[TEMPORADA 2] Capítulo 2 - TERROR NA BASE



ANTERIORMENTE:


A USS Frontier completa seu primeiro ano no espaço. Após o incidente com Nero e os problemas diplomáticos em Capella IV, o capitão Nardelli e a comandante Hong aproveitam um período de licença no planeta Risa.
Logo após este período, eles são apanhados pela Frontier, que trouxe novidades em sua tripulação: uma navegadora, uma nova médica, velha conhecida do capitão e de seus colegas de Academia da Frota, e uma conselheira formada em Vulcano.

- Ora, se não é o bom e velho galã italiano...

- Christine!!! – a voz de Dan sai em um tom empolgado – Há quanto tempo!

- Bom, acho que agora devo me apresentar de forma mais apropriada, não é? Muito bem... doutora Christine McKinnon, oficial médica auxiliar, apresentando-se.

- Capitão Nardelli? – diz uma morena, já na ponte de comando, com um sotaque latino muito sutil.

- Sim, sou eu. E você é...?

- Alferes Ariela Martínez apresentando-se ao serviço! – a morena sorri – A propósito, capitão, seja bem-vindo de volta a bordo. É uma honra enfim conhece-lo!

- Paz e vida longa, conselheira! – diz Dan, na sala de transporte da Frontier, fazendo com uma das mãos a saudação vulcana.

- Vida longa e próspera, capitão Nardelli! – responde T’Kara, repetindo o gesto em retribuição.

Após receber as novas tripulantes, a Frontier vai à Base Estelar 12, onde passaria por manutenção de rotina.
Tudo parece correr de forma tranquila, até que o tenente Andros é atacado por um grupo misterioso. Quando Dan e os outros descobrem a identidade do grupo, ganham uma surpresa nada agradável:

- Romulanos?! – exclamou Seul-gi, incrédula.

- Eu bem que desconfiava – comentou Andros – Eles usaram o modus operandi do Tal Shiar. E só pra variar, me chamaram de “traidor”.

Descobre-se que o Tal Shiar recebeu informações privilegiadas de dentro da Base Estelar 12.
Em uma conversa com o comandante da Base Estelar, o comodoro Stone, o capitão Nardelli começa a suspeitar de alguém.

- Capitão Nardelli, este é meu assistente, comandante Finnegan – diz Stone – Sr. Finnegan, este é o capitão Nardelli, da USS Frontier.

- Capitão – Finnegan inclina a cabeça, em sinal de cordialidade.

As suspeitas de Dan acabam por se confirmar. Finnegan, que na realidade era um espião infiltrado do Tal Shiar, ataca pessoalmente o comodoro Stone e o tenente Andros. Mas, com a ajuda do tenente Kevin Garrett, seu colega de nave, ele consegue dominá-lo.

No entanto, isso não é tudo. Um cruzador romulano chega e se descamufla diante da Frontier e da Base Estelar 12.
Seu comandante, Torek, faz uma séria ameaça:

- Eu sou Torek, comandante do Tal Shiar. Farei uma advertência a vocês da Frota Estelar: neste exato momento, há uma bomba fotônica de alta potência instalada dentro de sua Base Estelar. Nos entreguem Andros V’Kor, ou do contrário, explodiremos sua preciosa base! Vocês têm exatamente 30 minutos para decidir...

- Desgraçados!!! – revoltou-se Dan – Agora eles foram longe demais!







“Diário do Capitão – Data Estelar: 7521.6
O comando de operações secretas do Império Estelar Romulano, chamado por eles de Tal Shiar, infiltrou-se na Base Estelar 12 e a tomou de assalto.
De acordo com o seu comandante, Torek, há uma bomba instalada dentro da Base Estelar, e eles ameaçam explodi-la, sacrificando milhares de vidas inocentes. 
A condição para a Base não ser destruída é: entregar a vida de meu chefe de segurança, o tenente Andros V’Kor.
Ao que tudo indica, Torek quer terminar o serviço que Nero começou meses atrás.” 


O clima na ponte de comando da Frontier é de total tensão. Ninguém ali acredita que os romulanos poderiam chegar tão longe, ao ponto de usar uma bomba em uma Base Estelar da Frota como chantagem para botar as mãos em seu procurado.
Ao mesmo tempo em que está apreensivo com a situação, o capitão Dan Nardelli está tomado de raiva.

- É inacreditável!!! – esbraveja ele, de sua cadeira – Nunca imaginei que os romulanos pudessem jogar tão baixo!

- De fato eles não estão blefando, capitão – diz T’Kara, com a voz absolutamente fria – Eu posso sentir os pensamentos deles. Estão dispostos a usar todos os meios para conseguir o que querem.

- O que mais me assusta é o fato de que eles conseguiram se infiltrar na Base Estelar 12 e plantar essa bomba – comenta Seul-gi – Conseguiram fazer tudo isso sem que ninguém percebesse.

- Eu também estou espantado – diz Stanic, de seu painel – Não imaginava que o Tal Shiar pudesse ser tão terrível assim.

- E estamos descobrindo isso da pior maneira, sr. Stanic – responde o capitão – Bom, não há tempo a perder. Contate o Comando da Frota Estelar e informe a situação.

- Sim, senhor – responde o croata.

Mas, antes de executar a ordem do capitão, Stanic percebe algo em seu painel. Imediatamente, ele informa a Dan:

- Espere um pouco... a nave romulana está nos contatando!

- Coloque na tela! – ordenou Nardelli.

A imagem do comandante Torek aparece novamente na tela principal da Frontier. Ele toma a palavra para si:

- Capitão Daniele Nardelli, da USS Frontier. Creio que tenha ouvido o meu recado.

- E como não poderia?! – retrucou Dan – A reputação dos romulanos lhes precede, mas não imaginei que vocês poderiam jogar tão baixo! Desta vez vocês passaram de todos os limites!

- Apenas estamos fazendo aquilo que é necessário pela honra do Império, capitão – responde Torek, sem pestanejar – E também para honrar ao nosso irmão Nero, que vocês destruíram.

- Bem que eu imaginava... – a voz do capitão Nardelli sai em um tom sarcástico – Então, além de tudo, é isso o que vocês querem? Vingança?!

- Não é uma questão de vingança, capitão. Levar V’Kor até as nossas autoridades é uma questão de honra. Ele é um traidor e é um inimigo do Império. E deve responder pelos seus crimes!

- Ora, então buscar a própria liberdade e querer o bem dos inocentes é um crime para vocês... é muito bom saber disso. Por acaso vocês têm noção das consequências de seus atos? Por acaso vocês querem uma guerra?! Vocês são completamente insanos!

- Eu não espero que você compreenda, capitão. Apenas espero que coopere conosco. Ou do contrário, sabe muito bem o que vai acontecer...

Nardelli se enfurece com a provocação de Torek. Range os dentes e pressiona com força o braço de sua cadeira.
Enquanto isso, o comandante do Tal Shiar dá seu ultimato:

- Você tem exatamente meia hora terrestre, capitão. V’Kor é seu subordinado. Ordene a ele que se entregue a nós. Ou do contrário, sua Base Estelar será destruída. A bomba que instalamos na Base está programada para explodir exatamente daqui a meia hora. Ela só será desativada quando vocês nos entregarem Andros V’Kor.

Todos ficam boquiabertos na ponte da Frontier – à exceção, claro, de T’Kara – ao ouvirem a ameaça de Torek.

- Pense bem, capitão – diz o comandante romulano – Tudo vai depender de sua decisão.

Torek encerra a comunicação. Dan não consegue se conter de raiva.

- Quanto atrevimento! São mesmo uns covardes! – exclama.

- Nós só temos meia hora, Dan – comenta Seul-gi, com uma expressão de desespero no rosto – O que nós vamos fazer?

- Eles já tentaram uma vez e falharam – responde o capitão – Não vai ser agora que vou entregar Andros nas mãos deles. Não tenho a menor pretensão de fazer isso.

- E pretende permitir que eles destruam a Base Estelar 12? – questiona T’Kara – Isso seria ilógico.

- Obviamente não, conselheira. A vida de todos está em jogo aqui... não apenas de Andros, como também de todos os que estão na Base Estelar 12. Terei que traçar uma estratégia...

Dan aciona o dispositivo de comunicação em sua cadeira.

- Nardelli para Andros.

- Aqui é Andros, capitão! – diz o tenente, do outro lado da linha.

- Você deve ter ouvido a ameaça do comandante do Tal Shiar. Há pouco ele acabou de me dar um ultimato: disse que se não o entregarmos em meia hora, a bomba vai explodir!

- Meia hora?! – responde Andros, surpreso – Mas isso é muito pouco tempo!

- É exatamente por isso que não temos nem um minuto a perder, tenente. E quanto ao espião Finnegan?

- Ele está em nosso poder, capitão. Estamos interrogando-o, mas até agora, ele tem se recusado a falar.

- Continue tentando. Nossa prioridade é descobrir em qual ponto da Base Estelar 12 está instalada a bomba, e desarmá-la o quanto antes!

- Entendido, capitão! Faremos o que for preciso.

Antes de encerrar a comunicação, Dan chama a atenção de Andros.

- Tenente! – o capitão faz uma pausa; Andros olha firme para o comunicador – Você é um dos nossos. Saiba que nós nunca desistiremos de você.

- Agradeço pela consideração, capitão – o romulano da Frontier sorri.

Dan finaliza o contato. Nesse meio tempo, Hong acaba por ter uma ideia. Imediatamente, ela informa ao capitão:

- Capitão... Acho que tem um jeito de descobrirmos de forma mais rápida onde a bomba está. Eu posso usar os sensores da Frontier para fazer uma varredura na base, programando-os para detectar qualquer tipo de atividade fotônica anormal.

- Será que não há risco dos romulanos perceberem e nos atacar em represália? – questiona Nardelli.

- Receio não termos outra alternativa, Dan – responde Seul-gi – Além do quê, estamos correndo contra o tempo. Nós vamos ter que arriscar.

- Pois bem. Execute.

Seul-gi assente com a cabeça. E inicia as programações necessárias em seu painel.


Na ponte da nave romulana, os oficiais subordinados de Torek percebem a movimentação da Frontier.
Um dos subordinados reporta ao comandante:

- Comandante, a Frontier está sondando a Base Estelar. Devem estar procurando a bomba que nós instalamos.

- É mesmo?! – diz Torek, parecendo não se importar.

O oficial faz um gesto de afirmação com a cabeça. E pergunta:

- Devemos disparar nossos disruptores contra eles, senhor?

- Não, não há necessidade – a voz de Torek sai em tom de desdém – É um esforço completamente inútil da parte deles. Mesmo que encontrem a bomba, eles não conseguirão desarmá-la a tempo. Eles não têm outra escolha a não ser colaborar conosco.

Todos os oficiais olham com desconfiança para Torek, como quem acha que ele está confiante demais. No entanto, o comandante parece não ligar para isto.

- Desta vez nós o pegamos, traidor! – pensa ele, com um sorriso sinistro no rosto.

***

Alguns minutos depois, o clima em toda a Base Estelar 12 é de medo e de terror, com o anúncio por parte do comandante Torek da existência da bomba, que está plantada em algum canto da Base. Todos os oficiais que servem na Base estão horrorizados.
Enquanto isso, Andros está escondido em uma sala da Base Estelar 12 juntamente com o comodoro Stone, os doutores Lester e McKinnon, Garrett e Finnegan – este último foi feito prisioneiro, e se encontra com as mãos algemadas para trás.

- Eu ainda não estou acreditando – diz Jon – Como foi que eles conseguiram plantar uma bomba em um lugar como este?!

- O Tal Shiar é capaz de coisas que você nem imagina, doutor Lester – responde Andros – Eles sabem ser furtivos como ninguém, e usam dos mais variados métodos para isto.

- É... deu pra notar!

Em outro canto da sala, Garrett segura Finnegan pelo colarinho, com apenas uma de suas mãos grandes e grossas. O infiltrado já está com algumas escoriações no rosto, em decorrência de alguns socos recebidos momentos antes.

- E aí, seu X9 de meia tigela?! – diz o grandalhão ruivo – Vai dizer onde tá essa maldita bomba ou não?!

- E de que adiantaria?! – Finnegan sorri, de forma cínica – Vocês estão acabados de
qualquer jeito... a não ser que V’Kor se entregue. A responsabilidade é toda dele...

- Ora, seu desgraçado!!!

Enquanto grita essas palavras, Garrett acerta um soco na boca do estômago do espião, e o faz voar até se chocar contra uma das paredes e cair no chão.

- Agora você vai ver só, miserável! – diz Garrett, se preparando para acertar outro soco.

Mas antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, Andros o detém, segurando-o pelo enorme pulso.
Garrett é pego de surpresa por esta atitude.

- Mas... sr. Andros?! – o ruivo se vira e olha para o romulano.

- Pega leve, Kevin! – diz Andros – Não esquece que a gente ainda precisa dele.

A expressão no rosto de Garrett muda. Ele fica meio sem jeito.

- Ah... eu sinto muito, senhor! – diz ele.

Andros assente com a cabeça. E em seguida, olha para a porta da sala.

- A gente precisa sair daqui. Vou ver se o caminho está seguro.

Ele caminha até a porta, e ela se abre automaticamente. Olha para um dos lados do corredor – aparentemente não há ninguém.
No entanto, alguém lhe chega por trás e aponta uma arma:

- Não se mexa, V’Kor!

De imediato, Andros olha para trás, e vê dois soldados romulanos mascarados armados com rifles disruptores. Em sinal de não-reação, ele levanta as palmas das mãos até a altura da cabeça.
Sob a mira das armas, ele entra andando de costas na sala. A cena é vista pelos outros, com olhares assustados. O único que não se intimida é Garrett, que chega por trás de Andros e coloca uma das mãos em seu ombro.

- Deixa que eu cuido deles – diz Garrett.

O brucutu ruivo se volta para os dois mascarados, que ficam sem reação ao ver o seu tamanho.
Enquanto vê as armas dos inimigos apontadas para si – e os olhares ligeiramente assustados deles sob as máscaras – Kevin emite um sorriso irônico.

Do lado de fora da sala, o corredor está em silêncio. Mas não por muito tempo. Em questão de instantes, uma de suas paredes explode – através dela, os dois romulanos voam pelos ares, até se chocarem violentamente contra a outra parede e caírem no chão, inconscientes.
Próximo ao buraco da parede, vê-se o tenente Kevin Garrett com o punho em riste, como quem acaba de dar um soco certeiro.
Logo depois, ele se recompõe, e bate as palmas das mãos como quem tira poeira delas.

- Hah! Mamão com açúcar! – diz ele, sorrindo de satisfação.

- Bom trabalho, Kevin! – Andros sorri – Fico te devendo essa.

Garrett se vira para Andros, e faz um sinal de positivo com uma das mãos. Do outro lado, Christine está paralisada, com um olhar de espanto.

- Caramba! – diz ela – Esse aí realmente é forte, hein?!

- Você ainda não viu nada – comenta Lester – o tenente Garrett tem uma forma física invejável. Se bobear, a melhor de toda a Frontier!

- A Frota precisa me mandar um oficial desses aqui pra Base... – diz Stone.

- Nós temos que ir! – diz Andros.

O grupo sai pelo buraco aberto pelos dois romulanos arremessados por Garrett. E acabam sendo vistos por outro grupo de mascarados armados.

- Lá estão eles! – gritou um dos mascarados.

Sob mais tiros de disruptores romulanos, o grupo sai em disparada pelos corredores da Base Estelar 12. Alguns oficiais desprevenidos da Base são pegos de surpresa, e acabam atingidos por alguns dos tiros.

- Droga! Esses caras parecem que brotam do nada! – esbraveja Jon.

- A gente vai morrer se continuar desse jeito! – diz Christine, assustada.

- Caramba, Dan... o que você está fazendo?! – pensou Lester.

***

Na ponte da Frontier, o clima é de corrida contra o tempo. A apreensão é visível nos rostos dos oficiais – à exceção, claro, da conselheira T’Kara.

- Quanto tempo para a explosão, srta. Martínez? – pergunta Dan, de sua cadeira.

- Cerca de 17 minutos, senhor! – responde a morena.

- 17 minutos?! – Dan se espanta – Isso é quase a metade do tempo!

O capitão olha para a comandante Hong, que não desgruda os olhos de seu painel. Conforme a sugestão dela, os sensores da nave foram calibrados para detectar atividade fotônica, para, assim, tentar detectar a localização exata da bomba.

- E então, Seul-gi? – questionou ele.

- As leituras ainda estão em andamento – responde Hong – Até o momento, não encontrei nada.

Parecia tudo perdido. Dan já esboçava uma expressão de desolação no rosto. Até que alguma coisa aparece de repente no painel de Seul-gi.

- Espere um pouco, capitão! – bradou ela – Os sensores detectaram uma atividade fotônica estranha na sala de máquinas da Base Estelar 12. É provável que a bomba esteja ali!

Nardelli expira forte. E suspira de alívio.

- Grazie Dio!!! Fez um ótimo trabalho, Seul-gi.

Dan e Seul-gi sorriem um para o outro. Em seguida, o capitão aciona o comunicador de sua cadeira:

- Nardelli para tenente Andros!

McKinnon, Lester, Garrett, Stone e Andros


A bordo da Base Estelar, a batalha continuava intensa. Os mascarados romulanos disparavam seus disruptores na direção de Andros e dos outros. Este, por sua vez, juntamente com o tenente Garrett, contra-atacava com tiros de phaser.
Uns três ou quatro soldados inimigos caem atordoados, atingidos pelos tiros. Garrett se coloca à frente do grupo, e encara quatro soldados que restaram.

- Tá legal – diz ele, enquanto estala os dedos dos punhos fechados – Vocês acabaram com a minha paciência, seus otários!

Os romulanos não entendem nada. Mesmo assim, continuam a apontar suas armas para Kevin. Mas acabam não tendo tempo para dar um tiro sequer: o grandalhão ruivo urra e vai com tudo para cima deles, e acerta um soco em cada um, fazendo-os voarem pelos cantos do corredor.

- Uau, está inspirado hoje, sr. Garrett! – o doutor Lester sorri para ele.

- Eu precisava de um pouco de exercício, doutor! – responde Garrett – Estava entediado desde que voltei de Capella IV.

- Ah, entendi! – diz o britânico.

- Estão todos bem? – pergunta Andros.

Todos assentem com a cabeça. O comunicador de Andros apita. Imediatamente, ele o saca.

- Nardelli para Andros. Responda!

- Aqui é Andros, capitão. Desculpe a demora, eu estava um pouco ocupado por aqui.

- Tudo bem, tenente. Descobrimos onde a bomba do Tal Shiar está instalada. Está na sala de máquinas da Base Estelar 12.

- Isso é ótimo. Quanto tempo ainda temos?

- Quase a metade do tempo já se passou. Temos que agir depressa. Acha que consegue desarmá-la?

- Verei o que posso fazer, senhor. Irei até a sala das máquinas e darei uma olhada.

- Faça isso o quanto antes, Andros. Não se esqueça que há milhares de vidas em jogo aqui.

- Sim, senhor.

- O comodoro Stone e os outros estão bem?

- Estão todos em segurança, capitão. Pedirei para o sr. Garrett cuidar deles.

- Está bem, tenente. Boa sorte.

- Obrigado, capitão.

Andros encerra o contato e guarda o comunicador. Garrett demonstra preocupação:

- Vai tentar desarmar a bomba sozinho, senhor? Tem certeza que não vai precisar de ajuda?

- Eu era do Tal Shiar antes de fugir do meu planeta – responde Andros – Conheço bem a tecnologia usada por eles. Se for como estou pensando, não vou ter problemas pra desarmar essa bomba. Sei que é arriscado, mas talvez eu seja o único que pode conseguir desarmá-la.

- Você vai morrer tentando, V’Kor – diz Finnegan, sorrindo ironicamente – E de quebra vai levar todos nesta Base consigo.

- Ninguém pediu sua opinião, babaca! – berra Garrett, enquanto acerta um soco no abdômen do infiltrado, fazendo-o apagar.

- É, você não tem jeito mesmo, Kevin... – Andros não sabia se ria ou se ficava envergonhado – Comodoro, onde fica a sala de máquinas daqui?

- Fica uns doze decks abaixo de onde nós estamos – responde Stone – Não é difícil de encontrar.

- Está bem. Eu irei até lá pra desarmar a bomba. Kevin, você cuida do comodoro Stone e dos outros, está bem?

- Pode deixar, senhor. Tenha cuidado.

Andros começa a se dirigir para a sala de máquinas. Mas antes de deixar o grupo, é interrompido pelo comodoro Stone:

- Tenente Andros!

O romulano se vira, e volta seu olhar para Stone.

- Boa sorte! – diz o comodoro.

- Obrigado, senhor.

Enfim, o tenente Andros V’Kor parte em disparada rumo à sala de máquinas da Base Estelar 12, com o objetivo de desarmar a bomba deixada pelos romulanos.
Enquanto isso, o comodoro Stone, Jon e Christine ficam sob os cuidados de Kevin Garrett.

- Bom, parece que agora que sabemos onde está a bomba, não precisamos mais do Finnegan – confirmou o ruivo texano.

- Você tem razão – responde Stone – Vou mandar colocá-lo em uma cela na prisão.

- Ele disse que não era humano, e que estava fazendo o trabalho dele – lembrou Christine – Será que não seria interessante fazermos nele uma análise de DNA, Jon?

- Bem pensado, Christine! – exclamou Lester – Ele deve ter sido modificado cirurgicamente para parecer humano, por isso conseguiu se infiltrar! Será que nós podemos realizar este procedimento, comodoro Stone?

- Faça como achar necessário, doutor – diz o comodoro.

- Obrigado, senhor! – agradeceu Jon.

***

“Diário do Capitão – suplemento:
Estamos em uma corrida contra o tempo. Mas a srta. Hong conseguiu localizar a bomba plantada pelos romulanos: ela está localizada na sala de máquinas da Base Estelar 12. 
O tenente Andros se encarregou de tentar desarmá-la. Espero que ele consiga – a vida de todos na Base Estelar 12 depende disso.”


Na ponte da Frontier, o capitão Nardelli permanece tenso e apreensivo. Mas há uma ponta de esperança, agora que a bomba foi localizada.

- Tempo para a explosão, srta. Martínez?! – pergunta ele.

- Sete minutos e cinquenta e oito segundos, senhor – responde Martínez.

- Menos de oito minutos... Cazzo!!! Você precisa agir rápido, Andros...

De sua plataforma, Seul-gi observa as reações de Dan. E fica consternada, sem saber o que fazer.
Por outro lado, demonstrando uma serenidade invejável, T’Kara dirige sua palavra ao capitão:

- Eu posso sentir o desespero em seus pensamentos, capitão. Em situações como esta, é natural que os seres humanos cedam às suas emoções e entrem em crise.

- Descobriu isso agora, conselheira?! – ironizou Dan.

No entanto, a vulcana ignora estas palavras. E continua:

- Contudo, até onde pude perceber, Andros V’Kor não é do tipo que se entrega fácil em situações de risco. Sua conduta se baseia na lealdade e no altruísmo, e ele não mede esforços para lutar por aquilo que acredita. Sem falar que é um oficial muito fiel ao senhor.

- Como conseguiu descobrir isso em tão pouco tempo?! – questiona Dan, incrédulo.

- Eu consegui enxergar tudo isto dentro da mente dele quando ele me escoltou aos meus aposentos – responde T’Kara – Como você deve ter percebido, capitão, eu sou telepata. E minha capacidade telepática é tão grande que supera a de outros vulcanos.

Dan assentiu.

- Logicamente, ele conseguirá desarmar essa bomba, capitão Nardelli. Ou pelo menos, fará tudo o que estiver ao alcance para isso – concluiu a vulcana.

- Espero que você esteja certa... – diz o capitão.


Enquanto isso, Andros chega ao deck onde está localizada a sala de máquinas da Base Estelar 12. Assim que deixa o turbo-elevador, ele vai observando todas as portas dispostas no corredor, e não demora muito para encontrar a sala das máquinas.
Ele entra, olha em volta com atenção... até que acaba reparando em algo estranho: um enorme dispositivo instalado ao lado de um dos painéis de controle, piscando incessantemente, com uma espécie de contador digital ao centro que rodava em caracteres romulanos.
Não havia dúvidas: aquele dispositivo era a bomba!

- Meu Deus... – diz Andros, absolutamente paralisado e incrédulo – Eles instalaram uma Seb-Cheneb?! (*) Daria pra explodir um planeta inteiro com isto...

Ele se aproxima do artefato e o observa de alto a baixo. Antes de começar a efetuar o desarme, ele observa os caracteres no contador. Já restavam cinco minutos para a explosão!

- Cinco minutos?! – pensou – Eu preciso agir depressa!

Mas, antes que ele pudesse encostar na bomba, alguém chega pelas costas e aponta-lhe um rifle disruptor. Era outro soldado mascarado, que estava vigiando o artefato.

- Parado aí mesmo, traidor! – grita ele – Você não vai encostar um dedo nisso!

Andros se vira devagar, com as mãos levantadas, e se coloca de frente para o soldado.

- Você virá conosco, V’Kor. Chegou a hora de receber sua punição por trair o Império.

- Olha, você vai me desculpar, amigo – responde Andros, com a voz e o olhar firmes – Mas acontece que eu não tenho tempo pra brincadeiras!

Após estas palavras, Andros rapidamente segura o disruptor do oponente e o desvia. Coloca-se de costas para o soldado e lhe acerta uma cotovelada no abdômen, seguida de um golpe de direita no rosto.
O mascarado cambaleia, e o chefe de segurança da Frontier o nocauteia de vez com um chute giratório.

Só que não há tempo para respirar. Mais dois soldados armados entram na sala de máquinas.

- Lá está ele! – grita um deles.

Os dois começam a atirar, e Andros se esconde por trás da bomba. Saca sua pistola phaser e efetua dois disparos certeiros, atordoando os mascarados.
Agora sim, o caminho estava livre para que ele pudesse cumprir seu objetivo.

- Esses caras não aprendem... – diz ele, enquanto começa a mexer na bomba.

***

Rapidamente, os minutos foram se passando. E a angústia aumentava cada vez mais, tanto nas dependências da Base Estelar 12 quanto na ponte da Frontier.
A alferes Martínez, que estava acompanhando a contagem regressiva, observa seu painel e faz uma revelação alarmante:

- Menos de um minuto para a explosão! – o desespero no semblante da latina era visível.

- Droga! Não pode ser! – gritou Dan, quase perdendo as estribeiras – Será que não há nada que possa ser feito?!

- O doutor Lester e a doutora McKinnon ainda estão a bordo da Base Estelar, Dan – lembrou Seul-gi – Temos que trazê-los de volta para a nave!

- Nardelli para sala de transporte! – o capitão aciona o comunicador de sua cadeira, angustiado – Travem o sinal nos tripulantes a bordo da Base Estelar 12 e subam-nos de volta ao meu comando!

Eis que Martínez observa algo. Subitamente, o contador de tempo do display apagou. E a contagem regressiva no display parou.
Imediatamente, ela reporta ao capitão:

- Capitão, parece que a contagem regressiva parou. Não estou vendo mais o contador da bomba.

- O que disse?! – Dan parece não acreditar.

- Será que...?! – diz Hong, com um brilho de esperança nos olhos.

A interrupção também é notada na ponte do cruzador romulano, para desespero de Torek.

- Comandante, nós perdemos o sinal da bomba! – diz um dos oficiais.

- Como é?! – Torek fica incrédulo – Não é possível...

Eis que, na ponte da Frontier, uma transmissão é recebida na cadeira do capitão.

- Andros para Frontier! Capitão, está me ouvindo?!

- Aqui é Nardelli – responde Dan, quase aliviado – Informe, tenente.

- Boas notícias, capitão... Eu consegui desarmar a bomba! A Base Estelar 12 está a salvo agora.

Era a notícia que todos queriam ouvir. O desespero dá lugar ao alívio, não apenas no rosto do capitão Nardelli, como em todos a bordo da Frontier e da Base Estelar 12.

- Madonna mia, grazie!!! – suspirou Dan – Fez um excelente trabalho, tenente!

A nave romulana também toma conhecimento do desarme da bomba. E isto deixa Torek enfurecido.

- A bomba foi desarmada, comandante! – relata um oficial da ponte do cruzador – V’Kor é o responsável.

- Maldito traidor imundo! – o comandante do Tal Shiar range os dentes de raiva – Muito bem, agora todos irão pagar caro!

Mesmo com a bomba na Base Estelar 12 desarmada, ainda era muito cedo para comemorar. Torek resolve dar sua última cartada:

- Disparem os disruptores! – ordena, aos berros – Destruam a Base Estelar 12!

- Sim, senhor!

Imediatamente, eles acatam a ordem. E o cruzador romulano dispara contra a Base Estelar, atingindo-a em seu topo.
O tremor do impacto é sentido em toda a base, e um corre-corre se inicia. O alarme começa a soar. O pânico e o terror voltam a tomar conta da Base.

- Droga! – exclama o doutor Lester, apavorado – E essa agora?!

- Depressa, protejam-se! – gritou Garrett.

Jon e os outros saem em disparada, em meio à confusão, em busca de um local seguro.

O ataque contra a base não passa despercebido pela ponte da Frontier.

- O cruzador romulano está atacando a Base, senhor! – informa Cortez.

- Coloque na tela! – ordenou Dan.

Rapidamente, Cortez joga a imagem de seu display na tela principal. E a imagem do D7 disparando contra a Base Estelar 12 aparece, deixando todos de olhos arregalados.

- Esses cretinos não sabem mesmo a hora de parar, não é?! – a voz do capitão sai com um tom incisivo de revolta – Muito bem...

Dan não pensa duas vezes. Segura firme nos braços de sua cadeira, e decide dar sua ordem geral:

- Alerta vermelho! Postos de batalha! Defletores em potência máxima!

Por toda a nave, o sinal sonoro de alerta vermelho começa a soar. A movimentação nos decks se intensifica – todos os oficiais partem para os postos de batalha.

- Temos que defender a Base Estelar 12 – diz o capitão – Sr. Cortez, coloque-nos entre a Base e a nave romulana. Armar bancos phasers.

- Sim, senhor!

A Frontier se movimenta no espaço, e segue na direção da linha de fogo entre o cruzador romulano e a Base Estelar 12.
A movimentação não passa despercebida por Torek e seus subordinados.

- Comandante, a USS Frontier está vindo em nossa direção! – diz o oficial do leme do cruzador.

- Estão muito enganados se acham que vão nos atrapalhar – responde Torek, com total rispidez – Muito bem! Concentrem fogo neles!

Eis que o cruzador começa a disparar contra a Frontier. O impacto dos tiros dos disruptores é sentido na ponte – alguns dos oficiais são derrubados pela forte trepidação da nave.

- Escudos a 63 por cento! – relatou Seul-gi.

- Devolver fogo! – ordenou Nardelli – Mire nas armas deles, sr. Cortez!

- Sim, capitão! – responde Cortez.

Os phasers da Frontier são disparados. Mas os escudos da nave romulana aguentam. O dano sofrido é mínimo.

- Informe! – diz Dan a Cortez.

- Phasers sem efeito, capitão – responde o alferes – Os escudos deles absorveram a energia dos disparos.

Logo após estas palavras, outro chacoalhão é sentido na ponte. A Frontier acaba de ser atingida por outro tiro da nave romulana.
Em seguida, Hong faz um relato alarmante:

- Escudos a 32 por cento! Capitão, se recebermos outro disparo, a nave ficará vulnerável! Os escudos não vão aguentar!

- Droga! – praguejou Dan, rangendo os dentes e apertando com fúria o botão do comunicador da cadeira – Nardelli para engenharia!

- Aqui é Okonwa, capitão! – responde Oko, do outro lado da linha.

- Oko, redirecione energia para os escudos, depressa!

- Terei que usar a força auxiliar para isso, senhor. Mas não posso garantir nada.

- Que seja! De qualquer forma, temos que aguentar o quanto pudermos. Execute!

- Sim, senhor.

Dan se volta novamente para Cortez.

- Armar torpedos fotônicos, sr. Cortez. Disparar todas as armas!

- Sim, senhor!

Além dos phasers, a Frontier agora dispara os torpedos fotônicos em conjunto. Conseguem provocar um dano maior no D7 romulano, mas a desvantagem ainda é grande.
Uma sequência de disparos inimigos acaba diminuindo gradativamente a integridade dos escudos da Frontier, até desabilitá-los de vez.

- Perdemos os escudos! – informa Martínez.

- Decks 29 a 33 estão informando baixas, capitão – relatou Hong – Há iminência de ruptura do casco próximo ao deck 37.

- Maldito Torek! – diz Dan – Se acha que vai se sair bem dessa, está muito enganado... Vou acabar com a raça desse cara, nem que eu tenha que leva-lo comigo pro inferno!

Na ponte romulana, Torek parece sentir o gosto da vitória. Seu oficial do leme o informa da situação da Frontier:

- Desabilitamos os escudos da Frontier, comandante. Eles estão completamente indefesos.

- Já nos atrapalharam o suficiente – responde Torek, em tom altivo – Vamos mostrar a eles o que acontece com quem cruza o caminho do Tal Shiar. Destruam-nos!

- Sim, senhor!

Mas antes que pudesse dar o golpe de misericórdia, o piloto romulano é pego de surpresa por uma movimentação estranha em seus sensores.

- Espere um pouco, comandante... Os sensores estão detectando outras naves saindo de dobra!

- O quê?! – Torek não acredita – Mas quem são eles?!

A movimentação também é captada pela Frontier.

- Três naves acabaram de sair de dobra, capitão – informa Martínez – E muitas outras continuam a sair.

- É a Frota Estelar! – comemora Cortez.

- Como é que é?! – questionou Dan, meio desconfiado – Tem certeza disso, alferes?

Seul-gi faz uma avaliação rápida da situação em seu painel. E faz seu relatório:

- A informação do alferes Cortez precede, capitão. Acabei de verificar os sensores. Todas essas naves possuem a assinatura da Frota Estelar.

- Hah! Parece que agora o jogo virou! – diz o capitão, quase gargalhando.

E realmente, Dan estava certo. O panorama havia mudado completamente de figura.
As três naves que haviam acabado de sair de dobra e de chegar à Base Estelar 12 são todas conhecidas naves de classe Constitution: a USS Lexington, a USS Excalibur e a USS Yorktown – as duas primeiras passaram por reformas recentes, após terem sido quase destruídas anos atrás nos testes com o computador M-5. (**)
Agora, as três naves comandam um comboio de outras centenas de naves estelares, que vieram prestar auxílio à Frontier.

- Maldição! São naves da Frota Estelar! – esbraveja Torek – Mas como isso é possível?!

Na ponte da Frontier, Nardelli passa uma ordem a Stanic:

- Contate a nave romulana, sr. Stanic.

- Sim, senhor!

Após alguns segundos, a imagem do combalido comandante Torek aparece na tela principal.
Dan resolve tomar a iniciativa:

- Parece que seu joguinho de gato e rato acabou aqui, Torek – diz ele, com um sorriso sarcástico no rosto.

- Engana-se se acha que pretendo me dar por vencido, capitão Nardelli – retrucou Torek, visivelmente nervoso – Mande seus companheiros se afastarem, ou do contrário, a Base Estelar 12 vai virar poeira!

- Já basta, Torek! – Dan aumenta o tom – Admita de uma vez que você perdeu! Você está visivelmente em desvantagem, ninguém consegue derrotar uma frota inteira de naves sozinho! Ou por acaso você quer piorar as coisas pedindo ajuda aos seus companheiros romulanos?

Torek emudeceu.

- Você não pretende começar uma guerra desnecessária, não é?! – continuou Dan – Pense bem... Quantas vidas seriam desperdiçadas em uma batalha estúpida como esta? E tudo isto por causa de alguém que pensa diferente? O que diabos vocês têm na cabeça?

Um silêncio tenso se forma. Não apenas a Frontier, mas todas as outras naves fixam sua atenção na movimentação de Torek, que fica completamente tomado de raiva.
Mesmo assim, no final das contas, ele acaba se vendo sem saída – sua missão secreta para recapturar Andros V’Kor fracassou completamente. Das duas uma: ou ele recuava de uma vez, ou ele solicitaria o reforço do exército romulano, o que poderia resultar em uma situação de proporções inimagináveis.
Enfim, ele acaba optando pela primeira alternativa; no entanto, não dá o braço a torcer.

- Isto não acaba aqui, capitão Nardelli – diz Torek, com a voz atravessada – Um dia voltarei para tomar a vida do traidor V’Kor, e também farei você engolir essas palavras insolentes. Tenha certeza disso... Nós nos veremos em breve!

A comunicação é encerrada. E o D7 bate em retirada, dando meia-volta e entrando em velocidade de dobra.

- A nave romulana seguiu em direção à Zona Neutra, capitão – relatou Cortez.

- Acabou – Dan suspira de alívio – Finalmente acabou.

Outra comunicação é recebida por Stanic.

- Capitão, a Lexington está nos saudando!

- Na tela! – ordenou Dan.

Eis que surge na tela principal da Frontier a imagem de um homem oriental, de meia-idade, cabelos pretos caprichosamente cortados, e um uniforme diferente dos outros: um traje cinza com um grande detalhe branco na frente, que ia do pescoço até a barra da cintura; no lado esquerdo do peito, o delta dourado da Frota Estelar com a estrela de comando, circundado por uma elipse vazada.
Tratava-se de um dos homens mais importantes do Comando da Frota Estelar: o almirante Nogura.

- Almirante Nogura?! – Dan se demonstra surpreso – Confesso que não esperava encontrar o senhor nestas circunstâncias.

- Nós recebemos o informe da situação emitido de sua nave, capitão Nardelli – responde Nogura, com absoluta polidez – E resolvemos agir. Não esperávamos que os romulanos pudessem chegar a este ponto. Ainda bem que chegamos a tempo antes que algo pior acontecesse.

- Eu agradeço imensamente pela ajuda, senhor. De fato foi uma situação bastante inusitada.

- Suas falas também me surpreenderam, capitão. Você conseguiu evitar uma guerra. E além de tudo, se esforçou bravamente para defender a Base Estelar 12. Merece uma condecoração por tudo isto!

- Ora, senhor, não foi nada! – responde Dan, sem graça – Eu apenas fiz aquilo que era necessário. Como qualquer outro oficial da Frota faria no meu lugar.

- Isto é o que você diz – Nogura sorri – Você tem feito grandes progressos, capitão. E o Comando da Frota tem observado tudo isto atentamente.

- Agradeço pelos elogios, senhor!

Nogura encerra a comunicação. A ficha de Dan parece não cair.

- É... parece que você está com moral, Dan! – diz Seul-gi, sorrindo.

- Pelo jeito voltamos com tudo, não é, Seul-gi?! – o capitão retribui o sorriso.

Os dois riem, e a coreana deixa seu painel, indo em direção à cadeira do capitão. E abraça Dan pelas costas, sob o olhar atento de T’Kara.

- Fascinante – diz a vulcana, com sua voz gélida, enquanto observa a cena.

***

“Diário do Capitão – Data Estelar: 7522.3
Pouco a pouco a rotina na Base Estelar 12 vai sendo retomada, após o violento ataque do comandante romulano Torek.
Graças a um exame de DNA realizado pelos meus médicos, doutor Lester e doutora McKinnon, descobriu-se que o comandante Finnegan na realidade era um agente romulano modificado cirurgicamente para infiltrar-se na Base; ele foi transferido para uma colônia penal da Federação. 
Por conta dos danos sofridos na batalha contra Torek, a Frontier terá que permanecer na Base Estelar 12 por mais tempo do que o previsto.”


Dan, Seul-gi, Jon Lester e Christine estão no gabinete do comodoro Stone, na Base Estelar 12.
Os quatro estão sentados diante da mesa do comodoro, tratando sobre os acontecimentos recentes e os reparos na Frontier.

- Eu sinto muito por estes transtornos, comodoro – diz Dan – Teremos que ficar aqui por um tempo maior do que o que estava previsto anteriormente. A Frontier foi muito danificada na luta contra Torek.

- Não há com o que se preocupar, capitão Nardelli – responde Stone – Mesmo porquê, eu tenho uma dívida de gratidão com você, depois de tudo o que você e a sua tripulação fizeram por nós. Todos a bordo desta Base Estelar devem suas vidas a vocês, e eu também não sou exceção. Podem ficar aqui pelo tempo que for necessário.

- Eu realmente agradeço, senhor.

- Olha, depois dessa, eu não quero saber de ver romulanos na minha frente por um bom tempo! – resmungou Lester – Nunca na minha vida vi tantos deles atirando contra mim ao mesmo tempo! Teve hora que eu achei que eu ia morrer...

- Ora... não vai me dizer que você ficou com medo, doutor! – provocou Seul-gi.

- E quando foi que eu disse que eu tive medo, espertalhona?! – retruca o doutor – Aliás, você não está em condições de dizer nada... Porque enquanto eu estava levando tiro de disruptor de tudo quanto é lado, você estava de boa na ponte com o Dan.

- De boa?! Mas que piada! – rebateu Seul-gi – Por que você acha que a Frontier precisa de mais reparos?! Pra seu governo, a gente também passou por poucas e boas na ponte lutando contra o Torek, e o Dan é testemunha disso!

- Ei, vocês dois, já basta! – disse Dan, gesticulando e aumentando o tom – Já tivemos conflitos demais por aqui, e eu não estou nem um pouco a fim de ter que lidar com mais um. Agora chega! Punto e basta!

Seul-gi e Jon emudeceram de imediato, um pouco envergonhados. Ao presenciar a cena, Stone começa a rir.

- Pelo visto você tem uma equipe bastante espirituosa, não é, capitão?! – diz ele, rindo.

- O senhor não tem nem ideia... – responde Dan.

Em outro canto, Christine está pensativa. E resolve expor suas reflexões.

- Eu tenho pena do tenente Andros – diz ela – Com certeza, quem mais sofreu com toda essa situação foi ele.

De imediato, todos ficam consternados ao ouvirem estas palavras da nova-iorquina.

- Você tem razão, Christine – diz o capitão – E o pior de tudo é que não foi a primeira vez. Antes de você chegar, ainda tivemos o Nero. Foi outra situação terrível.

- Onde será que ele está agora? – questiona Stone.

***

Andros está em um outro canto da Base, em uma janela panorâmica próxima ao bar, de onde é possível ver o espaço e também a movimentação das naves que chegam à Base Estelar.
Ele olha para a janela com um copo de conhaque sauriano em uma das mãos – enquanto reflete sobre os fatos recentes, toma um gole.
Não demora muito, e alguém se aproxima dele. É T’Kara.

- Não vai se juntar aos outros? – pergunta a vulcana.

- Não, está tudo bem – responde ele – Eu quero ficar um pouco sozinho.

- Ainda está abalado com tudo o que aconteceu, não é? – diz ela – Posso ver através dos seus pensamentos.

- É, você tem razão. E o pior de tudo é que não foi a primeira vez. Há um tempo atrás, eu também coloquei a vida de todos na Frontier em risco. Inclusive a do capitão.

Andros abaixa a cabeça, visivelmente abatido.

- E pensar que tudo isto foi por minha causa... – lamenta ele.

T’Kara não demonstra reação. Simplesmente mantém a expressão fria e o olhar fixo no romulano.
Mas as palavras que ela diz a seguir soam reconfortantes:

- A culpa não é sua, Andros V’Kor. Você não traiu ninguém. Apenas seguiu aquilo em que acreditava. Não há crime algum nisso. O capitão Nardelli e os outros não apenas cumpriram com os seus deveres como oficiais da Frota; eles têm uma estima muito grande por você.

Andros volta seu olhar para T’Kara. E sorri, ainda que de maneira tímida.

- Puxa, estou impressionado, conselheira. Você sabe mesmo como fazer as pessoas se sentirem melhores. Se me permite a sinceridade, você nem parece vulcana.

- Chega a ser curioso ouvir isso de alguém que abandonou seu povo por discordar de seus ideais...

O romulano empalideceu. Mas T’Kara trata de surpreendê-lo outra vez:

- A propósito... Eu acredito que Pardek teria orgulho de você se o visse agora.

Tais palavras fazem Andros começar a rir, mas ainda de forma muito contida.

- Acho que podemos começar a ter aquela conversa – diz ele – Isso, claro, se você me deixar te pagar uma bebida. Pode incluir isso no seu relatório, se quiser.

T’Kara ergue a sobrancelha.

- Se eles tiverem chá verde aqui, acho que posso considerar – diz ela, sem mudar o tom de voz.

Os dois, então, caminham para o bar da base. Enquanto isso, a Frontier permanece em reparos, para retornar ao espaço o quanto antes.


CONTINUA...

________________

NOTAS DO AUTOR: 

(*) Segundo a crença romulana, Seb-Cheneb é a "destruidora de mundos" - uma entidade demoníaca com um poder destrutivo inimaginável, que representaria o fim de tudo. Este conceito é apresentado em Star Trek: Picard.


(**) Vide Jornada nas Estrelas/Star Trek: The Original Series - temporada 2 ep. 24: "O Computador Supremo" ("The Ultimate Computer")


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