Capítulo 4 - INTOLERÂNCIA
PREFÁCIO DO AUTOR
Saudações, amigos!
Este com certeza foi o capítulo mais difícil que escrevi até agora, especialmente por envolver temas delicados.
Antes de começar nossa jornada, cabe fazer algumas observações:
- Algumas passagens deste capítulo são fortes, e até mesmo violentas, podendo servir de gatilho. Por isso, recomendo ler cada linha com extrema cautela.
- Este capítulo tem relação direta com Jornada Nas Estrelas/Star Trek - The Original Series, e pode conter alguns spoilers da série. Antes de ler este capítulo, recomendo a vocês assistirem o episódio 21 da segunda temporada de TOS, "Padrões de Força" ("Patterns of Force").
Boa leitura. Vida longa e próspera!
PRÓLOGO
Ruas
movimentadas em um planeta aparentemente muito semelhante à Terra do século
XXI.
Em frente a um grande palácio com a fachada caprichosamente ornada em mármore, uma multidão se aglomera. Em sua porta, está montado um púlpito com microfones.
Diante deles, um homem pomposo de meia idade, trajado com um terno e gravata pretos, discursa diante da multidão, cercado de outras pessoas igualmente bem vestidas e refinadas. Aparentemente, é uma autoridade importante para os locais.
Em frente a um grande palácio com a fachada caprichosamente ornada em mármore, uma multidão se aglomera. Em sua porta, está montado um púlpito com microfones.
Diante deles, um homem pomposo de meia idade, trajado com um terno e gravata pretos, discursa diante da multidão, cercado de outras pessoas igualmente bem vestidas e refinadas. Aparentemente, é uma autoridade importante para os locais.
- Meus
queridos irmãos e irmãs – pronuncia o homem, diante dos microfones e olhando
para o público – Durante décadas, nossos povos custaram a se entender.
Inclusive, há poucos anos atrás, passamos por um regime que quase nos levou ao
que seria um derramamento inútil de sangue.
Enquanto o
homem discursa, um rapaz, visivelmente aflito e nervoso, vai se acotovelando em
meio às pessoas, como quem quer se aproximar do púlpito.
Tal atitude não é notada – exceto pelo incômodo das pessoas pelas quais o rapaz passa – e o discurso segue:
Tal atitude não é notada – exceto pelo incômodo das pessoas pelas quais o rapaz passa – e o discurso segue:
- Mas...
graças aos deuses e à preciosa ajuda da Federação, nós conseguimos alcançar a
paz e a harmonia. Hoje em dia, nossos povos convivem como se fossem irmãos. Em
paz. Aceitando as diferenças e sabendo conviver com elas. Estamos reunidos aqui
hoje para celebrarmos esta harmonia. Para celebrarmos a boa convivência. Para
celebrarmos a paz.
Antes que o
imponente senhor pudesse dar continuidade a seu discurso, o rapaz consegue
alcançar o púlpito. E toma uma atitude que surpreende e assusta a todos:
- Seu lixo
imundo!!! MORRA!!!
Após dizer
estas palavras aos berros, o rapaz saca um revólver semelhante a um antigo
calibre 38 da Terra e atira contra o homem, acertando-o na altura do ombro
esquerdo, quase no peito.
Imediatamente, todos os presentes no lugar entram em pânico, enquanto o homem que há pouco discursava ao público cai atordoado no chão, sendo acudido pelos outros que estavam próximos.
Enquanto isso, o rapaz armado é contido por três homens parrudos vestindo ternos pretos, que deviam fazer a segurança do local, e também por alguns civis revoltados. Mas mesmo assim, ele não se contém: oferece resistência, se debatendo e urrando:
Imediatamente, todos os presentes no lugar entram em pânico, enquanto o homem que há pouco discursava ao público cai atordoado no chão, sendo acudido pelos outros que estavam próximos.
Enquanto isso, o rapaz armado é contido por três homens parrudos vestindo ternos pretos, que deviam fazer a segurança do local, e também por alguns civis revoltados. Mas mesmo assim, ele não se contém: oferece resistência, se debatendo e urrando:
- Me
larguem, desgraçados! Tirem as patas imundas de cima de mim!
Com algum
esforço, o rapaz é afastado do púlpito, enquanto o homem baleado é socorrido.
Cercado e agarrado por todos os lados, o misterioso jovem consegue livrar uma de suas mãos, e tira do bolso um estranho dispositivo com um botão.
E então, urra mais algumas palavras de ódio, seguidas de um estranho dizer:
Cercado e agarrado por todos os lados, o misterioso jovem consegue livrar uma de suas mãos, e tira do bolso um estranho dispositivo com um botão.
E então, urra mais algumas palavras de ódio, seguidas de um estranho dizer:
- Droga!
Porcos Zeon malditos... e seus simpatizantes nojentos! Todos vocês irão arder
no inferno! HEIL HYNKEL!!!
Ao proferir
estas últimas palavras, o rapaz ergue a mão com o dispositivo ao alto, mesmo em
meio a seus contentores, e aperta o botão. Logo em seguida, uma grande explosão
acontece.
O rapaz, os seguranças, e alguns civis que o estavam segurando são mortos pela explosão, e vários outros civis se ferem.
No púlpito, enquanto alguns tentam ajudar o homem baleado, outros assistem à cena, incrédulos e horrorizados.
E em meio a todo o caos que se instalou, uma outra figura misteriosa picha uma parede, próxima ao local da explosão.
O rapaz, os seguranças, e alguns civis que o estavam segurando são mortos pela explosão, e vários outros civis se ferem.
No púlpito, enquanto alguns tentam ajudar o homem baleado, outros assistem à cena, incrédulos e horrorizados.
E em meio a todo o caos que se instalou, uma outra figura misteriosa picha uma parede, próxima ao local da explosão.
A visão
final é aterradora: ao fundo das chamas em meio ao público, o símbolo pichado
se revela – trata-se de um símbolo conhecido do povo da Terra, mas que sempre
traz memórias traumáticas e dolorosas. É uma suástica nazista.
******
“Diário do Capitão – Data Estelar: 7503.9
Recebemos ordens do Comando da Frota Estelar de seguir para o planeta Ekos – de acordo com as informações que nos foram passadas, o chanceler local sofreu uma tentativa de assassinato.Para as autoridades locais, o atentado possui motivações políticas.”
A Frontier segue em velocidade de dobra rumo ao planeta Ekos. A informação transmitida pela Frota Estelar sobre o atentado foi recebida com perplexidade pela tripulação da nave.
Na ponte de comando, o capitão Dan Nardelli e seus oficiais repercutem o assunto.
- Eu não
entendo, capitão – diz a comandante Hong, em sua plataforma – Até onde é de meu
conhecimento, Ekos tornou-se um planeta pacífico há poucos anos atrás. Como
pode um atentado dessa violência acontecer assim, de uma hora pra outra?!
- Também
estou custando a entender, Seul-gi – responde o capitão, sentado em sua cadeira
– Ekos é um planeta que passou por muitas coisas ao longo de sua história, como
guerras civis e coisas assim. Parecia que estava no caminho certo, até
acontecer esse atentado.
- Ainda não
temos muitas informações a respeito. Elas são muito superficiais – diz o
tenente Andros, chefe de segurança da nave – Mas certamente esse ataque não
aconteceu à toa. Deve haver algo muito suspeito acontecendo em Ekos.
- Tem ideia
do que possa ser, sr. Andros? – pergunta Dan.
- Não,
capitão – responde o romulano – Esta é apenas uma suposição.
- Entendo –
diz Nardelli – Com certeza só vamos descobrir quando chegarmos ao planeta...
É quando o
alferes Cortez, piloto da nave, entra na conversa. E anuncia:
- Estamos
nos aproximando do planeta Ekos, capitão. Distância de 85 mil quilômetros.
- Muito bem
– responde Dan – Reverta para impulso e estabeleça órbita padrão, sr. Cortez.
- Sim,
senhor – responde o alferes – Revertendo para impulso.
A Frontier sai de dobra e começa a se
aproximar do planeta, em velocidade bem menor. Até que estabelece uma distância
segura da atmosfera.
- Órbita
padrão, senhor – diz Cortez.
- Gracias, alferes – Dan tenta quebrar um
pouco o gelo e demonstrar descontração, mesmo sob um clima tão tenso.
O capitão se
levanta de sua cadeira e volta sua atenção para seu oficial de comunicações,
tenente Stanic:
- Sr.
Stanic, abra um canal para a chancelaria do planeta.
O croata
imediatamente acata a ordem do capitão. Digita rapidamente em seu display e
informa a Dan:
- Canal
aberto, senhor.
Dan inicia
um contato com o comando do planeta Ekos, com o intuito de informar sobre sua
chegada:
- Aqui é o
capitão Daniele Nardelli da USS Frontier.
Tem alguém na escuta?
Não demora
muito, e uma voz masculina responde do outro lado da linha, assustada e
apreensiva, mas ao mesmo tempo, aliviada em ouvir o capitão.
- Capitão
Nardelli, aqui fala o porta-voz Isaac. Foi bom vocês terem chegado, nosso
chanceler não está nada bem! Perdeu muito sangue e está inconsciente, o estado
dele é crítico!
- Nos
transmita imediatamente suas coordenadas – solicita Dan – Vou descer com minha
tripulação e levarei um médico. Faremos o possível pra ajudar.
- Eu
agradeço, capitão – responde Isaac – Vou providenciar isso.
- OK, estou
no aguardo. Desligo – o capitão encerra a comunicação.
Em seguida,
Dan contata o doutor Lester na enfermaria:
- Nardelli
para enfermaria.
- Aqui é
Lester, capitão – o doutor atende prontamente.
- Doutor,
apresente-se imediatamente à sala de transporte. Você vai tratar de um paciente
importante, leve seu kit médico!
- OK. Estou
a caminho – responde Lester, encerrando a comunicação.
- Tenente
Andros, srta. Hong, me acompanhem – ordena o capitão, encaminhando-se para a
porta do turbo-elevador.
Os dois
prontamente obedecem à ordem do capitão, e seguem logo atrás dele.
Na sala de
transporte, Dan, Hong e Andros encontram o doutor Lester e o tenente-comandante
Okonwa, chefe de engenharia da nave, que está no dispositivo de acionamento.
O médico inglês também tomou conhecimento dos acontecimentos de Ekos, através de Oko – ele dirige-se ao capitão, com um misto de elegância e de espanto:
O médico inglês também tomou conhecimento dos acontecimentos de Ekos, através de Oko – ele dirige-se ao capitão, com um misto de elegância e de espanto:
- Isso é
sério, capitão? Um atentado contra um chefe de estado?
- Ao menos é
o que parece, Jon – responde Dan – Não há tempo a perder, temos uma vida em jogo.
Precisamos descer o quanto antes.
Jon faz um
sinal de afirmativo com a cabeça. Todos sobem à plataforma de transporte. O
capitão dirige a palavra a Okonwa:
- Sr.
Okonwa, assuma o comando. Mantenha um canal aberto.
- Pode
deixar, capitão – responde o africano.
A sala fica
silenciosa por alguns segundos. Até que Dan transmite a ordem:
- Acionar!
Okonwa
aciona o teletransporte, e os quatro se desmaterializam na plataforma.
***
Nardelli e
os outros são materializados dentro do que parece ser um corredor de hospital.
Ali, o grupo encontra um homem bem vestido, com um terno marrom escuro, camisa preta e gravata bege, cabelos castanhos e bem penteados, aparentando uns trinta e poucos anos de idade – é o porta-voz Isaac, com quem o capitão havia falado anteriormente.
Aparentemente aflito e abatido, ele se dirige ao grupo:
Ali, o grupo encontra um homem bem vestido, com um terno marrom escuro, camisa preta e gravata bege, cabelos castanhos e bem penteados, aparentando uns trinta e poucos anos de idade – é o porta-voz Isaac, com quem o capitão havia falado anteriormente.
Aparentemente aflito e abatido, ele se dirige ao grupo:
- Graças aos
deuses vocês chegaram, capitão Nardelli. O estado do chanceler piorou.
- Você é
Isaac, o porta-voz do chanceler? – pergunta Dan.
- Sou eu
mesmo – responde Isaac.
Rapidamente,
Dan apresenta seus oficiais ao porta-voz.
- Minha
primeira-oficial, comandante Hong; meu chefe de segurança, tenente Andros; e
meu oficial médico-chefe, doutor Lester.
- Senhor
Isaac – Lester toma a palavra pra si – Será que eu posso dar uma olhada no
chanceler?
- Sim, por
favor, doutor – diz Isaac – Me acompanhem, vou leva-los aos aposentos dele.
O grupo
caminha por alguns poucos metros dentro do corredor, até chegarem a uma porta.
- É aqui –
indica o porta-voz.
- Pois bem –
Nardelli então transmite ordens ao doutor Lester – Doutor, agora é com você.
Faça um exame completo e veja o que pode ser feito. Tome as providências que
julgar necessárias. Mantenha-me informado.
- Pode
deixar, capitão – responde o médico – Eu cuidarei bem dele.
Lester abre
a porta e adentra o quarto do chanceler, enquanto os outros permanecem do lado
de fora.
Em seguida, Dan resolve se dirigir a Isaac:
Em seguida, Dan resolve se dirigir a Isaac:
- Podemos
conversar enquanto isso, sr. Isaac?
- Bem, claro
– responde o porta-voz, meio apreensivo.
Todos se
sentam em um banco em meio ao corredor, não muito longe do quarto do chanceler.
Dan começa a questionar Isaac sobre o ocorrido:
- Me diga,
sr. Isaac... como foi que tudo aconteceu?
- O
chanceler fazia seu discurso ao povo ekosiano em homenagem ao Dia da Libertação,
como costuma fazer todos os anos – explica Isaac – eis que do nada apareceu um
homem enfurecido em meio à multidão e atirou contra o chanceler.
- Entendo –
diz Dan – E como era esse homem?
- Não me
lembro muito bem dos detalhes... – reluta Isaac – Só me lembro que ele gritava
palavras de ódio logo depois que atirou no chanceler...
O porta-voz
suspirou por um instante. E continuou seu relato, com a voz embargada.
- Os
seguranças e alguns populares presentes tentaram contê-lo... ele tinha uma
bomba presa ao próprio corpo. Assim que foi afastado de onde o chanceler
estava, ele a explodiu. Umas seis ou sete pessoas morreram com ele na explosão.
- Um
atentado suicida?! – diz Dan, boquiaberto.
- Meu Deus,
que horror! – Seul-gi arregala os olhos.
Os detalhes
do atentado deixaram o capitão e os outros tripulantes da Frontier horrorizados. Mas ao contrário do que parecia, o ataque ao
chanceler era apenas a ponta do iceberg – Isaac tinha mais revelações a fazer.
-
Realmente... mas infelizmente, este não é um fato isolado.
- O que quer
dizer com isso? – espanta-se Dan.
- Há pouco
menos de um ano, uma onda de violência tem se espalhado ao redor do planeta
Ekos – revela Isaac – outros ataques em menor escala aconteceram nesse meio
tempo. Todos eles têm características muito semelhantes entre si: em
praticamente todos, os alvos eram relacionados à comunidade Zeon.
- Atacaram
alvos Zeon?! – questiona Hong – Mas com que finalidade?
- É difícil
de explicar... – responde o porta-voz – Mas em suma, todos esses crimes são
motivados por ódio. Pura e simplesmente.
- Se bem me
lembro, Zeon é um planeta vizinho a Ekos, e tem uma tecnologia ligeiramente
superior à dos ekosianos – diz Nardelli – Mas eu não entendo... por que todo
esse ódio dos ekosianos em relação aos Zeons?
- É uma
história longa e complicada de explicar, capitão... – responde Isaac,
reticente.
Eis que a
conversa é interrompida pelo apito do comunicador de Dan. É um chamado do
doutor Lester.
Prontamente, o capitão tira o comunicador do bolso e o atende:
Prontamente, o capitão tira o comunicador do bolso e o atende:
- Lester
para capitão!
- Aqui é
Nardelli. Prossiga, doutor.
- O
chanceler já está fora de perigo. Tive que tratar os ferimentos e conter uma
hemorragia interna. Mas já o estabilizei. Ele só precisa de repouso.
- Bom
trabalho, Jon. Estamos voltando – Nardelli, então, encerra a comunicação –
Desligo.
Os quatro –
Nardelli, Hong, Andros e o porta-voz Isaac – se levantam do banco e se
encaminham para o quarto do chanceler.
Logo ao
chegarem, o romulano nota uma movimentação suspeita – um enfermeiro estranho,
com o rosto coberto por uma máscara cirúrgica e uma bandeja nas mãos, se
aproxima e entra no quarto.
Silenciosamente, Andros chama a atenção do capitão e o alerta apontando o olhar para a tal figura, e Dan apenas assente com a cabeça.
Silenciosamente, Andros chama a atenção do capitão e o alerta apontando o olhar para a tal figura, e Dan apenas assente com a cabeça.
Lester está
guardando os utensílios de seu kit, quando se depara com o estranho entrando no
quarto. Sem saber, ele informa sobre o estado do chanceler:
- Ele já
está estável. Só precisa descansar.
- Esta
medicação é urgente – responde o suposto enfermeiro, em um tom de voz
extremamente ríspido e seco, e já com a seringa na mão – Precisa ser aplicada
imediatamente!
- Perdão?! –
Lester franze a testa e estranha a atitude do homem – Mas eu acabei de
trata-lo, e como eu disse, ele já está estável!
O britânico
encara o mascarado e resolve colocá-lo contra a parede, falando em um tom de
voz incisivo:
- Qual a
aplicação desse remédio? Quem o prescreveu?
O clima fica
tenso. É quando Nardelli e os outros entram no quarto. De imediato, o capitão
questiona, com um semblante desconfiado:
- Algum
problema, doutor?
- Capitão, o
chanceler está estável, como lhe informei – explica Lester – Mas agora esse
enfermeiro entrou aqui dizendo que ele precisa de uma medicação urgente! Eu não
estou entendendo!
- Espere um
pouco... – Isaac se volta para o tal enfermeiro – eu não te conheço, nunca te
vi por aqui antes! Há quanto tempo trabalha neste hospital?
A tensão
aumenta no quarto do chanceler. Todos lançam olhares afiados para o enfermeiro,
que se vê encurralado. Ele não responde à pergunta do porta-voz.
- Ele fez
uma pergunta, enfermeiro – diz Dan, com a voz firme.
O estranho
insiste em permanecer em silêncio. Dan o encara, e lhe dirige a palavra como
quem está a ponto de perder a paciência:
- Qual é o
problema? Um gato comeu a sua língua? Diga alguma coisa!
O tal
enfermeiro parece se ver sem saída. E resolve tomar uma atitude nada digna de
um profissional de medicina.
- Maldição!
– resmunga o mascarado, enquanto tira alguma coisa da cintura, debaixo do seu
avental. Para a surpresa de todos, é uma arma de fogo!
Ele atira
para cima, e todos se viram para o lado instintivamente; depois disso, sai
correndo do quarto, quase atropelando Nardelli e Andros.
O capitão,
então, transmite ordens para Hong e para o doutor:
- Seul-gi,
Jon, cuidem do chanceler e do porta-voz!
Os dois
assentem com a cabeça, perplexos. Em seguida, Dan se dirige a Andros, já com
sua pistola phaser em punho:
- Atrás
dele, tenente! Ponha o phaser em
tonteio!
- Sim,
senhor!
Dan e Andros
saem correndo do quarto do chanceler, e vão em perseguição ao falso enfermeiro.
Hong, Lester e o porta-voz Isaac permanecem no quarto, próximos à cama do
chanceler sedado, que não repara na movimentação.
O falso
enfermeiro sai em disparada do hospital, com Nardelli e Andros logo atrás. Eles
tomam a calçada de uma avenida movimentada – o farsante atira contra os dois
perseguidores, deixando os transeuntes em pânico. Ele erra os tiros.
Dan e Andros
revidam disparando seus phasers, e um
dos tiros do romulano acerta o falso enfermeiro em cheio, fazendo-o tombar no
chão, atordoado.
Os dois logo
tratam de recolhê-lo pelos braços, sob os olhares curiosos e atônitos daqueles
que passam pelo local.
***
“Diário do Capitão – suplemento:
As coisas estão cada vez mais obscuras em Ekos – enquanto o chanceler se recuperava do atentado, um homem disfarçado de enfermeiro se infiltrou no hospital e tentou envenená-lo; para nossa sorte, o doutor Lester já havia feito seu trabalho.Capturamos o suspeito e o levamos à central de inteligência local para interrogatório.”
Cerca de
meia hora depois do incidente, Dan e os outros estão no prédio da central de
inteligência do planeta Ekos, órgão ligado ao departamento de defesa local,
juntamente com o porta-voz Isaac.
Em um dos escritórios do prédio, Hong, com seu tricorder em mãos, relata ao capitão a análise que fez da substância química contida na seringa do falso enfermeiro:
Em um dos escritórios do prédio, Hong, com seu tricorder em mãos, relata ao capitão a análise que fez da substância química contida na seringa do falso enfermeiro:
- De fato,
não era remédio coisa nenhuma, capitão. A seringa continha um veneno composto
de toxinas extremamente potentes. O suficiente para matar um animal de grande
porte.
- Isso tudo
está muito confuso, Dan! – exclama Lester – Só que uma coisa é certa: tem
alguém neste planeta que está desesperado pra matar o chanceler! Mas quem?!
- É o que
estamos tentando descobrir, Jon – responde Dan, ao mesmo tempo em que se
levanta de uma poltrona e se dirige à porta do escritório.
Poucos
metros ao lado, há uma sala de interrogatório, onde se encontram o tenente
Andros e dois homens fardados em preto. Eles tentam obter informações do falso
enfermeiro, que se encontra algemado em uma cadeira, e já sem a máscara.
Ele não esconde um sorriso irônico em seu rosto, enquanto olha para o romulano e para os guardas que o rodeiam. É quando Dan e o doutor Lester adentram o recinto.
Ele não esconde um sorriso irônico em seu rosto, enquanto olha para o romulano e para os guardas que o rodeiam. É quando Dan e o doutor Lester adentram o recinto.
- Conseguiu
alguma coisa, tenente? – pergunta o capitão.
- Nada,
senhor – responde Andros, com um tom de desânimo e irritação na voz – Ele só
insiste em falar coisas que não têm o menor sentido!
Dan olha
para o estranho, que retribui com um sorrisinho cínico. Irritado, o capitão da Frontier apanha o sujeito pela gola da
camisa e o encara com um olhar de fúria.
- Olha aqui,
seu cretino de uma figa... – diz Dan, rangendo os dentes – Por sua causa, e de
não sei mais de quem ou do quê, pessoas inocentes morreram, e um homem está com
a vida em perigo! E você vai me dizer tudo, não importa de que jeito: o quê ou
quem está por trás dessa porcaria toda? PRA QUEM VOCÊ TRABALHA?
Apesar da
intimidação do capitão, o sujeito insiste em não responder. Apenas sorri e
começa a esboçar uma risada, bem baixinho.
A irritação
de Nardelli aumenta.
- Pra
quem... você... trabalha? – Dan repete a pergunta de forma pausada, mas ainda
rangendo os dentes e com um tom ameaçador na voz – Trate de falar de uma vez ou
vou fazer você engolir todos os seus dentes!
O homem
insiste em não dizer absolutamente nada. E começa a rir, para o espanto de
todos – à exceção de Dan, que perde de vez a paciência e acerta um cruzado de
direita na cara do sujeito.
-
Maldição... QUAL É A GRAÇA?!? – grita Dan, exaltado.
- Pega leve,
Dan! – Lester segura o capitão pelo ombro – ou a Frota vai acabar tirando a sua
patente!
Mesmo depois
do soco, o estranho continua rindo. E começa a rir alto e de forma mais intensa
e escandalosa, como quem está tendo um ataque ou acabou de ouvir a piada mais
engraçada de todas.
Todos na sala observam, atônitos, a reação do sujeito.
Todos na sala observam, atônitos, a reação do sujeito.
- Fala
sério... – exclama Lester, com os olhos arregalados – Esse cara não regula bem,
não!
É quando o
sujeito, enfim, começa a falar alguma coisa. Mas está absolutamente longe do
que os interrogadores querem ouvir.
- Os seus
esforços são patéticos, seus capachos imundos de porcos Zeon! – diz o estranho,
em meio a suas risadas – Não importa o que vocês façam, nada neste planeta irá
nos deter!
- Do que
está falando? – pergunta Andros, exaltado e quase gritando – Afinal, quem são
vocês? O que vocês pretendem?
- Muito em
breve vocês irão saber – responde o sujeito, sorrindo de forma asquerosa – Esse
planeta se tornou complacente demais com o lixo Zeon...
De repente,
todos percebem uma movimentação estranha por parte do prisioneiro: ele parece
tirar algo de trás de sua língua e morder até partir.
Imediatamente, ele começa a se debater, mesmo algemado na cadeira. E ainda dispara mais algumas palavras ferinas:
Imediatamente, ele começa a se debater, mesmo algemado na cadeira. E ainda dispara mais algumas palavras ferinas:
- Chega! Já
é hora de acabar com essa palhaçada! – o estranho começa a agonizar, sob o
olhar surpreso de Dan e dos outros – Nós somos muitos... e iremos restaurar a
glória de Ekos...
A boca do
homem começa a espumar de forma intensa. Seu olhar começa a ficar fixo e sua
expressão facial fica rígida. É quando ele diz, mesmo com a boca quase sufocada
e cheia de espuma, suas últimas e enigmáticas palavras:
- Heil... Hynkel...
Em seguida,
o sujeito expira e sua cabeça pende para a frente de forma brusca. Os olhos
estão arregalados, fixos, e a boca cheia de espuma. Não há respiração.
O doutor Lester se aproxima e encosta os dedos em sua jugular, para ver se há pulsação. E dá a surpreendente palavra final:
O doutor Lester se aproxima e encosta os dedos em sua jugular, para ver se há pulsação. E dá a surpreendente palavra final:
- Ele está
morto, Dan.
Todos na
sala ficam paralisados ao ouvirem as palavras do doutor.
***
De volta ao
escritório no prédio da inteligência, Dan e os outros começam a deliberar a
respeito do ocorrido na sala de interrogatório.
-
Inacreditável... – resmunga o doutor Lester – Outro maluco suicida! Mas afinal,
o que diabos está acontecendo neste planeta?!
- O mais
curioso é que este é o segundo ataque que visa o chanceler – coloca Nardelli –
Ao que parece, tem alguém tentando um golpe de estado ou coisa assim.
- Isaac
disse que os ataques anteriores foram todos contra alvos Zeons – menciona Hong
– Mas esse é um detalhe que eu não consigo entender... digo, o que os Zeons e o
chanceler têm a ver um com o outro?
- O ódio
contra os Zeons também ficou claro nas palavras do indivíduo que acabou de se
matar – diz o tenente Andros – Com certeza, quem está por trás dos ataques não
quer só o poder... também quer erradicar os Zeons de alguma forma.
- O que quer
dizer, sr. Andros? – pergunta Dan.
- Esta onda
de violência em Ekos não se trata apenas de uma simples disputa de poder,
capitão – responde o romulano – Também se trata de... pura intolerância...
- Ele também
disse umas coisas muito esquisitas antes de morrer – acrescenta Jon – se bem me
lembro, acho que era... “Heil Hynkel”
ou algo assim... o que será que isso quer dizer?
- Não faço a
menor ideia... – responde Dan, confuso.
***
Em um canto
distante fora da cidade, ocorria uma reunião secreta. Em um galpão abandonado,
centenas de pessoas se reuniam naquilo que parecia ser uma espécie de culto
obscuro. Um pequeno palco estava montado no interior do galpão, com um púlpito
em cima. Ao fundo, duas grandes faixas vermelhas na vertical ostentavam a
suástica, e no meio delas, uma enorme fênix dourada também carregava o
malfadado símbolo – o ar do local transmitia a sensação de que se havia voltado
no tempo, mais precisamente aos dias sombrios em que a Alemanha era comandada
por Adolf Hitler.
No púlpito, estava um homem que aparentava uns vinte e oito anos de idade, trajando quepe e farda bege, algumas medalhas nos cantos do peito e uma braçadeira vermelha no braço esquerdo, também com a suástica nazista – ao que tudo indica, ele é o líder do grupo.
No púlpito, estava um homem que aparentava uns vinte e oito anos de idade, trajando quepe e farda bege, algumas medalhas nos cantos do peito e uma braçadeira vermelha no braço esquerdo, também com a suástica nazista – ao que tudo indica, ele é o líder do grupo.
- Irmãos e
irmãs ekosianos – diz o homem, olhando para o público à sua frente – Ao longo
da última década, o caos se instalou em nosso planeta. A desordem se instalou
em meio ao nosso povo. E tudo isso... graças a este governo corrupto! A este
chanceler apático conivente com os porcos Zeons!
O que se viu
em seguida foi um sem-número de palavras de ódio contra o povo Zeon, gritadas
por todos que estavam ali: “Fora Zeons!”, gritou um; “Porcos Zeon imundos!”,
gritou um outro; “Vamos matar todos eles!”, gritou outro... e por aí foi.
Em meio a todo o vozerio, um outro homem, com uma farda preta e também com a braçadeira da suástica, subiu no palco e cochichou alguma coisa no ouvido do líder.
Em meio a todo o vozerio, um outro homem, com uma farda preta e também com a braçadeira da suástica, subiu no palco e cochichou alguma coisa no ouvido do líder.
Ligeiramente
consternado, o líder retoma seu discurso:
- Irmãos e
irmãs... acabei de ser informado que mais um dos nossos se sacrificou pela
nossa causa. Sacrificou sua vida pelo seu povo, pelo seu planeta! Deu seu
sangue pela pátria!
Façamos um
minuto de silêncio...
O líder tira
seu quepe e o empurra contra seu peito, abaixando a cabeça com os olhos
fechados, como se fizesse uma prece. Todos os outros presentes também abaixam
suas cabeças e fecham os olhos.
Exatamente
um minuto depois, todos levantam os olhares de volta ao púlpito. O líder
recoloca o quepe e volta a discursar:
- Ah, meus
irmãos e irmãs... Eu me pergunto até quando. Até quando teremos que nos sacrificar?
Até quando teremos que derramar nosso puro e límpido sangue, simplesmente para
varrermos o lixo Zeon de nosso planeta?
Hynkel, filho de Melakon |
- Eu só
espero... – retoma o líder - ...que seja logo. Que acabemos com isto o mais
breve possível. E acredito... que logo chegará este dia!
Em meio à
plateia, os olhares se enchem de brilho. Todos parecem botar sua fé e sua
esperança na figura que lhes discursa no púlpito. E ele revela sua identidade,
em meio ao discurso acalorado:
- Sim, meus
irmãos e irmãs... logo chegará o dia em que eu... Hynkel, filho de Melakon,
esmagarei este governo fétido e podre, e me tornarei o novo Führer! Para guiar este planeta de volta
ao caminho da verdade! Para guiar o povo a uma nova era de ordem e de
liberdade! Para Ekos se tornar grandioso novamente, tal qual nos velhos tempos!
Hynkel
finaliza o discurso erguendo os punhos cerrados, com uma enfurecida e tenebrosa
convocação:
- Unam-se a
mim, ekosianos! Vamos derrubar este governo moralmente falido... e construir um
novo Reich sobre as suas ruínas!
Vamos juntos... RESTAURAR A GLÓRIA DE EKOS!!!
O homem de
preto que cochichou para Hynkel, em seguida, se levanta com a palma da mão em
riste fazendo a saudação nazista, e grita para a plateia:
- Heil Hynkel!
- HEIL HYNKEL!!! – grita o público, em
coro, repetindo o gesto da saudação nazista.
***
Dan e os
outros ainda estão muito confusos dentro do escritório da inteligência
ekosiana. Nada parece se encaixar: os ataques ao chanceler, agentes suicidas,
uma saudação estranha, ódio contra os Zeons... nem mesmo a comandante Hong, que
possui uma capacidade intelectual grande – não por acaso, acumula a função de
oficial de ciências da Frontier –
consegue estabelecer uma ligação entre os elementos. Nada parece fazer sentido.
No entanto,
as deliberações dos tripulantes da Frontier
são interrompidas pela entrada no escritório de uma personalidade nova: um
homem elegante e gordo, vestindo um terno preto caprichosamente cortado,
acompanhado de um outro rapaz franzino, igualmente bem vestido.
Assim que
entrou na sala, o homem perguntou ao grupo:
- Com
licença. Quem entre os senhores é o capitão Nardelli?
- Sou eu –
responde Dan, de imediato – E o senhor, quem é?
- Meu nome é
Zakar. Sou ministro da defesa do governo de Ekos – respondeu o gordo – Este é
meu primeiro secretário, Aron. Viemos a mando do porta-voz Isaac.
- Compreendo
– diz Dan – Infelizmente o homem que capturamos se suicidou mordendo uma
cápsula de veneno. Não conseguimos obter nenhuma informação dele.
-
Lamentavelmente isto não é novidade alguma, capitão – explica Zakar – Todos
aqueles que se envolveram em atos de violência semelhantes e depois foram
presos por nós agiram exatamente da mesma forma. Parece que é um padrão de
comportamento deles.
- Todos
eles?! – espanta-se Hong.
- Mas que
bando de fanáticos! – exclama Lester, ligeiramente irritado – Afinal de contas,
ministro, quem são esses caras?
- Queiram
todos me acompanhar, por favor – pede Zakar, com um tom de voz elegante – Vou
coloca-los à par das informações que a nossa inteligência conseguiu através de
investigações.
- Está bem –
responde o capitão.
- Senhor,
vou verificar se há informações atualizadas sobre as investigações – interpela
Aron – Peço permissão para me retirar.
- Permissão
concedida – respondeu o ministro – Me mantenha informado se conseguir algo.
Aron, então,
se retira do escritório, enquanto Dan e os outros acompanham Zakar.
Minutos
depois, todos se encontram em um outro escritório, no último andar do prédio –
é o escritório do ministro.
Com todos devidamente acomodados, Zakar explica a Nardelli o que as investigações da inteligência descobriram. E complementa algumas informações:
Com todos devidamente acomodados, Zakar explica a Nardelli o que as investigações da inteligência descobriram. E complementa algumas informações:
- Isaac deve
ter explicado algo sobre a onda de violência contra a comunidade Zeon. Antes do
primeiro atentado contra o chanceler, outros ataques aconteceram em diferentes
cantos do planeta.
- De fato.
Ele mencionou sobre esses ataques – afirma Dan.
- O pior
deles foi há cerca de dois meses atrás, quando o alvo foi um mercado Zeon a
noroeste daqui. Dois indivíduos entraram armados com metralhadoras e atiraram
em quem viram pela frente. Ao todo, 12 pessoas foram mortas e outras 15 ficaram
feridas. Um dos atiradores tinha bombas presas ao corpo, e se explodiu antes de
ser capturado. O outro foi preso, mas horas depois também mordeu uma cápsula
com veneno e acabou se matando.
- Que
absurdo... – comove-se Seul-gi – Pra quê tanta crueldade?!
- Me diga,
ministro... – Dan resolve questionar Zakar - Mesmo com esses... terroristas ou
o que quer que sejam dificultando as coisas, como eu mesmo pude observar... o
que foi que vocês conseguiram descobrir? Pelo que o Comando da Frota Estelar me informou,
as autoridades daqui acham que há razões políticas por trás desses ataques.
- É exatamente
isso, capitão – corrobora o ministro – Dadas todas as circunstâncias e também o
padrão seguido por esses ataques, concluímos que todos eles foram realizados
por simpatizantes do antigo regime vigente em Ekos.
- Antigo
regime?! – questiona Andros, totalmente confuso.
- Exato –
neste momento, Zakar abre sua escrivaninha e tira de dentro dela um envelope
pardo – Estas fotos foram tiradas por nossos peritos em cada uma das cenas dos
atentados. Verão que em todos os casos, há muitos elementos comuns.
O ministro
retira as fotos de dentro do envelope e as passa para as mãos de Nardelli, que
as observa e analisa uma a uma.
Em algumas delas, é possível ver a suástica nazista pichada em paredes próximas aos locais dos ataques – Dan fica atônito ao observar este detalhe. É quando Zakar aponta o símbolo em uma delas e explica:
Em algumas delas, é possível ver a suástica nazista pichada em paredes próximas aos locais dos ataques – Dan fica atônito ao observar este detalhe. É quando Zakar aponta o símbolo em uma delas e explica:
- Este
símbolo é um desses elementos. Ele é visto em todos os locais atacados logo
depois das ações. É o símbolo do antigo regime.
- Tá de
brincadeira... – exclama Dan, com os olhos arregalados e um frio na espinha.
Lester e
Andros observam com atenção a reação de Dan, que por sua vez, passa uma das
fotos para as mãos de Seul-gi.
- Não é o
que eu estou pensando, é, srta. Hong?
- Se estiver
pensando o mesmo que eu, capitão... – Hong, olhando para a foto, faz uma pausa
e em seguida volta o olhar para Dan – Infelizmente a resposta é sim.
- Pode
explicar melhor, comandante? – pergunta Andros.
Seul-gi
assentiu com a cabeça. E começou a explicar. A revelação é aterradora.
- Este
símbolo é da Terra. Pertenceu a um regime totalitário que existiu na Europa há
mais de três séculos atrás... e foi responsável pelo início de um dos maiores
conflitos globais da história terrestre.
- Do que
você está falando, Hong? – questiona Lester, franzindo a testa.
Todos olham
para a comandante. E ela conclui o raciocínio, sem pestanejar:
- Falando
mais precisamente... este símbolo pertence à Alemanha nazista.
Ninguém
parece acreditar na revelação de Hong – à exceção do ministro Zakar, que já tem
uma certa ciência dos fatos, e do capitão Nardelli, que mesmo surpreso, já
desconfiava.
Um dos mais incrédulos é Jonas Lester, que exclama com um misto de destempero e de elegância inglesa:
Um dos mais incrédulos é Jonas Lester, que exclama com um misto de destempero e de elegância inglesa:
- Espere um
minuto... está dizendo que os responsáveis por esses ataques são NAZISTAS?!
Impossível! Como um símbolo e uma ideologia extintos há mais de trezentos anos
vieram parar em um planeta a anos-luz da Terra?! Isso é uma completa sandice!
- Sei que
isso parece loucura, mas as fotos falam por si, Jon – fala o capitão – Mas o seu
questionamento é pertinente.
Dan, então,
volta sua atenção para Zakar:
- Há alguma
explicação para isto, ministro?
- Bem... é
uma longa e complicada história...
Enquanto
Zakar tentava explicar a razão a respeito do símbolo nazista, a conversa é interrompida
pelo toque de seu telefone celular. Ele o atende prontamente.
- Sim? Aqui
é Zakar.
Dan e os
outros observam o ministro com atenção. A ligação não dura mais do que alguns
segundos.
- Certo.
Entendi, já estamos a caminho.
Zakar
desliga o celular e o guarda no bolso de seu paletó. E rapidamente informa o
teor da ligação a Dan:
- Era Isaac.
O chanceler recobrou a consciência. Temos que ir ao hospital imediatamente.
- Certo –
Nardelli se volta para Andros – Tenente, peça à Frontier o envio de reforço de oficiais de segurança. Temos que
proteger o chanceler a todo custo.
- Sim,
capitão – responde o romulano.
***
No galpão
abandonado que serve como base para os neonazistas, seu líder, Hynkel, recebe a
visita de um personagem inesperado: é Aron, o primeiro secretário do ministro
da defesa.
Na realidade, ele é um agente infiltrado – ao se colocar diante de Hynkel, faz o gesto nazista e transmite as informações a ele, com uma expressão de pavor no rosto.
Na realidade, ele é um agente infiltrado – ao se colocar diante de Hynkel, faz o gesto nazista e transmite as informações a ele, com uma expressão de pavor no rosto.
- Mein Führer! Temos problemas... parece
que a Frota Estelar entrou no caso da investida contra o chanceler!
- O que está
dizendo, Aron?! – reage Hynkel, com espanto – A Frota Estelar?
Apavorado,
Aron não diz nada. Apenas assente com a cabeça.
A reação de
Hynkel com a notícia é explosiva e violenta. Ele saca um revólver e dispara um
tiro contra uma das paredes, quase acertando um de seus comparsas.
E ele não se inibe em demonstrar sua fúria.
E ele não se inibe em demonstrar sua fúria.
- MALDITOS
SEJAM!!! – grita – Há mais de dez anos, eles foram os responsáveis pela
desgraça de meu pai!
Aron e todos
os outros presentes – uns dez homens, mais ou menos – apenas observam,
assustados e com o olhar fixo, a reação de Hynkel. Ele complementa seu discurso
furioso:
- Não... não
foi só isso... eles também foram responsáveis por afundar Ekos na lama! Foram
eles que destruíram tudo o que meu pai e o antigo Führer levaram décadas para construir!
E se não
fosse por eles... teríamos exterminado os porcos Zeon de uma vez por todas!
Vendo as
reações de Hynkel, Aron sente um frio na espinha. E a sensação piora quando os
olhos do enfurecido líder se voltam para ele.
- Mas me
diga, Aron... o que sabe sobre o estado do chanceler?
- Parece...
que ele recobrou a consciência, senhor – responde o infiltrado, relutante – os
médicos do Hospital Central tiveram a ajuda de um médico da Frota Estelar.
- Entendo...
Eles são mesmo uns intrometidos... – responde Hynkel, com a voz carregada de
ironia.
O insurgente
neonazista, então, resolve tomar uma atitude drástica. Volta-se para seus
homens e começa a transmitir ordens:
- Não há
tempo a perder. Reúnam nossos homens. Peguem suas armas. Temos que iniciar
nossa ofensiva o quanto antes possível.
Todos olham
com atenção para Hynkel. Ele continua:
- O
chanceler e todos os membros do alto escalão do governo devem ser mortos sem
piedade! Vamos restaurar a ordem e a glória lavando a honra deste planeta com o
sangue destes malditos traidores! E depois... – Hynkel enche o peito de ar,
ergue o punho e urra - construiremos o novo Reich
esmagando os imundos porcos Zeon!
- Heil Hynkel! – um fardado de preto
grita fazendo a saudação nazista.
- HEIL HYNKEL!!! – Aron e todos os outros
repetem o gesto.
***
No hospital
central, Dan e os outros acompanham o ministro Zakar até o quarto do chanceler.
Ao lado do leito onde o governante central de Ekos encontra-se deitado, o
porta-voz Isaac os aguarda, acompanhado de alguns guardas locais e de oficiais
de segurança da Frontier, e também de
uma mulher loura, elegantemente vestida com um tailleur preto.
Isaac trata de apresenta-la aos tripulantes da Frontier:
Isaac trata de apresenta-la aos tripulantes da Frontier:
- Esta é
Daras, senhores. Ela é nossa vice-chanceler.
- É uma
honra conhece-los – cumprimenta Daras, com um tom de voz gentil e cordial.
Nardelli e
os outros sorriem para a loura. E inclinam a cabeça para demonstrar
cordialidade.
- Você deve
ser o capitão da Frota Estelar do qual Isaac me falou – diz o chanceler,
olhando para Nardelli.
- Chanceler
– diz o capitão, assentindo com a cabeça de forma respeitosa.
- Devo
agradecer pela sua valiosa ajuda – fala o líder ekosiano – se não fosse por
você e por seus companheiros, eu certamente não estaria aqui.
- Agradeça
ao doutor Lester – diz Dan, apontando para Jon – Ele é um médico extremamente
competente.
- É uma
honra, senhor – Lester se manifesta – Fico feliz em ver que o senhor está bem.
- Certamente
estaria melhor se essa onda horrível de violência não estivesse acontecendo em
meu planeta... – lamenta o chanceler – Isso me entristece profundamente.
Todos reagem
com pesar às palavras do chanceler. Isaac, então, toma a palavra:
- O
chanceler Eneg é um líder com extrema popularidade aqui em Ekos... este já é
seu segundo mandato. Desde o fim do antigo regime, ele tem feito esforços para
pacificar o planeta e conduzir seu povo a uma vida em harmonia. E também é
responsável pela relação harmoniosa entre ekosianos e Zeons.
- O ministro
Zakar nos mostrou provas da relação entre os ataques recentes e o antigo regime
– diz Dan ao chanceler – O senhor sabe de mais alguma coisa?
- Sim... – o
chanceler resolve então contar mais detalhes – Há pouco mais de dez anos atrás,
estive infiltrado na cúpula do regime nazista de Ekos. Fui um dos homens que
ajudou a desmantelar o regime...
As palavras
que o chanceler Eneg diz a seguir pegam de surpresa o capitão Nardelli e os
outros tripulantes da Frontier:
- Mas este
esforço seria inútil... sem a preciosa ajuda da Federação e da Frota Estelar.
- A Frota
ajudou a derrubar o regime nazista? – questiona Hong, surpresa – Mas como
assim?
- Foi um de
seus capitães que chegou aqui e encontrou o caos vivido neste planeta –
responde o chanceler – Isaac se lembra bem dele... aliás, como era o nome dele
mesmo?
Isaac se põe
a pensar. E depois de alguns segundos, sua resposta deixa os tripulantes da Frontier perplexos.
- Era
James... – o porta-voz faz uma pausa – Kirk! James Kirk! Era capitão de uma
nave estelar... agora não me lembro o nome da nave...
- James
Kirk?!? – exclama Dan – Isso significa que a Enterprise esteve aqui!
- Enterprise! É isso mesmo! – afirma Isaac.
- Eles
vieram a este planeta atrás de um pesquisador que era do mundo de vocês –
complementa Daras – Ele foi o responsável pela implantação do regime nazista em
Ekos.
- Um
terráqueo?! – diz Nardelli, boquiaberto.
- Isso
explica muita coisa... – afirma o doutor Lester.
- De fato –
concorda Hong, que em seguida se volta para o capitão – Pelo jeito, temos a
resposta para a existência do nazismo neste planeta em mãos, capitão.
- É... mas
isso não é tudo... – responde Dan.
Nardelli,
então, decide transmitir novas ordens para Seul-gi:
- Srta.
Hong, volte à Frontier e verifique os
arquivos da Frota Estelar. Pesquise os registros da Enterprise... eles devem conter mais detalhes do que aconteceu por
aqui.
- Sim,
capitão.
Após receber
as ordens, Hong saca o comunicador.
- Hong para Frontier. Uma pra subir.
Após dizer
estas palavras, a coreana é envolvida por feixes de luz azul e desaparece do
quarto do chanceler.
***
Longe dali,
em um salão pomposo e com uma decoração impecável, homens e mulheres bem
trajados confraternizavam entre si.
Algumas horas antes, havia sido realizada uma câmara de comércio seguida de um jantar – estes eventos contaram com a presença de algumas autoridades ekosianas e também do planeta vizinho Zeon. Entre elas, estava o ministro das relações exteriores de Ekos.
Algumas horas antes, havia sido realizada uma câmara de comércio seguida de um jantar – estes eventos contaram com a presença de algumas autoridades ekosianas e também do planeta vizinho Zeon. Entre elas, estava o ministro das relações exteriores de Ekos.
Ele conversava
com outros dois homens algo sobre relações comerciais e boa convivência; todos
pareciam estar felizes e satisfeitos.
Eis que, de
súbito, dois homens trajados como garçons se aproximam do grupo onde o ministro
estava, com um olhar extremamente sério e fixado no ministro, que, gentil e
ingenuamente pergunta:
- Desejam
alguma coisa, senhores?
A dupla não
diz uma palavra. Até que um deles reage de forma abrupta e inesperada:
- HEIL HYNKEL!!! – Após gritar estas
palavras, o falso garçom saca uma arma e atira contra o peito do ministro, que
tomba em uma poltrona com o olhar espantado e fixo.
De imediato,
todos no salão entram em pânico. Os dois homens atiram para o alto e fogem sem
ser incomodados.
Em outro
ponto da cidade, a ministra do bem-estar social de Ekos acaba de fazer uma
palestra em um orfanato Zeon – em seu discurso, a importância da boa
convivência entre ekosianos e Zeons também foi ressaltada.
A ministra é
rodeada por crianças e por alguns monitores do local, que aproveitam o momento
para sacar seus celulares e tirar algumas selfies.
Todos se
mostram bastante alegres e sorridentes.
Enquanto
isso, do lado de fora do orfanato, uma van preta freia de forma brusca, e da
parte de trás, homens fortemente armados com metralhadoras, fuzis e uniformes
táticos saem e adentram o recinto.
O pânico
toma conta do local – eles chegam ao pátio onde a palestra havia ocorrido, e
encontram a ministra, as crianças e os monitores do orfanato. Todos se apavoram
de imediato.
- Quem são
vocês? – pergunta a ministra, gaguejando e suando frio.
- HEIL HYNKEL!!! – grita um dos membros do
grupo armado.
Sem piedade,
o grupo abre fogo contra a ministra, os monitores e as crianças. E ninguém
sobrevive para contar a história.
***
De volta ao
quarto do chanceler no hospital, o celular de Zakar toca. O ministro atende
prontamente:
- Sim, aqui
é Zakar.
Dan e todos
os outros observam o ministro com atenção. Ele parece receber notícias
terríveis.
- O que
disse?! – exclama o ministro – Está bem, ficaremos em alerta. Tome as
providências necessárias e vá atrás desses assassinos!
Zakar
desliga o celular e anda pelo quarto, consternado. O capitão Nardelli resolve
questioná-lo:
- O que foi
que houve, ministro?
- Mais
ataques, capitão – responde Zakar, com um tom de voz atravessado – Os alvos
desta vez pertenciam à cúpula do governo central.
- O que
disse?! – espanta-se Isaac.
- O ministro
das relações exteriores foi assassinado logo após o jantar da câmara de
comércio Ekos-Zeon – relata o ministro – A ministra do bem-estar social também
foi morta após dar uma palestra em um orfanato Zeon.
Todos voltam
seus olhares atônitos para o ministro. Ele continua o relato:
- Este
último ataque foi mais sangrento... alguns monitores e também crianças do
orfanato foram metralhados junto com a ministra.
- Começou...
– afirma Daras, chocada.
- Não
perdoaram nem as crianças... – exclama Lester, em um tom de voz baixo e quase
rangendo os dentes – Eles são uns demônios!
- Vocês
podem ser os próximos alvos – o capitão se volta para Zakar, Isaac e Daras –
devem permanecer aqui com o chanceler.
Em seguida,
Dan transmite ordens a Andros e aos oficiais de segurança da Frontier:
- Tenente,
você e os outros da segurança devem se espalhar pelo hospital. Mantenham um
canal aberto e se atentem a qualquer movimentação suspeita. Phasers em tonteio.
- Sim,
senhor! – Andros chama a atenção dos seus subordinados – Ouviram o capitão,
vamos!
Sob os
olhares do capitão, Andros e os outros oficiais de segurança deixam o quarto do
chanceler. Se dividem em dois grupos e seguem em direções opostas dentro do
hospital.
***
“Diário da Primeira-Oficial – Data Estelar: 7504.3
Por ordem do capitão, retornei à Frontier para pesquisar os arquivos da Frota Estelar – a chave para esclarecer a implantação do nazismo e todos os outros acontecimentos de Ekos pode estar nos registros da Enterprise.”
Hong está em
um dos laboratórios de pesquisa da Frontier.
Andando em volta de uma mesa, ela dita os parâmetros de verificação ao
computador da nave:
-
Computador, verificar nos arquivos da Frota Estelar os registros referentes à
missão da USS Enterprise.
Palavra-chave: Ekos.
-
Verificando arquivos... – uma voz feminina sai dos alto-falantes do
laboratório, enquanto milhares de imagens holográficas se cruzam na mesa, sob o
olhar atento de Seul-gi.
Após alguns
segundos, o computador localiza os registros e os disponibiliza.
- Registros
localizados – diz a voz do computador.
Seul-gi se
senta e começa a verificar os registros. E, após alguns minutos, se impressiona
com o que vê.
Em uma das
imagens dos registros da Enterprise,
ela vê uma transmissão de televisão onde um homem fardado discursa e faz o
gesto nazista, dizendo: “Morte aos Zeons! Vida longa ao Führer!”, e em seguida, a câmera se volta ao retrato de um homem idoso,
também fardado. É um homem da Terra.
- Mas isso
não é possível... – exclama, com os olhos arregalados diante do computador.
Dan e Lester
continuam no quarto do chanceler, juntamente com Isaac, Daras e alguns guardas
ekosianos.
O comunicador de Dan apita:
O comunicador de Dan apita:
- Frontier para capitão! – a voz de Hong
soa aflita do outro lado da linha.
- Aqui é
Nardelli. Prossiga, srta. Hong.
- Capitão,
eu acabei de ver os registros da Enterprise.
Você não vai acreditar no que eu descobri!
- Continue –
discretamente, Dan sai do quarto do chanceler.
Seul-gi
informa suas descobertas nos arquivos da Enterprise:
- O
responsável pela implantação do nazismo em Ekos chama-se John Gill. Era um
pesquisador da Federação que foi enviado ao planeta como observador cultural.
- Mas por
que ele fez isso? – questiona Dan, estarrecido – Claramente é uma violação da
Primeira Diretriz!
- De fato,
capitão – continua Hong – Quando Gill chegou ao planeta, encontrou um cenário
de completa desordem social. Ele acreditou que um regime nos moldes da Alemanha
nazista apaziguaria os ânimos e traria a ordem de volta. Foi quando Gill
assumiu completamente o poder em Ekos.
- Entendo...
– responde Dan – Mas porque o ódio contra os Zeons? E onde a Enterprise e James Kirk entram nessa
história?
- Um
ekosiano chamado Melakon resolveu usurpar o poder e usar Gill como marionete.
Foi ele quem jogou o povo de Ekos contra os Zeons. Ele quase comandou um ataque
em massa contra o planeta Zeon, mas acabou sendo impedido pelo então capitão
Kirk e a tripulação da USS Enterprise
há pouco mais de dez anos atrás. Isso juntamente a alguns que hoje fazem parte
do alto escalão do governo ekosiano, como o chanceler Eneg e o porta-voz Isaac.
- Certo... e
o que você sugere, Seul-gi?
- Acredito
que Melakon seja a peça-chave do quebra-cabeça. Quem quer que esteja
orquestrando esses ataques contra os Zeons e conspirando contra a vida do
chanceler deve ter alguma relação com ele.
- Bom
trabalho, srta. Hong – responde Dan – Falarei com Isaac e com o chanceler, eles
devem saber mais sobre esse tal Melakon. Assuma o comando da nave e mantenha um
canal aberto.
- Sim,
capitão – responde Hong.
- Desligo –
o capitão encerra a comunicação.
Dan volta
para o quarto do chanceler, e é abordado por Jon Lester.
- E então,
Dan... o que a Hong descobriu nos registros da Enterprise?
- Parece que
estamos chegando perto, doutor – responde o capitão.
É quando Dan
se volta para o chanceler e os outros membros do alto escalão ekosiano. E os
questiona.
-
Chanceler... senhores... o que sabem a respeito de Melakon?
Um silêncio
momentâneo se faz dentro do quarto. Mas o chanceler Eneg resolve explicar.
- Melakon
era um dos homens fortes do antigo regime. Era o braço direito do Führer.
- Ele
ocupava uma posição de destaque dentro da cúpula do regime – complementa Daras –
Mas não foi o bastante pra ele. Sua ambição desmedida quase levou Ekos à ruína.
- Mas
afinal... o que foi que houve com ele? – pergunta Lester.
- Ele foi
morto durante a queda do regime – responde Isaac – Me lembro como se fosse
ontem...
- Pobre
homem... – lamenta Eneg – Cego e corrompido pela ambição, e com a vida
desperdiçada. Se me lembro bem, ele tinha um filho... imagino como ele deve ter
se sentido vendo o pai morrer dessa maneira...
Estas
palavras do chanceler acenderam um sinal de alerta nas mentes de Dan e do
doutor, que passam a lançar olhares apreensivos para o líder enfermo.
Por sua vez,
Eneg faz um esforço para refrescar a memória.
- Como era
mesmo o nome dele...? Estou tentando me lembrar...
- Hynkel! –
exclamou Daras – O nome dele era Hynkel, senhor!
Dan e o
doutor ficam de cabelo em pé ao ouvirem as palavras de Daras. E começaram a
associar os fatos.
- Hynkel?! –
exclamou o capitão, surpreso – Você disse Hynkel?!
- Hynkel... –
o doutor começa a refletir – “Heil...
HYNKEL!!!” MAS É CLARO!!! Foi isso que o falso enfermeiro disse antes de se
envenenar!
- É Hynkel
quem está por trás de todo o caos em Ekos... – conclui Nardelli – Agora tudo
faz sentido!
- Com
certeza ele quer vingar a morte do pai – afirma o doutor – Ele deve ter muito
rancor do chanceler e dos outros membros do alto escalão.
- É mais do
que isso, Jon – responde Dan – Ele não quer SÓ matar o chanceler e os outros...
ele quer tomar o poder e continuar aquilo que o pai começou uma década atrás.
- Isso
também explica a intolerância contra os Zeons – conclui Lester.
-
Precisamente – responde o capitão.
***
Em um dos
corredores do hospital, dois oficiais de segurança da Frontier fazem o patrulhamento, seguindo as ordens do capitão.
Um deles vê dois vultos entrando rapidamente em um corredor, aparentemente em direção ao quarto do chanceler. De imediato, ele e o companheiro correm atrás para verificar.
Um deles vê dois vultos entrando rapidamente em um corredor, aparentemente em direção ao quarto do chanceler. De imediato, ele e o companheiro correm atrás para verificar.
Ao entrarem
no corredor, veem duas figuras vestidas de preto, fortemente armadas e com os
rostos cobertos. De imediato, os dois oficiais sacam os phasers e apontam para eles:
- Parados!
Para a
infelicidade dos dois red shirts, a
reação dos mascarados é instantânea.
- HEIL HYNKEL! – brada um dos intrusos,
que aperta o gatilho logo em seguida, juntamente com o comparsa.
Os dois
oficiais acabam metralhados e tombam no chão do corredor, enquanto os
mascarados saem correndo.
Um desses
oficiais ainda encontra forças para sacar um comunicador e alertar o capitão.
- Capitão...
alerta... – diz o oficial, agonizante, segurando firme o comunicador – Os neonazistas...
estão... aqui...
Após estas
palavras, o oficial expira e fica inerte. Sua mão, sem forças, larga o
comunicador.
No pequeno
alto-falante do comunicador, ouve-se a voz de Dan:
- Winston, o
que foi que houve? Responda!
No quarto do
chanceler, Dan tenta obter respostas do oficial, sem saber que ele havia
perecido por conta do ataque:
- Winston!!!
– o capitão guarda o comunicador e se volta para Lester e os outros – Ele não
responde.
- Se os
neonazistas estão aqui como ele disse, então ele certamente deve ter sido
abatido! – afirma Lester.
- Tem razão,
Jon – responde Dan – Temos que dar um jeito de tirar o chanceler daqui.
Dan saca o
comunicador e chama a nave:
- Nardelli
para Frontier!
- Frontier. Hong falando – Seul-gi
responde prontamente da ponte, sentada na cadeira do capitão.
- Srta.
Hong, trave os sensores no doutor, no chanceler e nos outros – ordena o
capitão, do outro lado da linha – Deixe a sala de transporte de prontidão.
Traga-os a bordo da nave ao meu sinal.
- Entendido.
Retransmitirei as ordens – responde Hong.
- Desligo –
Dan encerra a comunicação e guarda o comunicador.
Jon tira de
seu kit médico um hipospray. E se aproxima do chanceler.
- Se o
senhor me permitir, vou sedá-lo, chanceler. Apenas por medida de precaução.
- Vá em
frente, doutor – assente Eneg.
Lester
aplica o hipospray no pescoço do chanceler, que adormece em questão de segundos.
Enquanto isso, Dan saca seu phaser e
dois guardas ekosianos se colocam adiante, de armas em punho.
- Vamos! –
diz o capitão a todos.
Discretamente,
o grupo sai do quarto. Nardelli, Zakar e os dois guardas ekosianos seguem à
frente; Daras e Isaac empurram a cama do chanceler, enquanto Lester segue do
lado carregando o soro; atrás de todos, mais dois guardas armados escoltam o
grupo.
Eles seguem
por um corredor em direção à saída dos fundos do hospital – até que se deparam
com uma figura inesperada. É Aron.
Inocentemente,
Zakar se aproxima e o adverte da situação:
- Aron!
Temos que sair imediatamente, os neonazistas estão aqui! A vida do chanceler
corre perigo!
- Sei disso,
ministro – responde Aron, com uma expressão fria e um tom de voz seco – Por isso
farei o que tem que ser feito.
- Do que
está falando? – Zakar estranha a atitude de seu primeiro secretário.
Dan e os
outros também lançam olhares desconfiados para Aron. É quando ele faz cair sua
máscara, para o espanto de todos.
- HEIL HYNKEL! – Aron grita, saca um
revólver e atira contra o ministro Zakar, que cai inconsciente no chão.
Rapidamente,
Dan acerta Aron com o phaser e saca o
comunicador. Mais dois homens fortemente armados surgem por trás de Aron, que cai
desnorteado.
- SEUL-GI,
AGORA!!!
Os guardas
do chanceler começam a trocar tiros com os neonazistas; enquanto isso, Lester,
Zakar, Isaac, Daras e o chanceler são envolvidos por feixes de luz azul e
desaparecem, reaparecendo na sala de transporte da Frontier, onde dois oficiais de segurança os aguardam.
Jon coloca o braço do ministro por cima de seus ombros e o carrega, enquanto grita para os outros:
Jon coloca o braço do ministro por cima de seus ombros e o carrega, enquanto grita para os outros:
- Para a
enfermaria, rápido! Temos um ferido aqui!
No corredor
do hospital, tonto e caído, Aron tenta se levantar, incrédulo com a cena que
acabou de ver:
- Mas...
como isso é... possível?!
Até que,
subitamente, ouve-se um tiro de revólver. A cabeça de Aron é atingida em cheio –
de imediato, ele se deita de vez, completamente inerte e com o olhar fixo.
Por trás
dele, entre dois neonazistas caídos, surge o autor do disparo. É Hynkel.
-
Incompetente! – exclama o líder nazista – Foi incapaz de fazer um serviço tão
simples!
- Você deve
ser Hynkel, eu suponho – diz Dan, apontando o phaser – Sinto lhe informar, mas você chegou um pouco tarde. O
chanceler e os outros membros do alto escalão já estão em segurança, bem longe
do seu alcance!
- Fugiram
feito covardes – responde Hynkel, com um tom de voz arrogante – Não preciso mata-los
agora para concretizar os meus planos. Esse planeta já é meu!
- Pare de
falar bobagens, seu nazista imbecil! – retruca Nardelli – Seu golpe de estado estúpido
já era, você já perdeu! Admita sua derrota e se renda de uma vez!
- Eu, me
render? NUNCA! – Hynkel não arreda o pé.
O clima fica
cada vez mais tenso. Hynkel olha Dan de alto a baixo. E o reconhece pelo
uniforme.
- Espere um
pouco... eu reconheço você... você é um daqueles vermes da Frota Estelar. Foram
vocês que arruinaram o regime e destruíram a vida de meu pai! E de quebra,
jogaram este planeta nas mãos imundas dos porcos Zeon! Ótimo... se eu acabar
com você agora, me darei por satisfeito!
- Você ainda
não entendeu! – Nardelli aumenta o tom de voz – Acabou, Hynkel! Largue a arma e
se entregue! Esse planeta já teve sangue inocente derramado demais, agora
CHEGA!
- CALE A
BOCA!!! – Hynkel perde a paciência – Isto é pelo meu pai, Frota Estelar! Vá
para o inferno de uma vez, seu verme maldito!
Hynkel e
Nardelli encostam seus dedos nos gatilhos das armas. Ambos estão prestes a
atirar um com o outro.
Mas antes que algo aconteça, um tiro de phaser acerta Hynkel pelas costas e o faz tombar desmaiado no chão. Atrás dele, o autor do disparo se revela. É Andros.
Mas antes que algo aconteça, um tiro de phaser acerta Hynkel pelas costas e o faz tombar desmaiado no chão. Atrás dele, o autor do disparo se revela. É Andros.
- Chegou em
cima da hora, tenente – diz Dan, ligeiramente abatido e desgastado, olhando
para o romulano com um certo alívio.
- O senhor
está bem, capitão? – pergunta Andros.
- De certa
forma... – responde Dan, com a voz meio atravessada.
***
“Diário do Capitão – Data Estelar: 7504.6
A conspiração neonazista em Ekos foi, enfim, desmantelada; seu líder, Hynkel, e todos os seus comparsas foram levados sob custódia para a Base Estelar 47, onde ficarão detidos e aguardarão o julgamento pelos seus crimes.Esta parte da missão certamente foi a mais dura pela qual passamos até agora, pois escancarou as consequências do ódio desmedido.O abalo psicológico foi grande, tanto em mim quanto em minha tripulação.”
De volta à Frontier, o capitão encontra-se em seus aposentos.
Sentado em sua mesa, com as mãos entrelaçadas diante do rosto com expressão
fechada, ele ouve a campainha da porta tocar.
- Entre! – a
voz do capitão sai em um tom seco e atravessado.
Do outro
lado da porta automática, estava Seul-gi. A expressão dela também não era das
melhores – ela já é introvertida por natureza, mas os acontecimentos do planeta
Ekos também a levaram a um desgaste emocional.
- Estou preocupada
com você, Dan – diz ela, com a voz suave e um pouco abatida – Como você está?
- Estou
péssimo, Seul-gi – responde o capitão, de forma enfática – Em todos estes anos
de Frota Estelar, eu nunca vi nada parecido com o que vi em Ekos. E acreditar que
a Terra quase foi pelo mesmo caminho quase três séculos atrás...
- Também
fiquei horrorizada com tudo isso – diz Hong, enquanto se senta na frente do
capitão – Digo... qual a necessidade de tanto ódio? Tanta intolerância? E tudo
isso a troco de quê? Apenas pelo poder?
- É a prova
de que o poder absoluto corrompe absolutamente – comenta Dan – John Gill
deveria ter pensado nisso antes de cometer o erro que cometeu.
Mas ele negligenciou esse princípio e as consequências estão aí para todos
verem.
- Pois é... –
Seul-gi assentiu com a cabeça – Isso prova o quanto a Primeira Diretriz é
importante. Interferir em uma cultura pode ser um erro fatal.
- Tem toda
razão – diz Dan – Fico me perguntando quanto tempo Ekos vai levar pra se
recuperar das chagas do nazismo. Isso se tornou uma ferida aberta na história
do planeta.
- Certamente
isso vai levar um bom tempo – especula Hong – Anos, décadas... talvez até
séculos. Vai depender do esforço dos ekosianos para superar o trauma.
- Sim... –
assentiu Dan.
Seul-gi muda
ligeiramente de assunto:
- Como está
o ministro Zakar?
- O doutor
Lester retirou o projétil do abdômen dele e tratou os ferimentos – responde o
capitão – Ele vai ficar bem.
- Que bom! –
comemora Seul-gi – Ao menos conseguimos salvar uma vida em meio a toda essa
loucura.
- Verdade...
– Dan esconde os olhos por baixo das mãos, em claro sinal de abatimento.
Seul-gi se
levanta e se coloca ao lado do capitão. Bota a mão em seu ombro e tenta reanima-lo:
- Ekos tem
que seguir em frente, Dan. E nós também – a coreana esboça um sorriso – Você deve
levantar a cabeça... afinal de contas, você é nosso capitão!
Em resposta
ao gesto de carinho, Dan segura o antebraço de Seul-gi. E sorri para sua
primeira-oficial.
- Obrigado,
Seul-gi. Eu vou tentar...
Os dois
sorriem um para o outro. E trocam olhares fraternos.
***
Dan e
Seul-gi entram na ponte de comando. O tenente Stanic anuncia a chegada do
capitão:
- Capitão na
ponte!
Dan senta-se
em sua cadeira. No leme, o alferes Cortez lhe volta a atenção:
- Está se
sentindo melhor, capitão?
- Eu estou
bem, Hernando – responde Dan, esboçando um sorriso – Obrigado por se preocupar.
- Me lembre
de fazer uma paella da próxima – diz Cortez
– É uma boa pra levantar o astral, sabia?
Dan ri das
palavras do espanhol, assim como todos os outros na ponte.
- Vou me
lembrar disso, alferes... pode deixar!
O único que
não riu das palavras de Cortez foi Andros, sentado logo ao lado do jovem
espanhol. Com uma expressão de curiosidade no rosto, ele pergunta:
- Me
desculpe a ignorância, alferes, mas... o que é paella?!
- É uma
iguaria da minha terra, tenente – responde Cortez – Minha favorita, por sinal.
Um dia desses você vai experimentar, é simplesmente uma delícia!
- Aguardo
ansiosamente – diz o romulano.
O capitão
sorri, em meio a toda essa conversa gastronômica. E transmite suas ordens a
Cortez:
- Nos tire
de órbita, sr. Cortez. À frente, fator de dobra 2.
- À
frente... em dobra 2, capitão! – diz o alferes, enquanto digita os comandos no
painel do leme.
A Frontier deixa a órbita do planeta Ekos
e ganha o espaço em dobra, seguindo rumo a seu próximo destino.
CONTINUA...
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