desespero de Nero.

- O quê?! MALDIÇÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOO!!!

Eis que a nave de Nero explode no espaço, levando o general romulano e todos os seus soldados a bordo.
A cena é vista na tela principal da Frontier, sob os olhares atônitos e desesperados do doutor Lester e do tenente-comandante Okonwa.

- Ah, meu Deus! – gritou Lester – DAN!!!

- Sala de transporte, informe! – ordena Okonwa, da cadeira do capitão.

Um silêncio momentâneo se forma por alguns segundos. O desespero de Lester aumenta, enquanto Oko sente uma gota de suor frio escorrer do rosto.
Mas, para o alívio de todos na ponte, as notícias são animadoras:

- Nós conseguimos, senhor! – diz uma voz masculina, no alto-falante da cadeira – O capitão e os outros estão a bordo!

- Oh, céus... – Lester suspira de alívio – Eles ainda vão me matar do coração...

- Pode me ouvir, capitão? – pergunta Oko, com um largo sorriso no rosto.

- Aqui é Nardelli – diz Dan, do outro lado da linha – Estou ouvindo em alto e bom som, sr. Okonwa!

- Seja bem-vindo a bordo! – diz o africano – É bom ter o senhor de volta.

- Obrigado, Oko – responde o capitão – É bom pra mim também poder estar de volta à minha nave. Agora nos tire da Zona Neutra o quanto antes, já tive minha cota de romulanos por hoje!

- Entendido, capitão! – diz Oko, rindo – Desligo.

Okonwa, então, se volta para uma alferes loira que estava ocupando o posto de Cortez, no leme:

- Ouviu o capitão, alferes. Marque curso para o espaço da Federação. Dobra 9.

- Sim, senhor! – responde a loira.

Rapidamente, a Frontier entra em velocidade de dobra, e sai do território romulano em disparada.

***


“Diário do Capitão – Data Estelar: 7515.4
Tanto eu quanto o tenente Andros fomos resgatados com vida das garras do general romulano Nero, que em uma manobra suicida, acabou por explodir a própria nave, após ter sua tentativa de levar nosso tenente de volta a Romulus frustrada.

Neste momento, estou na enfermaria, terminando de receber os cuidados do doutor Lester.”


Dan está deitado em uma das macas da enfermaria da Frontier, assim como o tenente Andros. Os dois já estão com seus ferimentos quase que inteiramente curados. Lester se aproxima de Dan e resolve puxar conversa.

- Você e o tenente Andros realmente são caras de muita sorte! – diz ele – Quem poderia imaginar que vocês encarariam os romulanos de frente e sobreviveriam para contar a história?

- Pois é, Jon – responde Dan – Mas alguma coisa me diz que esse Nero era diferente de todos os outros. A crueldade e a impetuosidade dele eram coisas que eu jamais havia visto! Tudo bem, os romulanos são um povo extremamente militarizado e costumam ser bem agressivos, mas... sei lá... Nero tinha doses de insanidade e de ódio que chegam a ser incomuns até para os próprios romulanos.

- É por isso que eu digo que vocês têm sorte, Dan. Quantos outros não cruzaram o caminho desse cara e acabaram trucidados pela crueldade dele?

Dan assente com a cabeça.

- Mas vocês também sobreviveram principalmente por conta do esforço da Hong – comenta o doutor – Ela simplesmente arriscou tudo: levou a nave até a Zona Neutra só pra salvar vocês... Aliás... pra salvar VOCÊ, capitão.

O capitão arregalou os olhos.

- Escuta, Dan... – diz Lester – Não acha que devia falar com ela? Você foi muito duro com ela na sala de reuniões antes de ir para a nave do Nero. Ela deve ter ficado sentida... e como eu disse, ela arriscou tudo pra te salvar.

- Eu já estava pensando nisso, Jon – responde Dan – Também não foi fácil pra mim falar daquele jeito com ela... mas a minha patente falou mais alto...

Dan se senta em sua maca, e está quase se levantando para reassumir as suas funções. Mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, Jon se colocou em sua frente e o segurou pelos braços.

- Será que você não entende, Dan?! – a voz de Lester sai em um tom mais enfático – A Hong é capaz de fazer qualquer coisa por você! Ela mesma me deixou isso claro antes de ir pra Zona Neutra atrás do Nero...

- O que você quer dizer, Jon? – Dan franze a testa.

- Só aquilo que eu cansei de te dizer desde que esta missão começou – responde Jon, com um sorriso maroto no rosto – Você e ela deviam se acertar de uma vez por todas...

A expressão no rosto de Dan mistura surpresa e uma certa desconfiança. Lester continuou:

- Pensa bem, meu amigo... Vocês sempre se deram bem desde a Academia! Está escrito na testa de vocês que vocês gostam um do outro! Pra quê continuar segurando isso? Vai esperar a sua vida ficar por um fio de novo pra fazer alguma coisa?

- Onde você quer chegar, Jon?

- Eu quero ver você feliz, Dan! Mais do que qualquer outra coisa... Tudo bem que a Hong é meio cabeça-dura de vez em quando, mas... evidentemente, ela se importa muito com você.

- Está certo... – diz Dan, se levantando de vez da maca, rindo com um pouco de vergonha – Será que eu posso reassumir meu posto, doutor?

- Mas é claro! – responde Lester – Você já está em plenas condições... Só não vai exagerar, hein?!

- Pode deixar! – diz o capitão.

Dan se dirige à porta da enfermaria. Mas antes que alcança-la, é interrompido por Lester:

- Ei, Dan!

Nardelli se vira para trás, e olha para o doutor, que diz:

- Não esquece de pensar no que eu te falei, hein?!

- Tudo bem, Jon – responde Dan, rindo – Vou ver o que eu faço a respeito.

Sob o olhar do doutor Lester, o capitão deixa a enfermaria.

***

Dan e o tenente Andros entram na ponte de comando da Frontier e reassumem seus postos. Quem anuncia sua chegada é o alferes Cortez:

- Capitão na ponte!

Assim que Dan se senta em sua cadeira, Stanic lhe informa:

- Recebendo transmissão de Capella IV, capitão. É o embaixador Sarek.

- Muito bem, sr. Stanic. Coloque na tela! – ordena Dan.

- Sim, senhor!

Stanic atende à ordem do capitão, e a imagem do embaixador Sarek aparece na tela principal.

- Embaixador! – diz Dan, em um tom de voz bastante cordial – Espero que o senhor nos traga boas notícias.

- E de fato, eu as trago, capitão – responde Sarek – Os capelanos ofereceram certa resistência, mas decidiram manter o acordo com a Federação para a exploração de minério. Em troca, a Federação garantiu que descobriria o responsável pelo ataque em Corvan II que vitimou dois cidadãos capelanos.

- Creio que isto não seja mais necessário, embaixador – afirmou Dan, com convicção.

- O que o senhor quer dizer com isto, capitão Nardelli? – Sarek levanta uma de suas sobrancelhas.

- O senhor deve se recordar de nossa conversa aqui na Frontier. As suspeitas das quais o senhor me falou estavam corretas: foram mesmo os romulanos que atacaram a nave de carga em Corvan II.

- Parece estar bastante convicto, capitão. Como o senhor descobriu?

- É uma longa e complicada história, sr. Sarek. O que posso lhe adiantar é que eu e o tenente Andros somos testemunhas de tudo o que aconteceu. Contarei todos os detalhes assim que chegarmos a Capella IV.

- Pois bem, capitão. Estarei aguardando por vocês.

- Sim, senhor. Estaremos a caminho. Por favor, peça aos líderes capelanos para aguardarem pela nossa chegada. Creio que as informações que temos também sejam do interesse deles.

- Como desejar.

Após estas palavras, Sarek encerra a transmissão. Dan transmite suas ordens ao alferes Cortez:

- Sr. Cortez, marque curso para Capella IV. Dobra 6.

- Sim, senhor! – Cortez demonstra entusiasmo na voz – Marcando curso, em dobra 6!

A Frontier muda de direção, e segue em velocidade de dobra rumo ao planeta Capella IV. Ainda na ponte, Dan se levanta de sua cadeira e distribui mais algumas ordens:

- Bem, senhores, eu estarei descansando em meus aposentos. Me informem de qualquer eventualidade que acontecer no caminho.

- Sim, senhor! – responde Stanic.

Cortez e Andros fazem um sinal de afirmação com a cabeça. Dan se dirige ao turbo-elevador, mas antes de chegar a ele, volta sua atenção para Seul-gi:

- Srta. Hong?

Hong olha para o capitão, como quem é pega de surpresa. Ele, por sua vez, suaviza a expressão em seu rosto e lhe pergunta, em um tom de voz suave:

- Tem um momento?

Seul-gi não diz uma palavra. Apenas assente com a cabeça e se aproxima do capitão.

- Sr. Andros, a ponte é sua – diz Dan.

- Sim, capitão! – diz o romulano.

Apesar de receber o comando, Andros permanece em seu posto. Dan e Seul-gi entram no turbo-elevador.

***

O capitão e a comandante Hong chegam aos aposentos do capitão. Visivelmente tensa, temendo uma repreensão ou algo do tipo, Seul-gi decide falar primeiro, logo depois dos dois entrarem pela porta automática:

- Capitão, eu assumo toda a responsabilidade pelo incidente na Zona Neutra. Eu apenas...

- Descansar, comandante – interrompeu Dan – Isto não é uma conversa entre oficiais.

O tom sereno e suave da voz do capitão pegou Seul-gi de surpresa – evidentemente, não era o que ela esperava.
Dan suavizou a expressão em seu rosto, e lhe pediu gentilmente:

- Sente-se.

Um pouco à esquerda dos dois, havia uma mesinha pequena, com duas poltronas. Seul-gi se sentou em uma delas.
Dan também se senta, e então começa a falar, olhando para sua primeira-oficial com um olhar suave e fraterno:

- Apenas me escute, Seul-gi... eu sei que você fez o que achou que era certo. Arriscou a nave, a tripulação e a si mesma, indo inclusive contra algumas diretrizes da Frota, apenas para salvar a minha vida. Eu não poderia esperar menos de você... e lhe sou eternamente grato por isso.

- Eu só fiz aquilo que você faria por qualquer um de nós, capitão – respondeu Seul-gi, com a voz um pouco tensa – Não fiz nada além da minha obrigação.

- Eu sei... – diz o capitão – Mas não é sobre isso que eu quero falar com você.

Seul-gi arregalou os olhos. E não conseguiu dizer uma palavra. Havia sido pega de surpresa mais uma vez.

- Olhe, Seul-gi – a voz do capitão sai mais suave – Eu conheço você há bastante tempo. Você é e sempre foi uma grande amiga pra mim... e também se tornou uma excelente oficial. Você tem servido bem a mim e a esta nave, desde que esta missão começou...

A expressão no rosto da coreana é a de quem não está compreendendo absolutamente nada. Dan continuou:

- Mas tem uma coisa que me deixou assustado: foi a forma impulsiva como você reagiu à minha decisão na sala de reuniões, diante dos outros oficiais. Se eu não te conhecesse bem, eu diria que você tinha problemas sérios... Mas eu te conheço o bastante pra saber que não é comum você ter uma reação como aquela...

Hong fica paralisada. O olhar no rosto de Dan permanece sereno e suave. E da mesma forma tranquila, ele resolve questioná-la:

- Por quê, Seul-gi? Por que você explodiu daquele jeito?

Seul-gi empalideceu. E ficou sem reação de vez. Foi então que sua ficha caiu: ela estava sem saída.
De imediato, ela sentiu um aperto no peito - aquele sentimento que ela guardou consigo por tanto tempo não poderia mais ser ocultado. Ela se viu obrigada a tomar uma decisão, e aquela parecia ser a oportunidade perfeita para isso. Não importa o que acontecesse; ela não podia mais esconder o que sentia.

- Eu estava com medo, Dan... – começou ela, com a voz embargada, saindo com certa dificuldade – Eu estava com muito medo...

A expressão no rosto de Seul-gi começa a mudar. Seus olhos começam a ficar marejados, e seu rosto começa a demonstrar uma certa tristeza.
Dan observa tudo isto, e fica com os olhos arregalados.

- Eu estava com medo de que alguma coisa terrível acontecesse com você! – continuou ela, mudando o pouco o tom de sua voz – Por Deus, Dan, você se arriscou demais! Você sabe como os romulanos são, e Nero com certeza devia ser o pior deles! Você... você podia ter morrido, Dan!!!

Seul-gi segura Dan pelos pulsos com força, enquanto uma lágrima escorre em seu rosto. Ele, por sua vez, se vê assustado com a reação súbita da sua melhor amiga, e não consegue dizer uma palavra.

- Desde que você foi a bordo da nave do Nero, não teve um segundo em que eu não ficasse preocupada com você! – continuou Seul-gi, quase chorando – Eu me importo demais com você, Dan! Talvez mais até do que eu realmente deveria...

- Do que você está falando?! – pergunta Dan, aparentemente sem entender nada.

Com algum esforço, Seul-gi tenta conter o choro. Fica em silêncio por alguns segundos, e resolve abrir o coração de vez.

- Lembra do dia em que a gente se conheceu?! – diz ela – Aquele café da manhã no refeitório da Academia?

Dan assentiu com a cabeça, com uma expressão de surpresa no rosto.

- Eu estava me sentindo completamente perdida e sozinha... – continuou Seul-gi – Achei que aquele dia ia ser só mais um daqueles dias solitários... até que você apareceu. Pediu pra se sentar comigo, com um sorriso no rosto e a expressão mais doce que eu jamais havia visto em alguém...

Ao ouvir estas palavras, Dan fica paralisado. Mas Seul-gi ainda iria além:

- A minha vida mudou completamente desde aquele dia. Você se tornou a pessoa mais importante da minha vida depois dos meus pais... E depois que nos graduamos da Academia e nos afastamos, não houve um minuto em que eu não pensasse em você... e na promessa que você me fez! E quando eu soube que eu havia sido designada para a Frontier, e que você estava no comando... Dan... aquele foi o dia mais feliz da minha vida! Você enfim iria cumprir a sua promessa...

- Seul-gi... – a voz de Dan sai em um tom atravessado e baixo; nitidamente, ele está sem reação.

- A gente passou por muitas coisas juntos nessa nave... a descoberta súbita de Visir, a conspiração em Ekos, aquela confusão maluca com a princesa de Hanchon, o Mudd... tantas coisas... até que Nero apareceu. E eu achei que o pior iria acontecer com você... e então eu não poderia... te dizer nada disso... eu não poderia dizer... que eu AMO você!!!

Seul-gi não consegue mais se conter. E começa a chorar copiosamente.

- Me desculpe, Dan! Eu não deveria estar te dizendo estas coisas, mas... eu não consigo mais suportar tudo isto que está sufocado dentro de mim! Eu não consigo mais...

- Seul-gi... – a voz de Dan sai completamente embargada – Eu...

- Eu aceito as consequências dos meus atos, capitão! – interrompeu ela, com os olhos e o rosto repletos de lágrimas – Aceito qualquer tipo de punição que queira me impor, mas tente me entender, por favor... Eu não posso mais esconder tudo aquilo que eu sinto por você... Eu não posso...

O choro de Seul-gi se torna ainda mais intenso, para espanto de Dan, que por sua vez, se demonstra completamente balançado pela declaração de sua primeira-oficial e melhor amiga.
Ainda meio sem jeito, ele tenta confortá-la:

- Seul-gi! – ele a toma pelos ombros e a abraça – Calma, Seul-gi, agora está tudo bem... eu estou aqui! Olhe pra mim...

Eis que Seul-gi ergue seu rosto, e olha nos olhos de Dan com seu olhar marejado. As palavras que ele diria a seguir a pegam desprevenida:

- Alguma vez você já parou pra pensar... em por que eu te fiz aquela promessa no tempo da Academia? – Dan faz uma pausa – Ou melhor... já parou pra pensar em por que eu te trouxe para esta nave?

A coreana fica sem reação, ainda com lágrimas em seu rosto. Ela apenas continua com o olhar fixo no rosto do capitão.

- O que quer dizer? – pergunta ela, sem compreender.

- Não é só porque você é uma excelente oficial... ou porque você é minha amiga...

A expressão no rosto de Dan muda. O olhar se torna terno, e ele começa a esboçar um sorriso.

- Eu não teria feito o esforço que fiz pra te trazer pra cá... se você não fosse especial pra mim – completou ele.

Hong fica paralisada. Seu coração dispara. Ao mesmo tempo em que se sente confusa, passa a sentir um certo alívio em sua alma. Parecia que seus sentimentos em relação a Dan eram correspondidos, mas ela ainda não tinha certeza.
Dan, então, sorri, e suas próximas palavras, ditas com o mais suave de seus tons de voz, se encarregariam de tirar quaisquer dúvidas da mente de Seul-gi:

- E se quiser saber... – ele desliza um dedo sobre uma lágrima que escorria do rosto de Hong – eu já não aguentava mais ficar tanto tempo longe de você...

- Dan... – diz ela, com os olhos arregalados.

Os dois olham fundo nos olhos um do outro, e seus rostos começam a se aproximar lentamente. Até que seus lábios se tocam.


Foi nessa hora que o tempo parou para os dois. Não havia patentes, não havia protocolos, não havia regras, não havia riscos, não havia nada – apenas os sentimentos que eles tinham um pelo outro.
O coração falou mais alto que qualquer outra coisa naquele momento. E os dois, enfim, se entregaram ao amor.

***

Poucas horas depois, Dan e Seul-gi ainda estavam nos aposentos do capitão. Mas absolutamente nada estava dentro dos protocolos da Frota: seus uniformes estavam espalhados pelos cantos, e os dois estavam deitados na cama de Dan, abraçados, com os corpos cobertos apenas por um fino lençol de seda prateado, exaustos após tantas demonstrações de amor; mesmo após uma missão de resgate extremamente complicada, a noite havia sido intensa para os dois.

- Eu juro que eu não esperava por isto – diz Seul-gi, deitada sobre o ombro de Dan – Por que você não me disse nada por todo esse tempo?

- Eu estava tão inseguro quanto você – respondeu Dan – Pra dizer a verdade, eu não tinha certeza do que eu realmente sentia... sem falar que sempre fui uma pessoa muito discreta. Foi você quem me fez abrir os olhos, Seul-gi. E o Jon também me deu um empurrãozinho quando voltei da nave do Nero.

- O doutor?! Sério?! – Seul-gi cai na risada – Ele é a última pessoa de quem eu poderia esperar alguma coisa assim...

- Pra você ver... – Dan também começa a rir.

Os dois riem e se beijam rapidamente. Em seguida, Hong expõe para Dan uma dúvida que estava em sua mente:

- Você não teme uma represália por parte do Comando da Frota? Afinal, não deve ser conveniente para um capitão dormir com o seu imediato... quer dizer, sei lá...

Dan acha graça das palavras de Seul-gi.

- A Frota Estelar não restringe relacionamentos, Seul-gi – diz ele, enquanto lhe acaricia suavemente uma mecha de cabelo – Nós ficamos no espaço por tanto tempo que os nossos tripulantes viram praticamente a nossa família, amigos e por aí vai. Contanto que não deixemos de cumprir com nossos deveres, não há problema algum.

Seul-gi faz uma cara pensativa.

- Acho que não compreendi muito bem, mas... tudo bem. Eu vou aprender a lidar com isso.

Os dois olham carinhosamente um para o outro.

- Ainda faltam uns dias para chegarmos a Capella IV, não é? – pergunta ela.

- Uns três ou quatro dias, pelas minhas contas – responde Dan – Mas eu não quero pensar nisso agora... a única coisa que eu quero nesse momento é ficar aqui com você.

Os dois sorriem e se abraçam. E Seul-gi se coloca por cima do corpo de Dan.

- Afinal... nós temos todo o tempo do mundo... – diz ele, com um largo sorriso no rosto.

- É verdade... – diz ela, com um sorriso igualmente largo.

Eles tocam os lábios uma vez mais. E os beijos e abraços seguem noite adentro, enquanto a Frontier segue seu curso em direção a Capella IV, ao encontro do embaixador Sarek.

__________________________________




Planeta Vulcano. Cerca de um ano antes do lançamento da USS Frontier.

Uma jovem, de longos cabelos negros e trajando um longo vestido preto adentra uma enorme gruta, onde se localiza uma espécie de templo. No nível mais profundo da caverna, há um enorme salão, onde se encontram algumas figuras encapuzadas alinhadas em um semicírculo – todas estas pessoas aparentam possuir uma idade avançada.
Assim que entra no salão, a jovem os saúda com o gesto típico de sua raça. Imediatamente, um dos anciãos, o que está no centro do semicírculo, retribui o gesto.

- Aproxime-se, T’Kara – ordena o ancião.

A jovem, então, se aproxima, e se posiciona bem no centro do salão. O piso é todo de areia, e algumas tochas iluminam o entorno do recinto.
O ancião pega do solo um punhado da areia, e começa a recitar um discurso ancestral:

- Sobre estas areias, nossos ancestrais extirparam as emoções e as paixões primitivas. Nossa raça foi salva a partir da obtenção do kolinahr, através do qual todas as emoções são finalmente extintas.

O ancião pega um colar com um símbolo poligonal, e se aproxima lentamente de T’Kara, enquanto esta o observa com o olhar fixo.

- Você se dedicou arduamente, T’Kara – diz ele – É hora de receber de nós o símbolo da lógica absoluta.

O ancião estende o colar na direção da cabeça de T’Kara. Mas repentinamente, ela o segura por um dos braços e o detém.

- Sinto muito, mestre – diz ela – Eu ainda não estou pronta.

À maneira fria e impassível dos vulcanos, o ancião se demonstra surpreso. Levanta uma sobrancelha e fixa seu olhar nos olhos da jovem pupila.

- Posso ver em seu olhar que algo a aflige – interpela o ancião – Permita que eu veja com mais clareza.

Ele guarda o colar em uma bolsa na cintura de sua túnica, e em seguida posiciona os dedos das mãos em pontos estratégicos do rosto de T’Kara. Um elo mental se inicia.

- Minha mente para sua mente. Meus pensamentos para seus pensamentos...

Tanto T’Kara quanto o ancião fecham os olhos. O sacerdote começa a sentir coisas que estavam no fundo da mente da jovem.

- Eu vejo incerteza – diz o ancião – Eu vejo inquietude. Dúvidas. Muitas dúvidas. Dúvidas que fluem em sua mente como um rio revolto.

Todos os anciãos presentes no salão se demonstram surpresos, observando tudo de forma calculista. Certamente, não é o que eles esperavam.
O ancião desfaz o elo mental, e dirige sua palavra à pupila:

- Você tinha razão. Você ainda não está pronta. Não conseguiu atingir o kolinahr.

A expressão no rosto de T’Kara não muda. Da mesma forma que nos rostos dos anciãos.
Com o olhar fixo em seu mestre, a garota ouve um último conselho.

- Suas respostas não estão em Vulcano, T’Kara. Você deve busca-las além das estrelas, em mundos completamente diferentes do nosso. Contudo, lhe farei uma advertência: você deve tomar cuidado com as emoções que encontrará nos seres que cruzarem o seu caminho. Deve manter sua mente sempre guiada pela lógica. Somente desta forma você sobreviverá.

Sem dizer uma palavra, T’Kara faz um sinal de afirmação com a cabeça. E o ancião se despede, com o gesto e a frase típica vulcana:

- Vida longa e próspera.

Ainda em silêncio, T’Kara retribui o gesto, e se retira do salão. Na entrada, um rapaz, também vulcano e trajando um uniforme de cadete da Academia da Frota Estelar, aguarda por ela. É ninguém menos que T’alek, irmão de T’Kara, que mais adiante serviria como alferes na divisão de ciências da Frontier.

- Minha irmã?! – a voz de T’alek sai em um tom de interrogação.

- Não há mais nada a se fazer aqui, T’alek – responde T’Kara, com a voz mais fria que o normal – Nós devemos partir.

T’alek assente com a cabeça. E os dois caminham para fora da gruta.




FIM DA TEMPORADA 1

***

EM BREVE... STAR TREK: FRONTIER – TEMPORADA 2!

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