Capítulo 8 - "TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA"
PREFÁCIO DO AUTOR
Saudações, amigos! Tudo bem?
Antes de mais nada, não se assustem com o título! (risos)
Este é mais um capítulo que tem uma ligação direta com a série clássica - e pode conter alguns spoilers.
Antes de ler este capítulo, recomendo assistir o icônico episódio "Tempo de Nudez" ("The Naked Time" - TOS, Temporada 1 ep. 4), que, na minha opinião, é um dos melhores da série.
Espero que gostem deste capítulo. Não se esqueçam de deixar seus comentários no final.
Boa leitura!
Vida longa e próspera!
“Diário do Capitão – Data Estelar: 7510.2
Recebemos um pedido de socorro de prioridade 1 oriundo da USS Daejeon, que se encontra a cerca de quatro anos-luz de nossa posição atual.
Estamos indo ao encontro da nave para verificar a natureza dessa emergência.”
O capitão Dan Nardelli encontra-se sentado em sua cadeira, na ponte de comando da Frontier, com uma expressão tensa e apreensiva no rosto.
Demonstrando a mesma apreensão na voz, ele faz perguntas ao seu piloto, o alferes Cortez:
- Quanto
tempo até chegarmos às coordenadas da Daejeon,
sr. Cortez?
- Só um
momento, senhor – responde o espanhol.
Cortez mexe
em alguns dígitos do display do leme. E informa seus cálculos ao capitão:
- Aproximadamente
25 minutos em dobra 7, capitão.
- Muito bem.
Execute – ordena Dan.
- Sim,
senhor! – diz Cortez.
De seu
painel, a comandante Hong observa atentamente as atitudes do capitão. E se
demonstra preocupada:
- Algum
problema, capitão? Parece preocupado com alguma coisa.
- Eu
realmente estou preocupado, Seul-gi – responde Dan – Um pedido de socorro de
prioridade 1 significa que algo muito sério aconteceu. E eu não esperava
receber esse pedido justamente da Daejeon.
- Alguma
razão especial? – questiona a coreana – Pelo visto a Daejeon significa algo pra você.
- De fato –
diz Dan – A Daejeon foi a primeira
nave na qual servi, logo depois que me graduei da Academia. Servi naquela nave
por três anos, até ser transferido para a USS
Columbia.
O olhar de
Seul-gi se enche de surpresa e de curiosidade, enquanto o semblante de Dan se
enche de nostalgia, misturada à preocupação do momento:
- Em outras
palavras... uma parte da minha história está na Daejeon – diz o capitão.
- Eu não
imaginava isso – responde Hong – Você se lembra de quem era seu superior na
época?
- Lembro
sim... – responde Dan – Era o capitão Harold Driscoll. Ele era um cara durão, e
sabia ser rígido quando necessário. Tive que ir ganhando a confiança dele aos
poucos.
- Eu não
consigo imaginar você passando por dificuldades dentro de uma nave estelar! –
afirma Seul-gi, com um sorrisinho.
- Se tem uma
coisa que você aprende no Programa de Treinamento de Comando, srta. Hong, é a
ter paciência com as pessoas – diz Nardelli – Mais do que todas as outras
coisas.
-
Interessante – observa Hong – Se bem que eu acho que eu nunca conseguiria
passar nesse programa. Tenho mais paciência com estrelas e supernovas do que
com pessoas, se é que me entende; não por acaso, preferi me especializar em
astrofísica.
- Eu não a
julgo por isso. Cada pessoa tem suas preferências e seus talentos.
Após vinte e
três minutos de viagem, a Frontier
começa a se aproximar do local onde se encontra a USS Daejeon.
Cortez trata de relatar ao capitão:
Cortez trata de relatar ao capitão:
- Estamos
nos aproximando das coordenadas da Daejeon,
senhor. Ao alcance dos sensores em dois minutos.
- Reverter
para impulso, sr. Cortez – ordena Nardelli.
- Sim,
capitão.
A Frontier sai da velocidade de dobra e
passa a se locomover em impulso. E pouco a pouco, vai se aproximando da Daejeon, que se encontra estática.
A USS Daejeon é uma nave estelar da classe Miranda, prefixo NCC-1931. Tem capacidade para até 250 tripulantes, e sua finalidade básica é de exploração e pesquisa científica. Seu capitão, Harold Driscoll, é um oficial da Frota Estelar bastante experiente, e estava no comando da nave já havia um bom tempo – especula-se que ele assumiu o comando da nave antes mesmo de James Kirk tornar-se capitão da Enterprise.
A USS Daejeon é uma nave estelar da classe Miranda, prefixo NCC-1931. Tem capacidade para até 250 tripulantes, e sua finalidade básica é de exploração e pesquisa científica. Seu capitão, Harold Driscoll, é um oficial da Frota Estelar bastante experiente, e estava no comando da nave já havia um bom tempo – especula-se que ele assumiu o comando da nave antes mesmo de James Kirk tornar-se capitão da Enterprise.
-
Estabelecendo contato visual, senhor – relata Cortez.
- Na tela! –
ordena Dan.
A imagem da Daejeon aparentemente à deriva aparece
na tela. Na ponte da Frontier, a
apreensão de Dan aumenta. Enquanto ele observa na tela a Daejeon completamente parada no espaço, o tenente Stanic tenta
contatá-la:
- USS Daejeon, aqui é a USS Frontier. Responda – diz ele, de seu
painel - USS Daejeon, aqui é a USS Frontier. Responda!
Nada se ouve
do outro lado da linha, apesar das tentativas insistentes de Stanic.
Visivelmente frustrado, o croata reporta a situação ao capitão:
- Eles não
respondem, senhor. Tentei todas as frequências subespaciais, e nada!
Dan fica
incrédulo com o relato de Stanic. E tenta contatar ele mesmo.
- Não é
possível... Abra um canal para a ponte da Daejeon,
sr. Stanic!
Stanic
executa alguns dígitos em seu painel. E acata a ordem.
- Canal
aberto, senhor.
- Capitão
Driscoll, aqui é o capitão Daniele Nardelli da USS Frontier. Recebi seu pedido de socorro. Por favor, responda se
estiver me ouvindo!
Mais uma
vez, ninguém responde. Dan insiste, com um desespero claro em sua voz:
- Capitão,
sou eu, Dan! Eu estou aqui pra ajudar, responda, por favor!
Apesar da
insistência de Nardelli, a única coisa que se ouve do outro lado da linha é o
total silêncio.
Uma sensação fria começa a subir pela espinha de Dan – o capitão fica paralisado, com o olhar fixo na tela, e ele começa a ter um mau pressentimento.
Uma sensação fria começa a subir pela espinha de Dan – o capitão fica paralisado, com o olhar fixo na tela, e ele começa a ter um mau pressentimento.
- Não estou
gostando disso! – Dan se senta em sua cadeira e volta para Seul-gi – Varredura
dos sensores, srta. Hong?
-
Executando...
A coreana
fixa seu olhar no painel por alguns segundos. E não acredita nas leituras que
recebe.
- Meu
Deus... isso é inconcebível! – exclamou ela.
- Informe! –
ordena o capitão.
Seul-gi
reluta por um instante. Mas descreve a situação a Dan – e ela não é nada
animadora:
- Os
sensores não estão captando sinais de vida, capitão!
- O que
disse?! – Dan quase salta da cadeira.
Não apenas o
capitão, mas todos na ponte da Frontier ficam
apavorados e apreensivos com o relatório de Hong. Não era para menos: nenhuma
nave permanece no espaço sem sua tripulação do nada – ainda mais uma nave com
capacidade para 250 tripulantes como a Daejeon.
Se os sensores da Frontier não estavam detectando sinais de vida, das duas uma: ou eles estavam com defeito – o que era absolutamente pouco provável, uma vez que a manutenção deles estava em dia – ou, de fato, algo extremamente sério aconteceu com a tripulação.
Dan, então, começa a cobrar detalhes de seus oficiais da ponte:
Se os sensores da Frontier não estavam detectando sinais de vida, das duas uma: ou eles estavam com defeito – o que era absolutamente pouco provável, uma vez que a manutenção deles estava em dia – ou, de fato, algo extremamente sério aconteceu com a tripulação.
Dan, então, começa a cobrar detalhes de seus oficiais da ponte:
- Consegue
detectar algum vestígio de dobra, sr. Cortez?
- Nada,
senhor – responde o alferes – Aparentemente a Daejeon era a única nave no setor antes da nossa chegada.
- Certo – o
capitão se volta para Hong – O que os sensores dizem sobre a estrutura da nave,
srta. Hong?
- Não há
danos aparentes no casco segundo as leituras. No entanto, os motores de dobra e
de impulso estão inoperantes; há alguns danos no deck da engenharia. O sistema
de suporte de vida também está comprometido.
- Tá de
brincadeira... – responde Dan, estarrecido – O que diabos aconteceu com essa
nave? E o que houve com Driscoll e a tripulação?
Hong deixa
seu painel, e se coloca na frente da cadeira do capitão.
- Só há um
jeito de descobrir: analisando a Daejeon
de perto – Seul-gi olha firme nos olhos de Dan – Capitão, permissão para comandar
um grupo avançado.
Nardelli
reluta por um momento. Mas no fim resolve acatar o pedido de Hong.
- Concedida.
Leve o doutor Lester e o sr. Okonwa com você. Tenente Andros, será o
encarregado da escolta.
- Sim,
senhor! – responde Andros, que imediatamente se dirige para o turbo-elevador.
- Levarei um
pesquisador da divisão de ciências também – diz Hong – Suspeito que a
tripulação pode ter sido acometida de uma doença ou algo parecido. Estou
considerando todas as hipóteses.
- Faça como
bem entender – respondeu Dan – O importante é descobrirmos o que aconteceu com
a Daejeon e com a sua tripulação.
- Sim,
capitão!
Hong se
dirige para o turbo-elevador. Mas é interrompida subitamente por Dan, que lhe
chama a atenção:
- Seul-gi!
Ela olha
para trás, e vê a tensão estampada no rosto do capitão.
- Tenha
cuidado! – diz Dan.
Hong assente
com a cabeça e sorri para o capitão. E entra no turbo-elevador.
***
Minutos
depois, o grupo avançado liderado por Hong teletransporta-se para a Daejeon, materializando-se na sala de
transporte da nave.
Além de Seul-gi, estão o doutor Lester, o tenente Andros, o engenheiro-chefe Okonwa e também o tenente Jake Lloyd, da unidade de pesquisa científica da Frontier – todos estão usando trajes EV, uma vez que o sistema de suporte de vida da Daejeon estava desativado por conta de danos sofridos.
Em princípio, o grupo não percebe nada suspeito na sala – todos olham em volta, até que o doutor Lester encontra alguém caído próximo ao painel da sala – um homem trajando uniforme de operações – com o olhar fixo e completamente inerte.
Ele o examina com o pequeno dispositivo de seu tricorder médico, enquanto Hong se aproxima para verificar.
Além de Seul-gi, estão o doutor Lester, o tenente Andros, o engenheiro-chefe Okonwa e também o tenente Jake Lloyd, da unidade de pesquisa científica da Frontier – todos estão usando trajes EV, uma vez que o sistema de suporte de vida da Daejeon estava desativado por conta de danos sofridos.
Em princípio, o grupo não percebe nada suspeito na sala – todos olham em volta, até que o doutor Lester encontra alguém caído próximo ao painel da sala – um homem trajando uniforme de operações – com o olhar fixo e completamente inerte.
Ele o examina com o pequeno dispositivo de seu tricorder médico, enquanto Hong se aproxima para verificar.
- Está morto
– constatou ele.
- Consegue
determinar a causa, doutor? – pergunta Seul-gi.
- É o que
estou verificando...
É quando
Lester percebe algo estranho no corpo do rapaz.
- Espere um
pouco! Dê só uma olhada nisso, Hong!
Jon aponta
para algumas marcas vermelhas que estavam no pescoço do oficial morto,
indicando-as para Seul-gi.
Ela observa e conclui de imediato:
Ela observa e conclui de imediato:
- Sinais de
estrangulamento?!
- Exato! –
afirma o doutor – Também detectei algumas lesões pelo corpo dele; o que
significa que ele deve ter entrado em confronto com alguém antes de morrer.
- Então ele
foi assassinado! – especula Hong.
- É
provável... – responde Lester – Mas quem pode ter sido? E por quê? Isso não faz
sentido!
- Certamente
foi alguém de dentro da nave – diz Seul-gi – Isso está cada vez mais
estranho...
Hong, então,
resolve distribuir ordens aos membros do grupo avançado:
- Sr.
Okonwa, vá até a engenharia e veja se consegue reparar o suporte de vida.
- Sim,
comandante! – responde Oko.
- Sr.
Andros, faça uma varredura pelos outros setores da nave. Procure por
sobreviventes.
- Sim,
senhora! - responde o romulano.
- Os demais
irão comigo até a ponte – complementa Hong – Ajustem os phasers para tonteio. Mantenham contato e informem se encontrarem
qualquer anormalidade.
Oko e Andros
assentem com a cabeça e deixam a sala de transporte. Enquanto isso, Seul-gi e
os outros se dirigem à ponte de comando da Daejeon.
Quando Hong,
Lester e o tenente Lloyd chegam à ponte, encontram um cenário desolador. Alguns
dos painéis encontram-se destruídos, soltando faíscas de eletricidade; e todos
os oficiais estão estirados pelos cantos, inertes.
- Meu
Deus... – exclamou Seul-gi, horrorizada.
- Pelas
barbas do profeta! – bradou Jon, boquiaberto – Mas o que diabos aconteceu nessa
nave?!
-
Simplesmente assustador... – disse Lloyd.
- Doutor,
examine esses corpos e veja se consegue determinar a causa das mortes – ordena
Hong – Certamente devem ter morrido nas mesmas circunstâncias que o oficial da
sala de transporte.
- Tudo bem –
assentiu Lester.
- Sr. Lloyd,
irá me auxiliar com as varreduras de tricorder. Verifique se há algo estranho
no ar ou nos instrumentos.
- Sim,
senhora.
Súbito, o
comunicador embutido no traje da comandante Hong começa a apitar. É um chamado
de Okonwa:
- Okonwa
para comandante Hong.
Seul-gi
pressiona um botão no canto esquerdo de seu capacete, próximo ao ombro, para
ativar seu comunicador e atender ao chamado.
- Aqui é
Hong. Prossiga, sr. Okonwa.
-
Comandante, os sistemas de propulsão de dobra estão seriamente danificados. Mas
a boa notícia é que consigo reparar o suporte de vida. Assim que eu finalizar
os reparos, vou redirecionar a energia da nave para o suporte.
- Quanto
tempo até concluir os reparos?
- Cerca de 5
a 10 minutos.
- Muito bem.
Execute!
- Sim,
senhora – responde Oko – Desligo.
Okonwa,
então, começa a trabalhar no reparo do suporte de vida da nave. Enquanto isso,
o tenente Andros vai caminhando pelos corredores da Daejeon, e o que ele vê é muito parecido com o que Hong e os outros
encontraram na ponte de comando: sinais de violência e danos superficiais nos
equipamentos, e corpos de tripulantes estirados pelo chão.
-
Assustador... – pensa o romulano, enquanto aciona seu comunicador – Andros para
comandante Hong!
- Aqui é
Hong – Seul-gi responde do outro lado da linha – Informe, tenente!
- Os
corredores da nave estão parecendo um cenário de guerra, comandante! – relata
Andros – Muitos tripulantes mortos e alguns danos superficiais nos corredores
dos decks.
- Não é
muito diferente do cenário aqui da ponte – responde Hong – Realmente aconteceu
algo muito sério nesta nave. Continue buscando sobreviventes. Mantenha-me
informada.
- Sim,
senhora! Desligo – Andros encerra a comunicação.
Na ponte,
Hong questiona o oficial de pesquisa, tenente Lloyd:
- Encontrou
alguma coisa, sr. Lloyd?
- Negativo,
senhora – responde Lloyd – As leituras não acusam nada. Aparentemente, não há
nada contaminado o ar nem os instrumentos.
- Os corpos
também demonstram apenas sinais de violência física – diz o doutor Lester – Mas
o que pode ter causado tudo isso?
Eis que
Seul-gi repara em algo estranho. A cadeira do capitão está ocupada.
No entanto, seu ocupante está completamente estático, inerte, com o olhar frio e fixo e sem demonstrar qualquer sinal de reação. É um homem aparentando quase 60 anos, cabelos grisalhos, corpo um pouco robusto e o uniforme azul de comando da Frota Estelar. Era ninguém menos que o capitão da USS Daejeon, Harold Driscoll.
No entanto, seu ocupante está completamente estático, inerte, com o olhar frio e fixo e sem demonstrar qualquer sinal de reação. É um homem aparentando quase 60 anos, cabelos grisalhos, corpo um pouco robusto e o uniforme azul de comando da Frota Estelar. Era ninguém menos que o capitão da USS Daejeon, Harold Driscoll.
Ao ver o
corpo inerte do capitão Driscoll, Seul-gi fica consternada.
- Não pode
ser! O Dan vai ficar arrasado...
De repente,
as luzes da ponte se acendem, e um ligeiro som de pressurização é ouvido. O
comunicador de Hong apita. É Okonwa chamando:
- Okonwa
para comandante Hong.
- Informe,
sr. Okonwa – Seul-gi atende prontamente.
- O suporte
de vida está operacional novamente. Os reparos foram bem-sucedidos.
- Bom
trabalho, tenente. Nos encontre na sala de transporte. Voltaremos para a Frontier dentro de instantes.
- Sim,
senhora.
Uma vez que
o ar dentro da Daejeon agora era
respirável, Hong e os outros recolheram os capacetes dos trajes EV, acionando
um botão próximo do ombro direito.
Seul-gi contata o tenente Andros:
Seul-gi contata o tenente Andros:
- Hong para
tenente Andros. Informe!
- Estou
terminando de vasculhar os decks, comandante. O cenário é o mesmo em todos os
cantos; aparentemente, não há sobreviventes!
- Isso é
terrível... – Seul-gi demonstra consternação na voz – Vá a sala de transporte e
nos aguarde por lá, tenente. Estamos voltando para a Frontier.
- Sim,
senhora!
Parecia que
a expedição do grupo avançado de Hong não ia dar em nada, e eles sairiam da Daejeon com mais perguntas do que
respostas.
Desolados,
Hong, Lester e Lloyd estavam se encaminhando para o turbo-elevador da ponte –
até que, de repente, um sujeito com um uniforme de comando avança em cima de
Lloyd e o agarra, aos berros, como se estivesse desesperado ou algo parecido.
A expressão no seu rosto era assustadora: os olhos estavam vermelhos e arregalados, como se ele estivesse sob o efeito de alguma droga entorpecente, e ele visivelmente estava fora de si.
A transpiração excessiva era outro detalhe que chamava a atenção.
A expressão no seu rosto era assustadora: os olhos estavam vermelhos e arregalados, como se ele estivesse sob o efeito de alguma droga entorpecente, e ele visivelmente estava fora de si.
A transpiração excessiva era outro detalhe que chamava a atenção.
Ao ver a
cena, Seul-gi imediatamente saca um phaser,
enquanto Lester observa surpreso, retirando discretamente algo de seu kit
médico.
Enquanto
isso, o sujeito ensandecido urra algo estranho, aparentemente sem sentido,
enquanto segura Lloyd pela cabeça:
- Arrependei-vos, reles mortais! – grita
ele, enquanto crava suas unhas no rosto do assustado Lloyd – O FIM ESTÁ
PRÓXIMO!!!
Ele aperta
com força o rosto de Lloyd, a ponto de deixar arranhões em seu rosto. Até que o
doutor Lester lhe chega por trás com um hipospray e injeta-lhe um anestésico,
fazendo-o ficar inconsciente.
- Está tudo
bem, tenente? – pergunta Jon.
- Sim... foi
só um susto, está tudo bem! – responde Lloyd, levando a mão ao rosto, na região
dos arranhões.
Apesar de
fazer esse relato ao doutor, Lloyd sente que algo estranho está acontecendo com
ele. A palma de sua mão começa a coçar, e ele se sente irrequieto.
Sem perceber nada, Hong e Lester deliberam sobre o indivíduo que encontraram vivo:
Sem perceber nada, Hong e Lester deliberam sobre o indivíduo que encontraram vivo:
- Pelo jeito
encontramos um sobrevivente – diz Jon – Temos que levá-lo para a Frontier, ele precisa de tratamento
médico o quanto antes!
- Com
certeza ele deve ter as respostas para o que aconteceu aqui – responde Seul-gi
– Vamos, doutor!
***
“Diário do Capitão – suplemento:
Quase toda a tripulação da Daejeon, incluindo o capitão Harold Driscoll, foi dizimada por um estranho surto de violência ocorrido dentro da nave.
Minha primeira-oficial, srta. Hong, foi a bordo da Daejeon com um grupo avançado, e encontrou um sobrevivente.
Ele está sendo tratado na enfermaria neste exato momento.”
Dan e Hong
acompanham, na enfermaria da Frontier,
o doutor Lester, que está tratando do sobrevivente resgatado da Daejeon.
Uma enfermeira assistente cuidou das feridas do rosto do tenente Lloyd, apenas superficiais – enquanto ela e Jon cuidavam do oficial resgatado, que estava deitado sobre uma das macas, inconsciente, o capitão e Seul-gi comentavam sobre o que houve:
Uma enfermeira assistente cuidou das feridas do rosto do tenente Lloyd, apenas superficiais – enquanto ela e Jon cuidavam do oficial resgatado, que estava deitado sobre uma das macas, inconsciente, o capitão e Seul-gi comentavam sobre o que houve:
- Ainda não
consigo acreditar que o capitão Driscoll está morto – diz Dan, demonstrando
luto em sua voz – Como isso pôde acontecer?
- Nada neste
caso está fazendo sentido, Dan – responde Seul-gi – Não encontramos nada na Daejeon que explicasse o que houve com
ele e com a tripulação. É tudo muito estranho...
- Tem alguma
suspeita, Seul-gi? – perguntou o capitão.
- Não
exatamente... – respondeu Hong, relutante.
- Especule –
disse Dan, com a voz direta.
- A julgar
pelo estado em que encontramos o sobrevivente, e também pelos sinais de
violência encontrados nos corpos dos tripulantes e nas dependências da nave,
suponho que alguma coisa dentro da Daejeon
fez a tripulação perder o controle e se confrontar uns com os outros de forma
violenta.
Seul-gi faz
uma pausa, e pensa por alguns segundos.
- Mas... eu
não consigo imaginar o que poderia ser tão devastador desse jeito. Eu nunca vi
nada parecido desde que entrei para a Frota Estelar!
- Teria que
ser algo capaz de provocar um desequilíbrio mental intenso... – palpitou Dan.
- Exato! –
Seul-gi sente a ficha cair, e esmurra a palma da mão – Um vírus, um parasita,
uma entidade alienígena... nenhuma hipótese pode ser descartada!
Súbito,
Lester entra em desespero. Algo está acontecendo com o paciente:
- Mas como
isso é possível?! – gritou ele.
Dan e
Seul-gi se aproximam da maca do sobrevivente.
- O que foi,
doutor? – perguntou Dan, apreensivo.
- Ele está
tendo uma parada cardíaca! – responde Jon, aos berros – Enfermeira, 10cc de
cordrazine, rápido!
- Sim,
doutor! – responde a enfermeira loira, assustada.
Rapidamente,
ela entrega um hipospray a Jon, que o injeta de imediato no paciente.
- E então? –
pergunta o doutor a enfermeira.
Ela olha o
monitor para verificar os sinais vitais. A resposta é desanimadora.
- Sem
efeito, doutor! A atividade cardíaca continua diminuindo!
- Não pode
ser! – Lester quase arranca os cabelos de desespero.
E não era
para menos. O cordrazine é um estimulante altamente eficaz, usado justamente
para estimular a atividade cardíaca em casos de insuficiência.
Em condições normais, ele funcionaria; no entanto, nem o doutor nem a tripulação da Frontier tinham ideia de com o que estavam lidando. Pois havia muito mais por trás deste incidente com a Daejeon do que eles imaginavam.
Em condições normais, ele funcionaria; no entanto, nem o doutor nem a tripulação da Frontier tinham ideia de com o que estavam lidando. Pois havia muito mais por trás deste incidente com a Daejeon do que eles imaginavam.
No monitor
da maca, todos os indicadores de sinais vitais caem de vez. Lester fica
inconformado, sob os olhares atônitos de Dan e de Seul-gi.
- Ele está
morto, Dan! Eu não posso acreditar, o estado dele nem era tão grave assim!
Diante do
diagnóstico, Dan e Seul-gi se entreolham, sem entender o que estava havendo.
- Isso é
mais sério do que pensei – diz o capitão – Srta. Hong, acesse o computador
central da Daejeon e copie os dados
dos diários de bordo. Leve-os para a sala de reuniões daqui a meia hora.
- Sim,
capitão!
Imediatamente,
Seul-gi se retira da enfermaria, enquanto o capitão fica pensativo, observando
o tripulante da Daejeon, agora morto.
***
Cerca de
meia hora depois, o capitão e todos os envolvidos na expedição à Daejeon, além de outros oficiais da
ponte como o alferes Cortez e alguns oficiais de segurança encontram-se na sala
de reuniões da Frontier.
O clima é de
apreensão total. Dan toma a palavra para si:
- Bem,
senhores, vamos recapitular os fatos. Primeiro, a Daejeon emitiu um pedido de socorro de prioridade 1. Quando
atendemos ao chamado, encontramos a nave avariada e sem qualquer tipo de
atividade. Depois, a srta. Hong comandou um grupo avançado e encontrou
praticamente toda a tripulação morta; durante a missão, um tripulante
ensandecido atacou o tenente Lloyd, do departamento de pesquisa científica. E
por fim, quando o trouxemos a bordo da Frontier
para ser tratado, ele veio a óbito, mesmo recebendo todo o devido tratamento do
doutor Lester...
Todos na
mesa ouvem as palavras de Dan com atenção. O tenente Lloyd dá alguns sinais de
que há algo errado com ele: começa a empalidecer e a transpirar, como se
estivesse com um calor insuportável. Entretanto, continua a ouvir as palavras
do capitão.
- A questão
é: algo muito estranho aconteceu a bordo da Daejeon.
Mas exatamente o quê?
- Havia
sinais de violência por todos os cantos da nave, capitão – relatou o tenente
Andros – No entanto, não havia nenhum indício de que essa violência havia sido
provocada por fatores externos. Tudo indica que foi a própria tripulação que
provocou tudo.
- Entendo –
Dan se volta para o doutor Lester – Qual o resultado da autópsia, doutor?
- A causa da
morte foi uma queda de pressão aguda seguida de parada cardíaca. O mais
estranho é que não detectei nada no organismo dele que pudesse provocar tais
reações.
- Que
bizarro... – exclamou o alferes Cortez, pasmo.
- Fiz uma
cópia dos diários da Daejeon conforme
me pediu, capitão – diz Hong – Ainda não os analisei por completo, mas
certamente devem conter informações esclarecedoras sobre os incidentes.
- Muito bem.
Reproduza – ordenou Nardelli.
Hong assente
com a cabeça e introduz um dos discos de dados no driver do computador da sala.
Em seguida, ela mexe em alguns dígitos do computador, e o conteúdo dos diários começa a ser reproduzido – a voz do agora falecido capitão Driscoll passa a ser ouvida nos alto-falantes, o que provoca arrepios e consternação em Dan:
Em seguida, ela mexe em alguns dígitos do computador, e o conteúdo dos diários começa a ser reproduzido – a voz do agora falecido capitão Driscoll passa a ser ouvida nos alto-falantes, o que provoca arrepios e consternação em Dan:
- “Diário do Capitão – Data Estelar: 7508.6. Acabamos
de descobrir uma nebulosa em um setor próximo a Makus III. Neste momento nossos
cientistas estão analisando sua composição.
Em
princípio, a informação não era relevante, uma vez que nada tinha a ver com a
situação.
- Continue –
ordenou Dan.
Prontamente,
Hong acatou a ordem. Mais um trecho do diário, então, foi reproduzido:
- “Diário do Capitão – Data Estelar: 7509.1.
Um dos oficiais da ponte se descontrolou de forma súbita, tornando-se agressivo
e dizendo coisas absolutamente sem sentido. Dispensei-o de suas funções e o
enviei à enfermaria.”
Ao ouvirem este
trecho, todos na sala ficam atônitos.
- Pode ter
sido aí que os incidentes a bordo da Daejeon
começaram – diz Hong.
-
Precisamente – responde Dan – Continue.
- “Diário do Capitão – Data Estelar: 7509.3.
Uma série de incidentes estranhos está ocorrendo por toda a Daejeon. Ainda estou tentando entender o que está
havendo, mas aparentemente, vários oficiais da nave perderam a cabeça! É como
se metade da nave tivesse enlouquecido da noite para o dia!”
- Foi quando
os incidentes começaram a se intensificar... – afirma Lester – Mas ainda não há
evidências concretas sobre o que provocou toda essa confusão...
Dan se vira
para Seul-gi e assente com a cabeça. Ela reproduz o restante dos registros.
- “Diário do Capitão – Data Estelar: 7509.8. A
situação na Daejeon está
absolutamente fora de controle, meus oficiais estão se atacando e fazendo
loucuras por toda a nave! Não tenho a mínima ideia do que pode ter começado
tudo isto... a única coisa que me resta é emitir um pedido de socorro e rezar
para o Comando da Frota Estelar tomar alguma providência...
Todos ficam
cada vez mais estarrecidos. À medida em que as gravações são reproduzidas, o
tom de desespero da voz do capitão Driscoll é notório.
Sem que ninguém note, o tenente Lloyd fica ainda mais estranho, com o olhar fixo, trêmulo e transpirando muito.
Sem que ninguém note, o tenente Lloyd fica ainda mais estranho, com o olhar fixo, trêmulo e transpirando muito.
Após
terminar de reproduzir o trecho, Hong faz sua observação:
- Esse é o
último registro feito pelo capitão Driscoll. Foi feito pouco antes de nossa
chegada.
- Foi quando
eles emitiram o pedido de socorro... – concluiu Dan – Certamente o capitão
Driscoll achou que poderia resolver a situação sozinho. Mas não conseguiu e
acabou apelando para essa medida extrema. Quando se deu conta, já era tarde
demais...
Já
completamente alterado, Lloyd não consegue se conter. Sua voz saiu em um tom
atravessado, trêmulo e assustado:
- Nós não
devíamos ter ido àquela nave... – murmura, quase gaguejando – Nós não devíamos
ter ido àquela nave...
- O que foi
que disse, sr. Lloyd? – Dan franze a testa.
A reação de
Lloyd é completamente inesperada, e pega todos de surpresa.
- NÓS NÃO
DEVÍAMOS TER IDO ÀQUELA NAVE, CAPITÃO!!! – berrou ele, levantando-se e batendo
violentamente as palmas das mãos na mesa – Será que o senhor não entende?!
Aquela nave é a fonte de toda a nossa desgraça! Agora estamos todos acabados!
- Tente se
acalmar, sr. Lloyd! – Dan se levanta e faz um gesto de calma com as mãos –
Estamos reunidos aqui justamente para tentar descobrir o que aconteceu. Não é
hora pra entrar em pânico!
- O senhor
não entende, capitão... – diz Lloyd, visivelmente fora de si – Estamos todos
acabados... ESTAMOS TODOS ACABADOS!!!
- Calma,
Jake, o capitão sabe o que está dizendo... – intervém Cortez, segurando Lloyd
pelos braços – Ele e os outros vão fazer o possível pra solucionar essa
situação! “¡Acalmate, hombre!”
- O que é
que você sabe, seu moleque?! – responde o tenente, rangendo os dentes – SAI DA
MINHA FRENTE!!!
Eis que
Lloyd acerta um cruzado de direita em Cortez, para o espanto de todos. O
espanhol cai no chão, e o tenente ensandecido voa em cima dele, esmurrando-o e
tentando esganá-lo.
De imediato, dois oficiais de segurança avançam sobre Lloyd e o tiram de cima de Cortez, segurando-o fortemente pelos braços. A reação dele é violenta.
De imediato, dois oficiais de segurança avançam sobre Lloyd e o tiram de cima de Cortez, segurando-o fortemente pelos braços. A reação dele é violenta.
- Me soltem!
– gritou ele, se debatendo – Vocês não entendem... estamos todos acabados...
acabados... ACABADOS!!!
Ao ser
conduzido pelos oficiais de segurança para fora da sala de reuniões, Lloyd
consegue livrar um de seus braços, e acerta uma cotovelada no estômago de um
dos oficiais. Em seguida, nocauteia o outro com um soco certeiro no queixo e
sai correndo pelo corredor.
Todos
presenciam a cena, sem qualquer reação. O capitão Nardelli transmite ordens ao
tenente Andros:
- Alerta de
segurança, sr. Andros! Coloque todos os homens atrás do tenente Lloyd! Phasers em tonteio!
- Sim,
capitão! – Andros dirige-se ao terminal do INTERCOMM da sala de reuniões – Todos
os decks, alerta de segurança! O tenente Lloyd está fora de controle, temos que
contê-lo!
O alarme
começa a soar por toda a Frontier.
Todos os oficiais de segurança espalhados pela nave recebem o aviso, e ficam de
prontidão.
Na sala de
reuniões, Dan e o doutor Lester socorrem o alferes Cortez.
- Está tudo
bem, Hernando? – pergunta Dan.
- Tudo bem,
capitão... não foi nada... – diz Cortez, enquanto se levanta.
O canto da
boca do alferes começa a sangrar, em decorrência do soco de Lloyd. O capitão
transmite suas ordens ao doutor Lester e aos demais:
- Leve-o pra
enfermaria, doutor – Nardelli se volta para Andros – Tenente, vou acompanha-lo,
vamos atrás do Lloyd. Os demais estão dispensados. Srta. Hong, a ponte é sua.
- Sim,
capitão! – diz Seul-gi.
Todos se
retiram da sala de reuniões. Dan e Andros vão atrás de Lloyd, enquanto Jon leva
Cortez para a enfermaria.
***
O tenente
Lloyd vaga pelos corredores da Frontier,
completamente desorientado. Transpirando muito e com uma expressão de pavor no
rosto, ele parece não saber aonde ir. Dois oficiais de segurança que faziam a
ronda naquele setor da nave o avistam.
- É ele!
Parado! – gritam.
O oficial de
ciências sai correndo, enquanto um dos seguranças vai atrás dele. O outro se
dirige ao INTERCOMM e solicita reforço:
- O tenente
Lloyd foi visto no deck 26. Solicito reforço urgente!
Em outro
deck da nave, o capitão ouve o comunicado e se dirige ao local, juntamente com
o tenente Andros.
- Vamos! –
diz ele ao tenente.
No deck 26,
um oficial de segurança alcança Lloyd e o derruba no chão, na tentativa de
imobilizá-lo. Acaba levando um soco certeiro no rosto, e na sequência, Lloyd
toma seu phaser.
Quando
outros três uniformes vermelhos o alcançam, ele ajusta a arma para matar e a
aponta para eles:
- Não se
aproximem! – grita ele, completamente trêmulo e apavorado – Ou então eu atiro!
- Acalme-se,
rapaz! – diz um dos seguranças – Está tudo bem, ninguém vai te fazer mal algum!
- Vocês não
entendem... – Lloyd se desespera ainda mais – VOCÊS NÃO ENTENDEM!!!
Lloyd
encosta o dedo no gatilho da arma phaser.
Mas, antes de efetuar um disparo que poderia ser fatal, ele recebe um tiro
pelas costas e cai inconsciente no chão, tonteado.
O capitão
Nardelli, autor do disparo com um phaser portátil
do tipo 1, entra em cena junto com o tenente Andros.
- Os
senhores estão bem? – perguntou Dan.
- Sim,
capitão! – responde um dos seguranças.
- Ótimo –
diz o capitão – Levem o tenente Lloyd para a enfermaria. E fiquem de olho nele.
- Sim,
senhor! – responde outro segurança.
Os oficiais
de segurança colocam o inconsciente Lloyd nos ombros e o carregam em direção à
enfermaria.
Andros revela suas suspeitas ao capitão, enquanto os dois observam a cena:
Andros revela suas suspeitas ao capitão, enquanto os dois observam a cena:
- Ele estava
estranho desde que voltou da Daejeon,
capitão. O que quer que estava naquela nave, deve ter contaminado ele também.
- Minha suspeita
é exatamente a mesma, tenente – responde Dan, com uma expressão preocupada no
rosto – Parece que nós mexemos em um vespeiro...
***
Minutos
depois, na ponte, o tenente Stanic informa a comandante Hong, que está sentada
na cadeira do capitão, sobre a resolução do incidente com o tenente Lloyd:
- Comandante,
a segurança informa que o tenente Lloyd foi interceptado no deck 26. Ele acabou
de chegar na enfermaria.
- Informe o
Comando da Frota Estelar a respeito, tenente – ordena Hong – E informe também
sobre a situação com a Daejeon.
- Sim,
senhora!
No painel do
leme, Cortez começa a se sentir esquisito. Ele olha para as palmas das mãos, que
começam a coçar, e ele começa a transpirar em excesso – exatamente como
aconteceu com Lloyd.
O contato agressivo com o oficial de ciências transmitiu-lhe o mal misterioso da Daejeon.
Sem saber de nada, Hong o questiona:
O contato agressivo com o oficial de ciências transmitiu-lhe o mal misterioso da Daejeon.
Sem saber de nada, Hong o questiona:
- Situação
dos instrumentos, sr. Cortez?
- Hã?! – o
alferes parece disperso – Quer dizer... os instrumentos estão... operando
normalmente, comandante.
O
comportamento errático de Hernando desperta a desconfiança de Seul-gi. Ela o
observa com atenção, e percebe que há algo errado – ela nota que seus sintomas
são semelhantes aos do tenente Lloyd na sala de reuniões. E resolve
questioná-lo:
- Está se
sentindo bem, alferes?
- Sim... –
responde Cortez, hesitante – Quer dizer... eu estou morrendo de calor...
Cortez
começa a ficar agitado, como se tivesse uma taquicardia repentina. Seul-gi
arregala os olhos.
- Eu não
sei... eu realmente estou me sentindo esquisito... – o espanhol começa a ofegar
– Permissão... pra deixar o meu posto, comandante?!
Hong reluta
por um instante. Mas acaba acatando o pedido de Cortez:
- Concedida.
Vá até a enfermaria e fale com o doutor Lester. Mantenha-me informada.
- Sim,
senhora – Cortez mexe no cabelo, ensopado de suor – Obrigado...
Meio
cambaleante e ofegante, o alferes se dirige ao turbo-elevador. Assim que ele
deixa a ponte, Seul-gi abre um canal da cadeira do capitão para a segurança,
colocando-a em alerta:
- Segurança,
aqui é Hong. O alferes Cortez está se dirigindo à enfermaria. Assegurem-se que
ele chegue ao seu destino.
Assim que
encerra a comunicação, Seul-gi olha para a imagem da Daejeon na tela principal.
E sente um frio na espinha.
- Estou com
um mau pressentimento... – pensou ela, em voz alta.
***
Na enfermaria,
o tenente Lloyd encontra-se sedado, recebendo a atenção do doutor Lester, que o
examina.
O capitão Nardelli também está lá, observando a ação do doutor:
O capitão Nardelli também está lá, observando a ação do doutor:
- Como ele
está, doutor? – perguntou Dan.
- Ele está
estável – responde Jon – Pelo jeito ele vai sobreviver. Ao menos eu espero.
Jon suspira
por um momento.
- Ainda com
o oficial da Daejeon na cabeça, Jon?
– questiona Dan.
- Eu ainda
não consigo entender, Dan! Os ferimentos dele nem eram tão graves assim... Tudo
bem, eu já perdi pacientes antes, mas não desse jeito!
- Vai ver...
ele perdeu a vontade de viver por algum motivo. Não há uma explicação lógica...
- Me
surpreende também a atitude do tenente Lloyd... eu vi a ficha dele há pouco, e
ele não tem nenhum histórico de problemas psiquiátricos! Como ele pode ter
reagido daquele jeito?
Eis que a
ficha de Jon cai. E ele se recorda do incidente com o grupo avançado a bordo da
Daejeon.
- Espere um
pouco! – exclamou – Agora que eu lembrei! O Lloyd foi atacado e ferido no rosto
pelo oficial da Daejeon!
- O que
disse?! – pergunta Dan, surpreso.
- É isso
mesmo, Dan! Ele avançou em cima do Lloyd e arranhou o rosto dele! Ele
certamente devia estar com os mesmos sintomas que o Lloyd apresentou!
- E seja lá
o que ele tinha... ele passou para o tenente Lloyd! – conclui o capitão.
- Exato! –
concordou Lester – Como se fosse um vírus ou algo do tipo!
Súbito, o
terminal de INTERCOMM da enfermaria apita. É um chamado de Hong, da ponte.
- Ponte para
enfermaria!
- Aqui é
Nardelli – Dan resolve atender o chamado – Prossiga, srta. Hong!
- Mandei o
alferes Cortez para se submeter a exames há pouco mais de cinco minutos atrás.
Sabe se ele apareceu, capitão?
- Não –
responde Dan – Até agora ele não apareceu por aqui. O doutor Lester ainda está
tratando do tenente Lloyd.
Dan também
fica desconfiado ao ouvir o questionamento de Seul-gi. E resolve lhe perguntar:
- Que
sintomas ele estava apresentando?
- Ele estava
agitado, disperso e transpirando muito. Muito parecido com o tenente Lloyd
antes do incidente na sala de reuniões.
- O Lloyd
pode ter transmitido a doença pra ele. Ele foi atacado pelo tripulante da Daejeon que morreu aqui, antes de
retornar para a Frontier.
- Tenho a
mesma suspeita, capitão. Eu também presenciei o ataque ao tenente Lloyd na ponte
da Daejeon.
- Ou seja...
o que aconteceu na Daejeon... agora
está acontecendo aqui! – Dan faz uma pausa – Coloque a segurança em alerta,
srta. Hong! E solicite a todos que tiveram contato direto com o tenente Lloyd
para comparecerem à enfermaria o quanto antes!
- Sim,
capitão! – responde Seul-gi – Desligo.
Lester ouve
toda a conversa, e fica atônito. Sente como se uma tempestade estivesse se
aproximando.
- E agora,
capitão? – pergunta ele a Dan – Ainda nem sei direito com o que estamos
lidando! Como vou dar conta de toda essa demanda?!
- Tente se
manter tranquilo, Jon – responde Dan – Faça o que puder. Coloque Lloyd sob
quarentena. Descubra o que está provocando tudo isto e tente encontrar uma
cura. Vou tentar localizar o Cortez antes que ele faça qualquer besteira!
Dan corre
para a porta automática, e sai apressado da enfermaria.
- Como se
fosse fácil! – resmunga Jon, dando um tapa na própria testa – Oh, céus... onde
eu estava com a cabeça quando me enfiei nessa nave?!
Alguns
minutos depois, no deck da engenharia, o alferes Cortez se aproxima
furtivamente da porta do setor. Ele está com alguma coisa no topo da cabeça,
semelhante a uma máscara, além de um largo sorriso no rosto e um riso baixo.
Uma atitude típica de alguém que está prestes a aprontar uma travessura.
Lá dentro, o tenente-comandante Okonwa realiza uma inspeção nos motores de propulsão de dobra.
Lá dentro, o tenente-comandante Okonwa realiza uma inspeção nos motores de propulsão de dobra.
- Relatório,
alferes – diz ele a um de seus subordinados.
- Fluxo de
plasma normal, senhor – responde o jovem engenheiro, trajado com o uniforme de
operações – E os reatores de antimatéria também estão operando normalmente.
- Ótimo! –
responde Oko, que se volta a um outro subordinado em seguida – E as matrizes
dos cristais de dilítio?
- Matrizes
de dilítio operando a 80 por cento, senhor – responde o oficial – Sem quaisquer
anormalidades.
De repente,
a porta automática se abre, e Cortez entra correndo, já com a máscara no rosto
– que mais parecia uma caricatura do pintor espanhol Salvador Dalí, no melhor
estilo La Casa de Papel – e duas
pistolas phaser nas mãos.
Rindo enlouquecidamente, ele grita algumas palavras em espanhol, enquanto aponta as armas para Oko e os oficiais da engenharia, que se demonstram surpresos:
Rindo enlouquecidamente, ele grita algumas palavras em espanhol, enquanto aponta as armas para Oko e os oficiais da engenharia, que se demonstram surpresos:
- ¡Todos a la pared, sus putos cabrones de
mierda! ¡Esto es un atraco! (“Todos para a parede! Isto é um assalto!)
Oko se
demonstra espantado com o que vê. Assim como os outros oficiais da engenharia.
***
Cortez ri de
forma histérica, enquanto ameaça os oficiais da engenharia com os phasers, levando todos a um canto da
sala.
Oko reconhece a voz do alferes debaixo da máscara. Se coloca um passo à frente, e tenta dialogar:
Oko reconhece a voz do alferes debaixo da máscara. Se coloca um passo à frente, e tenta dialogar:
- Alferes
Cortez?! Mas o que significa isso?
- Ora... –
Cortez ainda ri – Tenemos un hombre de cojones
aquí... ¡Me gusta eso! (“Temos um homem de coragem por aqui... Eu gosto
disso!”)
O espanhol ri
e aponta um dos phasers para um dos
painéis da sala. E atira. Todos os oficiais da engenharia se assustam e se
espremem no canto.
Okonwa permanece firme na frente de Cortez. Mas o jovem mascarado mantém seu tom ameaçador.
Okonwa permanece firme na frente de Cortez. Mas o jovem mascarado mantém seu tom ameaçador.
Na ponte,
Stanic recebe um alerta em seu display, informando sobre o dano causado. Ele o
informa à comandante Hong:
- Alerta de
danos na engenharia, comandante! – exclamou.
- O que disse?!
– Hong quase salta da cadeira.
De volta à
engenharia, Cortez continua a confrontar Okonwa, de armas em punho:
- Pero esto no es un puto juego, amigo. Si no
te quieres morir, entonces vaya para junto de sus compañeros. ¡Ahora!
- Está bem –
Oko estende as palmas das mãos, pedindo calma – Mas sabe que isso vai ter
consequências, não sabe?
- ¿Estás hablando de la policía? (Está
falando da polícia?) – pergunta Cortez - ¡Yo
no soy temeroso de la policía! ¡Son todos un puto montículo de basura! (Eu
não tenho medo da polícia! Eles não passam de um monte de lixo!)
O alferes,
então, vai até o terminal do INTERCOMM e abre um canal para toda a nave. E
começa a fazer exigências totalmente desconexas da realidade, em seu idioma
nativo:
- Comunico a todo el país: yo tengo veinte y
tres rehénes en mi poder. Y dentro de cuarenta y ocho horas, yo quiero todo el
oro del Banco de España. Si no cumplen mis requisitos, yo voy a matar todos los
putos rehénes, uno a uno. (Comunico a todo o país: tenho vinte e três reféns
em meu poder. E dentro de quarenta e oito horas, quero todo o ouro do Banco da
Espanha. Se não atenderem minhas exigências, vou matar todos os reféns, um a
um)
A
transmissão é ouvida em toda a Frontier.
E claro, na ponte de comando. De imediato, Hong identifica a voz do alferes nos
alto-falantes.
- É Cortez!
– Seul-gi se volta para Stanic – Sr. Stanic, identifique a fonte da
transmissão!
Não demora
muito para Stanic identificar a origem.
- Vem da
engenharia, comandante! – informou ele.
- Então foi ele
quem provocou os danos... – conclui Hong.
Seul-gi abre
um canal para o comunicador do capitão. E o informa da situação:
- Capitão,
localizamos o alferes Cortez! Ele está na engenharia!
- Eu também
ouvi a transmissão dele! – responde Dan, no meio de um dos corredores – Alerte
a segurança, srta. Hong! Estou me dirigindo para lá!
- Tenha
cuidado, Dan! – diz Seul-gi –
Aparentemente ele está fora de controle. Pelo que ele disse, ele está armado e
com reféns!
- Estou
ciente disso, Seul-gi! Mantenha um canal aberto! Desligo.
Dan guarda o
comunicador, e se dirige à engenharia.
***
Na sala da
engenharia, o clima continua tenso. O mascarado Cortez continua a ameaçar Oko e
seus subordinados com os phasers,
enquanto continua dizendo coisas completamente fora de nexo, em espanhol:
- No es nada personal, señores. Solo quiero
hacierme rico lo suficiente para salir deste puto país de mierda... y pasar el
resto de mi vida em una isla de Caribe o algo así... (Não é nada pessoal,
senhores... Só quero ficar rico o suficiente para sair deste maldito país... e
passar o resto da minha vida em uma ilha do Caribe ou algo assim...)
Todos olham
com espanto para Cortez. Até que Dan chega, juntamente com Andros e outros
oficiais de segurança.
- Sr.
Cortez! – exclama o capitão, com os olhos arregalados ao ver a cena e apontando
seu phaser – Eu não sei o que pretende, mas está colocando em risco a vida de
todos aqui. Abaixe as armas e vamos conversar...
- Ah... – Cortez solta um riso cínico e levanta a
máscara, revelando seu rosto suado – Te
deves ser el negociador, yo supongo... Creo que hay escuchado mis requisitos...
(Você deve ser o negociador, eu suponho. Acredito que tenha ouvido minhas
exigências...)
Dan, Andros
e outros dois oficiais de segurança apontam os phasers na direção de Cortez. A situação fica ainda mais delicada.
Cortez, então, resolve fazer um ultimato:
- ¡Y también deves ter escuchado que estoy con
rehénes aqui! ¡Ahora, abaja la puta arma, o entonces voy a matar a todos! (E
também deve ter ouvido que estou com reféns aqui! Agora, abaixe a sua arma, ou
então vou matar todos eles!)
-
Acalme-se... – a expressão no rosto de Dan começa a ficar tensa.
Ele resolve
colocar seu phaser no chão. E ordena
os outros a fazerem o mesmo:
- Abaixem as
armas...
Andros e os
outros abaixam as armas. Devagar, Dan começa a andar na direção de Cortez.
- Está tudo
bem, sr. Cortez – diz ele, tentando demonstrar tranquilidade – Ninguém vai te
fazer mal aqui. Está tudo bem...
- ¡Callate, hombre! (Cale a boca!) –
gritou o espanhol, nervoso - ¡Yo quiero
mi oro! ¿Donde estás? (Eu quero o meu ouro! Onde está?)
Dan continua
a se aproximar. Cortez fica ainda mais nervoso e agitado.
- ¿Donde estás el oro? ¡¡¡Donde estás el puto
oro, hostia!!! (Onde está o ouro? Onde está o maldito ouro, droga!) –
gritou o alferes.
- Sr.
Cortez, calma! – exclama Dan, estendendo as palmas das mãos - ¡Tranquilo, Hernando, tranquilo!
Nisso, dois
oficiais da engenharia resolvem reagir. Eles avançam em Cortez, e seguram-no
pelos braços.
Instintivamente, ele acaba apertando os gatilhos dos phasers e acertando alguns lugares da sala – um dos tiros atinge em cheio um duto de plasma, que se rompe.
Oko pega uma chave hidráulica que estava por perto, e acerta um golpe na nuca do espanhol, que cai desmaiado no chão.
Instintivamente, ele acaba apertando os gatilhos dos phasers e acertando alguns lugares da sala – um dos tiros atinge em cheio um duto de plasma, que se rompe.
Oko pega uma chave hidráulica que estava por perto, e acerta um golpe na nuca do espanhol, que cai desmaiado no chão.
- Você está
bem, Oko? – pergunta Dan.
- Estou bem,
capitão – responde Okonwa – Ninguém aqui se feriu, apesar de toda a confusão.
Enquanto
isso, um alerta sonoro é ouvido dentro da engenharia:
- Alerta!
Vazamento de plasma! Procedimentos de evacuação necessários!
- Ele
acertou um dos dutos de plasma, capitão – relatou Oko – Se continuar assim,
tanto a tripulação quanto os propulsores estarão em risco!
- Cuide
disso – ordenou Dan – Retire todo o pessoal não-essencial e tente conter o
vazamento!
- Sim,
capitão! – responde o africano.
Em seguida,
Dan olha para o alferes Cortez, agora caído. E se volta para os oficiais de
segurança que acompanham Andros.
- Levem o atracador para a enfermaria – ordena o
capitão, com uma mistura de tensão e sarcasmo na voz – Peçam para o doutor
Lester cuidar dele.
- Sim,
senhor! – diz um dos camisas vermelhas.
Os dois
seguranças colocam Cortez nos ombros e o carregam rumo à enfermaria. Enquanto isso,
Hong chega, em tempo de observar a cena.
- E então,
capitão? – pergunta ela.
- A situação
está controlada – responde Dan – No entanto, a gente tem que sair daqui, há um
vazamento em um dos dutos de plasma. O sr. Okonwa está trabalhando pra
contê-lo.
Seul-gi
assente com a cabeça. Os dois saem da sala da engenharia.
Já em meio aos corredores, ela resolve relatar suas observações sobre os incidentes com Lloyd e Cortez:
Já em meio aos corredores, ela resolve relatar suas observações sobre os incidentes com Lloyd e Cortez:
-
Interessante... – diz ela – Parece que há um padrão nesses surtos...
- O que quer
dizer, Seul-gi? – Dan fica curioso.
- Em ambos
os casos, as vítimas demonstraram uma perda total do autocontrole – responde
Hong – Não é uma simples coincidência.
- Explique –
o capitão franze a testa.
- No
incidente da sala de reuniões, o tenente Lloyd demonstrou um pavor profundo que
possuía da Daejeon. E agora, na
engenharia, o alferes Cortez agiu pensando que era um personagem de um antigo
seriado espanhol de streaming. Em
ambos os casos, os dois colocaram pra fora aquilo que estava enterrado nos
níveis mais profundos de suas mentes...
Dan arregala
os olhos, enquanto Seul-gi faz sua conclusão:
- O que quer
que tenha acometido os dois... é algo que ataca diretamente a mente. E traz à
tona os sentimentos mais íntimos das pessoas.
- Então, foi
isso o que provocou o caos na Daejeon...
– conclui Dan.
-
Precisamente, Dan – responde Seul-gi – e agora está acontecendo a bordo da Frontier.
- Meu
Deus... – o capitão se demonstra assustado com as conclusões de Hong – A coisa
é pior do que eu pensava... Mas como vamos enfrentar isso?
***
“Diário do Oficial Médico-chefe – Data Estelar: 7510.4
O incidente envolvendo a USS Daejeon trouxe à tona um estranho mal, que faz as pessoas perderem totalmente o autocontrole.
Até agora, a doença fez duas vítimas na Frontier: o tenente Lloyd e o alferes Cortez.
Com o intuito de buscar a origem desta doença, e prevenir um estrago maior, estou buscando informações a respeito no banco de dados da Frota Estelar.”
Mesmo com a
movimentação intensa na enfermaria, Lester se coloca diante de seu computador.
E lhe transmite um comando:
-
Computador, verificar registros de surtos de loucura ocorridos em naves
estelares nos arquivos médicos do banco de dados da Frota Estelar.
-
Verificando registros... – diz uma voz feminina saída do computador.
Em questão
de segundos, o computador localiza um registro de um caso semelhante ao
ocorrido na Daejeon, e que agora
acomete a Frontier. E as suas
revelações surpreendem Jonas Lester:
- Há
registro de um caso ocorrido na Data Estelar 1704.4. Na ocasião, um surto de
uma doença cujos sintomas eram agitação, excesso de transpiração e perda
completa do autocontrole acometeu a tripulação da USS Enterprise, à época capitaneada por James Tiberius Kirk.
- A Enterprise?! – Lester arregala os olhos
– Eu não acredito nisso!
Jon
realmente ficou incrédulo. Não lhe passara pela cabeça que algo daquele tipo
poderia acontecer a bordo da mais célebre das naves estelares da Frota, a Enterprise.
No entanto, foi ali que ele enxergou uma luz no fim do túnel. Se a Enterprise passou por aquilo e voltou inteira de sua missão, logo a Frontier também poderia superar esse problema.
No entanto, foi ali que ele enxergou uma luz no fim do túnel. Se a Enterprise passou por aquilo e voltou inteira de sua missão, logo a Frontier também poderia superar esse problema.
Sem
pestanejar, ele questionou ao computador:
-
Computador, detalhes sobre este caso!
- A Enterprise foi enviada ao planeta Psi-2000,
que se extinguiu na Data Estelar anteriormente mencionada, para resgatar uma
equipe de pesquisa alocada naquele planeta; no entanto, todos os seus
integrantes foram encontrados mortos. Suspeita-se que a doença foi trazida a
bordo da Enterprise por um de seus
tripulantes, que morreu horas depois de retornar à nave. Depois de muito
esforço, a cura foi descoberta por seu oficial médico-chefe à época, o doutor
Leonard H. McCoy.
- Pelas
barbas do profeta! – exclamou Lester – Quando eu ia imaginar que a solução
desse problema poderia vir da Enterprise?!
Computador, localize o doutor Leonard McCoy. Utilizar frequências
subespaciais.
Depois de
mais alguns segundos, o computador informa a localização exata do médico-chefe
da Enterprise:
- O doutor
McCoy está participando de um congresso de medicina em Deneb IV. De acordo com
os registros, o congresso se encerra daqui a dois dias.
- Excelente!
– comemorou Lester – Contate-o e solicite retorno com urgência. Enviar mensagem
de prioridade 1!
- Afirmativo
– respondeu o computador.
Lester olha
para a tela do computador. E sorri.
- Parece que
estamos prestes a virar o jogo... – diz.
***
“Diário do Capitão – Data Estelar: 7510.6A doença misteriosa transformou a Frontier em um pandemônio. Em questão de pouco tempo, quase a metade da tripulação enlouqueceu!
Relatos de incidentes chegam a todo momento – aparentemente, a segurança não está dando conta de tantas ocorrências.
A principal pergunta que me faço é: como vamos combater essa doença? Será que nós teremos o mesmo destino da Daejeon?”
O capitão
Nardelli encontra-se sentado em sua cadeira na ponte de comando, visivelmente
tenso – sua sensação é a de que a situação está saindo do controle.
Para seu desespero, Stanic lhe faz mais um relato perturbador:
Para seu desespero, Stanic lhe faz mais um relato perturbador:
- Registros
de incidentes nos decks 13 e 15, senhor. A segurança informa que há brigas e
confusões nesses decks.
- Não,
não... De novo não, cazzo! – bradou
Dan, desesperado, esmurrando um dos braços de sua cadeira – Será que não há
meio de conter essa praga?!
- As
ocorrências estão aumentando gradativamente – relata Hong, de seu painel –
Também há registros de danos nos decks 21 a 27.
A expressão
no rosto de Seul-gi também não é das melhores. Logo após dar essa informação ao
capitão, ela faz uma previsão pessimista:
- Capitão...
se continuar assim, é uma questão de tempo até toda a nave entrar em colapso!
- Mas o que
a gente pode fazer?! – diz Dan, quase levantando a voz.
Eis que um
sinal sonoro é ouvido na cadeira do capitão. É uma transmissão do doutor Lester.
- Enfermaria
para capitão!
- Aqui é
Nardelli – responde Dan, prontamente e suspirando – Prossiga, doutor!
- Dan, acho
que encontrei uma solução para o nosso problema! Vou lhe explicar em detalhes
pessoalmente, você simplesmente não vai acreditar!
- Até que
enfim uma boa notícia... – diz o capitão, com a voz atravessada – A caminho.
Dan se
levanta de sua cadeira. E volta seu olhar para Seul-gi:
- Srta.
Hong?
Seul-gi
assente com a cabeça. Deixa sua plataforma e acompanha Dan até o turbo-elevador.
- Sr.
Andros, assuma a ponte – ordenou Dan, antes de sair.
- Sim,
senhor – responde o romulano, que permanece em seu painel, ao lado do leme.
Minutos
depois, na enfermaria, o doutor Lester informa Nardelli e Hong sobre o
relatório que obteve por meio do computador.
Dan simplesmente fica incrédulo:
Dan simplesmente fica incrédulo:
- O que você
está me dizendo, Jon?! A Enterprise também
teve um surto dessa doença?
- Bom, pelo
menos foi o que o computador me informou – respondeu Jon – Se a informação
estiver correta, então, quem sabe mais detalhes sobre essa doença é o doutor
Leonard McCoy.
- O
médico-chefe da Enterprise... –
profere Hong.
- Exatamente
– responde Jon – Ele está em um congresso de medicina em Deneb IV. Solicitei
contato a ele em um canal de prioridade 1.
- Fez bem,
doutor... – diz Dan – Pelo que eu sei, o doutor McCoy é um médico bastante
experiente. Se a Enterprise conseguiu
se livrar dessa doença, ele deve saber como.
- Mas... o
que diz o seu relatório, doutor? – questiona Seul-gi.
- De acordo
com as informações, a doença se manifestou durante uma missão da Enterprise no planeta Psi-2000. Eles
foram a esse planeta resgatar uma equipe de cientistas, mas não tiveram
sucesso; esses cientistas morreram antes disso.
- Entendi –
assentiu Hong – Psi-2000 é um planeta já extinto. Era um planeta que ficava em
um setor próximo de Makus III.
- Makus
III... onde foi que eu ouvi esse nome...?! – questionou Lester.
Foi aí que
Hong teve um estalo. E ela se lembrou de um detalhe importante:
- Espere um
pouco! O capitão Driscoll registrou em seus diários que a Daejeon estava explorando uma nebulosa próxima a Makus III! Isso
foi antes dos incidentes começarem...
- O que isso
quer dizer, srta. Hong?! – perguntou Dan.
Seul-gi não
tem tempo de responder. Antes que o fizesse, a coreana sente alguém segurar sua
mão com força, logo atrás dela.
Para o desespero de todos, era Cortez, que estava deitado em uma das macas da enfermaria, e havia recobrado a consciência.
Para o desespero de todos, era Cortez, que estava deitado em uma das macas da enfermaria, e havia recobrado a consciência.
- Señorita... (Senhorita...) – diz ele,
com a voz baixa e meio grogue – Ayudame,
por favor... yo no quiero morir... (Me ajude, por favor... eu não quero
morrer...)
- Seul-gi! –
gritou Dan, desesperado.
- Enfermeira,
dê outro sedativo a ele, rápido! – ordenou o doutor Lester.
- S-sim,
senhor...
Mesmo
assustada, a enfermeira pega um hipospray e o injeta em Cortez, que volta a
adormecer.
No entanto,
o estrago já estava feito. Com uma expressão de total pavor no rosto, Seul-gi
olha para suas mãos, e as sente coçar. Em seguida, começa a encarar o capitão.
- Srta.
Hong! – Dan tenta acalmá-la – Seul-gi, fique calma! Está tudo bem...
Apesar da
tentativa de Dan, a reação de Seul-gi é completamente inesperada:
- Cale-se! –
gritou ela, completamente apavorada.
Logo depois,
Hong sai correndo da enfermaria. Dan segue logo atrás dela – mas antes, dá uma
ordem a Jon.
-
Mantenha-me informado, doutor!
O capitão
também sai da enfermaria apressado, enquanto Lester olha, paralisado, sem
entender nada.
***
Dan corre
desesperado pelos corredores da nave, em busca de Seul-gi. Em cada canto que se
olhe, a situação que ele encontra é a pior possível: balbúrdia e confusões de
todo tipo, por conta do efeito do vírus misterioso.
Em um canto, um oficial com um uniforme de comando segura uma rosa vermelha em uma de suas mãos, enquanto canta aos berros uma antiga canção irlandesa:
Em um canto, um oficial com um uniforme de comando segura uma rosa vermelha em uma de suas mãos, enquanto canta aos berros uma antiga canção irlandesa:
- “Vou
leva-la para casa, Kathleen...”
Em outro
canto, um oficial de ciências tenta agarrar uma outra, com o uniforme de
operações, que tenta fugir dele a todo custo; em outro, um outro oficial de
operações gargalha de forma histérica, com um pincel na mão.
O capitão presencia todas essas situações, mas seu principal objetivo era um só: encontrar Seul-gi e tentar ajuda-la de alguma maneira – ainda que o próprio Dan não soubesse exatamente como.
O capitão presencia todas essas situações, mas seu principal objetivo era um só: encontrar Seul-gi e tentar ajuda-la de alguma maneira – ainda que o próprio Dan não soubesse exatamente como.
Enquanto
isso, Hong chega em seus aposentos, com uma expressão no rosto que misturava
tristeza e desespero.
Ela chega em
frente a um espelho em uma das paredes, e começa a murmurar:
- O que eu
estou fazendo aqui? Por que eu estou aqui?
Com os olhos
marejados, ela começa a olhar em volta de sua sala. Era um quarto bem
confortável, com uma cama grande, duas poltronas, uma escrivaninha, um
sintetizador de comida e um armário, onde ela guardava suas roupas.
Ela se senta
em sua escrivaninha e coloca as mãos na nuca, transpirando e com os olhos
completamente marejados.
- Por que eu
estou aqui? – repete ela – Eu não tenho capacidade para estar a bordo dessa
nave! Por que eu estou aqui? POR QUE EU ESTOU AQUI?!?
Seul-gi se
debruça em sua escrivaninha. E chora de forma desesperada, como se estivesse
com uma tristeza extremamente profunda.
***
Enquanto isso, na enfermaria, o doutor Lester continua observando seus dois pacientes, o alferes Cortez e o tenente Lloyd, que seguem sedados e com os braços amarrados nas macas.
- Como eles
estão, enfermeira? – questiona ele.
- Ambos
estão estáveis, doutor – respondeu a loira.
- Ótimo...
Jon está
preocupado. A situação envolvendo o capitão e a comandante Hong ficou em sua
cabeça – ele perguntava a si mesmo se os dois ficariam bem.
Mas não demorou muito, e algo muito aguardado por ele aconteceu: o seu terminal de INTERCOMM apitou, acusando um chamado da ponte. Era Stanic:
Mas não demorou muito, e algo muito aguardado por ele aconteceu: o seu terminal de INTERCOMM apitou, acusando um chamado da ponte. Era Stanic:
- Ponte para
enfermaria!
- Aqui é
Lester! – Jon responde de imediato – Prossiga!
- Recebendo
transmissão de prioridade 1 do planeta Deneb IV, doutor. É o doutor Leonard
McCoy.
Stanic
atende prontamente ao pedido do doutor. Logo em
seguida, a imagem do doutor Leonard McCoy aparece no monitor de Jon: um homem
experiente, com seus quarenta e poucos anos de idade, ligeiramente magro,
cabelos castanhos curtos e lisos, e os olhos em um tom de azul
inacreditavelmente claro. Seu uniforme da Frota Estelar era diferente dos
demais: inteiramente azul-claro, como o usado pela tripulação da Enterprise durante a missão que
interceptou a sonda V’Ger.
Ao bater os olhos em McCoy, Lester fica completamente sem reação – na época da
Academia, tinha ouvido falar muito sobre ele, e todos os aspirantes a médico
(incluindo o próprio Jon) o tinham como referência.
- Doutor
McCoy?! – diz Lester, com a voz um pouco relutante.
- Sou eu
mesmo – responde McCoy, do outro lado da linha – Você deve ser o doutor Lester,
eu suponho.
- Sim, sou
eu – Jon se recompõe e começa a falar com mais firmeza – Sou o doutor Jonas
Lester, oficial médico-chefe da USS
Frontier. É um grande prazer conhece-lo... embora eu gostaria que as
circunstâncias fossem melhores.
McCoy parece
pegar no ar a tensão do doutor Lester. O médico-chefe da Enterprise fala de forma direta, mas demonstrando um tom
reconfortante em sua voz:
- Bom, pela
expressão no seu rosto, posso pressentir que está com problemas. Certamente
ninguém me mandaria uma mensagem de prioridade 1 à toa... mas me diga, em que
posso ajuda-lo, meu rapaz?
Lester
suspira por um instante. E resolve questionar McCoy sobre o incidente de
loucura ocorrido na Enterprise:
- Por onde
devo começar... Há alguns anos atrás, a USS
Enterprise foi contaminada por alguma coisa que provocou loucura e histeria
em sua tripulação, logo após uma missão no planeta Psi-2000. O senhor se
recorda deste incidente, doutor?
- Se eu me
lembro?! – a resposta de McCoy é categórica – Não tem como esquecer um negócio
daqueles, aquilo foi um deus-nos-acuda! Um cantando nos alto-falantes da nave
enquanto bagunçava a engenharia, o outro ameaçando todo mundo com uma espada
achando que era D’Artagnan... Por Deus, eu juro pra você que até hoje eu não
sei como eu também não enlouqueci...
Eis que o
“Magro” – como o agora almirante James Kirk, grande amigo de McCoy, costuma
chama-lo – tem um estalo em sua mente. E resolve questionar Jon sobre sua
situação:
- Espere um
pouco... Não vai me dizer que está tendo esses mesmos problemas na sua nave,
vai, doutor Lester?
- Gostaria
de poder te dar outra resposta, doutor McCoy, mas... – Lester faz uma pausa –
Infelizmente, sim.
- Meu
Deus... – McCoy fica horrorizado – E como foi que isso aconteceu com vocês?
-
Respondemos a um pedido de socorro de uma nave que estava no setor – explica
Jon – Quando chegamos, quase toda a tripulação da nave já estava morta. Conseguimos
resgatar um tripulante, mas ele não durou muito. Foi ele que acabou trazendo a
doença a bordo da Frontier.
- Me
responda uma coisa, doutor – questiona o Magro – Por acaso esse tripulante que
vocês resgataram estava transpirando em excesso?
- Exatamente
– responde Jon – Não só ele como todos os outros que contraíram a doença
apresentaram esse sintoma.
- Como eu suspeitava...
– diz McCoy.
- O que sabe
sobre a doença, doutor? – questionou Lester.
A partir
daí, o doutor McCoy passa a Jonas Lester informações vitais sobre a doença:
- A doença é
provocada por um vírus originário do planeta Psi-2000. Esse vírus é composto
por cadeias de moléculas complexas, e seu principal vetor é a água. Por este
motivo, o contágio se dá pela transpiração. Uma vez no organismo, o vírus entra
na corrente sanguínea e ataca os centros de autocontrole.
-
Inacreditável! – exclamou Lester, estupefato – E como foi que vocês da Enterprise conseguiram controlar essa
epidemia?
- Bem, eu
consegui isolar o vírus e produzir um antídoto a partir dele – responde McCoy –
Estou enviando a fórmula para você. Reproduza-a nas proporções exatas e sintetize
a quantidade que julgar necessária.
Lester fica
paralisado, enquanto McCoy sorri.
- Você me
parece ser um bom médico, Jonas – diz Leonard – Tenho certeza que vai se sair
bem.
- Muito
obrigado, doutor McCoy! – diz Jon, visivelmente animado – Eu lhe devo a minha
vida!
- Boa sorte,
doutor Lester – responde McCoy – Me informe se tudo correr bem.
- Pode
deixar! Muito obrigado, mais uma vez!
A
transmissão é encerrada. Imediatamente, o doutor Lester começa a trabalhar na
fórmula do antídoto.
***
Em seus
aposentos, Seul-gi continua debruçada em sua escrivaninha, chorando sem parar.
A campainha de sua porta toca mais de uma vez. E ela não atende. Mesmo assim, alguém consegue abri-la e consegue entrar. É ninguém menos que o capitão Dan Nardelli.
A campainha de sua porta toca mais de uma vez. E ela não atende. Mesmo assim, alguém consegue abri-la e consegue entrar. É ninguém menos que o capitão Dan Nardelli.
- Srta.
Hong! – diz ele, completamente ofegante.
A coreana se
levanta, e começa a encarar Dan com uma expressão não muito amistosa. Ele tenta
acalmá-la:
- Calma,
Seul-gi, está tudo bem... A gente precisa voltar pra enfermaria...
Visivelmente
nervosa, Hong começa a caminhar lentamente na direção do capitão.
- Por quê? –
disse ela, com os olhos marejados e um tom de voz completamente seco – Por que
você me trouxe aqui, capitão?
- Tente se
acalmar, Seul-gi – Dan estende as mãos – Você foi infectada. O doutor Lester
está trabalhando numa solução, você tem que acreditar em mim! Você não pode
simplesmente se deixar levar... Pense com clareza...
Mas não é o
que acontece. Repentinamente, Seul-gi se enfurece e vai para cima do capitão.
- Responda à
minha pergunta!!! – grita ela, enquanto agarra Dan pelo colarinho e o pressiona
violentamente contra uma das paredes.
Dan fica
assustado. Nunca havia visto Seul-gi sendo tão agressiva daquele jeito, durante
todo o tempo em que ele a conhecia. Aliás, aquela realmente não era a Seul-gi
que ele conhecia – já sob o efeito do vírus e transpirando muito, ela
visivelmente estava fora de si.
"Por que você me trouxe aqui, capitão? Responda á minha pergunta!!!" |
- Será que
você não entende, capitão?! – diz ela, aos berros, enquanto encara Dan nos
olhos – Não era para eu estar aqui! NÃO ERA!!! Eu não tenho nem nunca tive
capacidade para estar em uma nave como esta... Mas foi você quem me arrastou
até aqui... e agora eu estou longe de casa... da minha família... e tudo isto é
culpa SUA!!!
Seul-gi
acerta uma bofetada no rosto de Dan, que se vira para o lado, de tão forte que
foi o tapa. Mesmo com isso, ele persiste:
- Você não
sabe o que está dizendo, Seul-gi...
- Cale a
boca!!! – Hong vai pra cima de Dan, e começa a dar tapas violentos em seu ombro
– Você é um canalha, capitão Nardelli... VOCÊ É UM CANALHA!!!
- Pare com isso!!! – Dan levanta a voz de
forma repentina, e seu comportamento também começa a mudar – Eu disse que você não sabe o que você está dizendo! Se eu te trouxe aqui, é porque você é
mais capaz do que qualquer outra pessoa pra estar onde está! Você é muito
melhor do que pensa, então PARE DE CHORAMINGAR!!!
Seul-gi se
espanta, e Dan acaba se dando conta do que estava acontecendo com ele. Um calor
infernal começou a tomar conta de seu corpo, e suas mãos também começaram a
coçar. O tapa na cara que ele recebeu de Hong acabou lhe transmitindo a doença.
- Não!!! –
diz ele, olhando fixamente para as palmas das mãos – Eu peguei...
- O quê? –
questiona Hong.
- A
doença... – responde Dan – Eu peguei a maldita doença...
Seul-gi fica
paralisada. Dan começa a se alterar e a ranger os dentes, encarando sua melhor
amiga de uma forma estranha, como se estivesse tomado de raiva. Mas não é este
sentimento que suas palavras expressam:
- Você é
mais capaz do que qualquer oficial que eu conheço na Frota, Seul-gi. Mas não é
só por isso... não é só por isso que você está nesta nave...
- Do que
você está falando? – diz Hong.
O clima
começa a ficar estranho. Até que o doutor Lester entra em cena, passando pela
porta dos aposentos de Hong como quem aparece do nada.
- Ufa! Ainda
bem que eu encontrei vocês... – exclamou ele.
Em seguida,
ele pega um hipospray e o injeta no pescoço de Seul-gi. Logo depois, ele faz a
mesma coisa com o capitão.
Pouco a pouco, os dois vão recobrando o autocontrole.
Pouco a pouco, os dois vão recobrando o autocontrole.
- O que é
isso, doutor? – pergunta Seul-gi.
- É o
antídoto contra o vírus causador da doença – responde Jon.
- Então você
conseguiu! – diz Dan – Você achou a cura, Jon!
Lester
assentiu com a cabeça, sorrindo. E complementou:
- Com os
cumprimentos do doutor Leonard McCoy!
- Pelo visto
ele te passou as informações sobre a doença – diz Hong – O que você descobriu?
- É um vírus
originário do planeta Psi-2000 – responde Jon – Ele ataca justamente os centros
nervosos responsáveis pelo autocontrole. Por isso a insanidade.
- Psi-2000
era um planeta que ficava próximo a Makus III – lembrou Seul-gi – A Daejeon estava explorando uma nebulosa
próxima a Makus III antes dos incidentes a bordo da nave começarem. É provável
que esta nebulosa tenha se formado a partir dos resquícios da explosão de
Psi-2000.
- E
consequentemente o vírus ficou condensado entre as partículas... – especulou
Dan.
- Exatamente
– concordou Hong – A Daejeon deve ter
se contaminado ao explorar essa nebulosa. O resto da história a gente já sabe.
- É...
Infelizmente... – diz Dan, ligeiramente consternado.
Pouco
depois, na enfermaria, o alferes Cortez recobra a consciência – tanto ele
quanto o tenente Lloyd já receberam o antídoto contra o vírus de Psi-2000,
reproduzido pelo doutor Lester a partir da fórmula transmitida pelo doutor
McCoy.
O espanhol estranha o fato de estar na enfermaria; ele não se recorda de absolutamente nada da confusão provocada por ele na engenharia:
O espanhol estranha o fato de estar na enfermaria; ele não se recorda de absolutamente nada da confusão provocada por ele na engenharia:
- Hostia! Mas o que eu estou fazendo
aqui?! Eu estava na ponte de comando até agora há pouco!
- Eu também
não lembro de nada... – responde Lloyd – Eu estava indo para a sala de
reuniões, e do nada vim parar aqui! Que estranho...
De um lado,
a enfermeira observa os dois pacientes, sorrindo. Do outro, Lester, Hong e o capitão
Nardelli também observam.
Dan é o único que não está com uma expressão boa no rosto. A Daejeon não lhe sai da cabeça.
Dan é o único que não está com uma expressão boa no rosto. A Daejeon não lhe sai da cabeça.
***
“Diário do Capítão – Data Estelar: 7510.9
Graças aos esforços do doutor Lester – e também à preciosa ajuda do doutor Leonard McCoy, da Enterprise – a epidemia do vírus da loucura de Psi-2000 a bordo da Frontier foi totalmente controlada.
No entanto, há mais a se lamentar do que a se comemorar. Uma vez que a Daejeon não teve a mesma sorte que nós...”
Dan está na
ponte de comando da Frontier,
juntamente com os demais oficiais, além do chefe da engenharia Okonwa e do
doutor Lester. Todos estão de pé, diante da tela principal.
O clima é de tristeza e comoção – na tela, está a imagem da Daejeon, completamente estática e inerte.
O clima é de tristeza e comoção – na tela, está a imagem da Daejeon, completamente estática e inerte.
- Abra um
canal para toda a nave, sr. Stanic – ordena o capitão.
Stanic
prontamente acata a ordem.
- Canal
aberto, senhor.
Dan, então,
começa a falar. O luto e a tristeza em sua voz eram visíveis:
- Aqui é o
capitão. Hoje falo em memória das 250 almas que viajavam a bordo da USS Daejeon, e que se perderam por conta
de uma grande fatalidade.
Em todos os
setores da nave, a tripulação ouve atentamente as palavras do capitão Nardelli.
Ele continua seu discurso:
Ele continua seu discurso:
- Com
certeza esta é uma tragédia que abala a todos nós. Mas abala a mim em
particular, pois servi durante três anos de minha carreira na Frota a bordo da Daejeon, sob o comando do capitão Harold
Driscoll, vitimado neste desastre. O capitão Driscoll era um homem com métodos
bastante rígidos... mas acima de tudo, sabia comandar uma nave estelar como
ninguém. Ele foi um dos melhores capitães com quem eu servi. Sem dúvida, uma
perda irreparável para a Frota Estelar...
Dan suspira
por um instante, ligeiramente abatido. Mas retoma suas palavras:
- Esta
tragédia nos faz lembrar do quanto é arriscado viajar pelo espaço. Dos perigos
aos quais estamos expostos. Mas apesar de tudo isto, nós não devemos perder a
coragem. Não devemos ter medo do desconhecido. Pelo contrário: devemos acreditar
nas infinitas possibilidades que o espaço nos oferece. Tão infinitas quanto o
próprio espaço. O capitão Driscoll e sua tripulação acreditavam nisto. E nós
também devemos acreditar. A Daejeon
cumpriu sua missão até o último instante. E certamente, nós da USS Frontier também cumpriremos a nossa.
Nardelli faz
mais uma pausa. E finaliza:
- Que as
almas dos irmãos e irmãs da Daejeon
descansem em paz, em meio a este infinito campo de estrelas. Dediquemos neste
minuto nossas orações a eles.
Todos na Frontier fazem um minuto de silêncio.
Passado este minuto, Dan profere sua derradeira ordem – talvez a ordem mais
dura que ele teve que dar até agora:
- Armar
torpedos fotônicos, sr. Andros. Travar alvo.
Andros
rapidamente mexe em seu display.
- Alvo
travado, capitão. Torpedos fotônicos armados.
Dan reluta
por um instante. Mas transmite a ordem ao tenente, com a voz atravessada:
- Fogo.
Os torpedos
da Frontier, então, são disparados. E
acertam em cheio a Daejeon, que
explode e se pulveriza no espaço, aos olhos de todos na ponte da Frontier.
Logo após
testemunhar a extinção da Daejeon,
Dan abaixa a cabeça.
- Lá se vão
três anos da minha história na Frota... – diz.
Seul-gi vê
uma lágrima escorrer do rosto do capitão. E coloca uma das mãos em seu ombro.
Dan olha para sua primeira-oficial, que não lhe diz uma palavra. Apenas assente com a cabeça.
Dan olha para sua primeira-oficial, que não lhe diz uma palavra. Apenas assente com a cabeça.
Do outro
lado, o doutor Lester também coloca sua mão no ombro de Dan, demonstrando
solidariedade. E tenta encorajá-lo:
- Você
precisa ser forte, Dan – diz ele, com a voz suave – Leve as lembranças da Daejeon no seu coração. Elas sempre
estarão com você... e nós também estaremos.
- Obrigado,
Jon – diz Dan, com a voz embargada.
- A Frontier precisa de você, Dan – diz
Seul-gi, esboçando um ligeiro sorriso – Você é o nosso capitão.
- Obrigado,
Seul-gi. De verdade.
Dan senta em
sua cadeira, ao mesmo tempo em que todos voltam a seus postos. E transmite sua
ordem ao alferes Cortez:
- Marque o
curso, sr. Cortez. À frente, em dobra 1.
- Sim,
senhor – diz Cortez. – Dobra 1.
A Frontier, então, segue viagem. E parte
rumo a seu próximo destino.
CONTINUA...
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