Capítulo 6 - PROJETO FRONTIER
“Diário do Capitão – Data Estelar: 7506.7
Estamos estudando um campo de asteroides que se formou recentemente próximo do setor Oneamisu, no espaço da Federação.A origem deste campo é uma incógnita; nossos cientistas suspeitam ser resultado da explosão de uma estrela, ou mesmo de um planeta.”
A Frontier encontra-se próxima a um grande campo de asteroides descrito conforme o registro do capitão Nardelli em seu diário de bordo.
A atividade na ponte de comando é intensa.
- Sonda pronta para disparo, capitão – relata o alferes Cortez, no leme da nave.
- Prossiga,
sr. Cortez – ordena Dan.
Uma sonda
não-tripulada é disparada da nave em direção ao centro do campo de asteroides.
Em poucos segundos, o computador da Frontier começa a receber as suas leituras.
Em poucos segundos, o computador da Frontier começa a receber as suas leituras.
- Recebendo
leituras preliminares, capitão – informa a comandante Hong.
- Quais os
resultados, srta. Hong? – pergunta Nardelli.
Seul-gi ouve
a pergunta, mas demora a responder. Sente que há algo errado consigo mesma. Ao
mesmo tempo em que olha para seu painel para analisar as leituras da sonda,
sente uma ligeira tontura.
- Srta.
Hong? – Dan franze a testa, estranhando a demora de sua primeira-oficial.
- Desculpe,
capitão – a voz de Seul-gi começa a ficar congestionada – Ainda há sinais de
radiação de nêutrons em volta dos asteroides. Mas eles são compostos de matéria
rochosa e de metais como ferro e manganês. Isso pode indicar que...
Hong não
consegue completar a sua fala. Sua visão começa a obscurecer e sua pressão cai.
Ela, então, suspira e desfalece, caindo debruçada sobre seu painel.
Imediatamente, Dan salta de sua cadeira e vai em sua direção, desesperado.
Imediatamente, Dan salta de sua cadeira e vai em sua direção, desesperado.
- Srta.
Hong!!! – grita o capitão.
Dan se aproxima e tira a coreana quase desacordada de cima do painel.
Dan se aproxima e tira a coreana quase desacordada de cima do painel.
- Srta. Hong! – o capitão começa a sacudir o corpo de Hong – Seul-gi, está tudo bem com você?
Todos na
ponte de comando se assustam com a cena. Rapidamente, Hong recobra a
consciência e tenta retomar seu relatório.
- Não é
nada, capitão – diz Seul-gi, ainda meio zonza – Eu posso continuar o meu
trabalho... preciso concluir o relatório...
- Nada
disso! – responde Dan, em um tom de voz firme – Apresente-se à enfermaria e
peça para o doutor Lester te examinar. Você não pode continuar o seu serviço
nessas condições.
- Mas,
capitão... – teima a comandante.
- É uma
ordem! – exclama o capitão, franzindo a testa e aumentando o tom de voz.
- Sim...
sim, capitão... – diz Seul-gi, ainda meio tonta e com uma expressão de espanto
no rosto.
Hong se
dirige à porta do turbo-elevador, quase cambaleando. Quando ela finalmente
deixa a ponte, o capitão volta sua palavra para um jovem alferes vulcano da
divisão de ciências, que estava acompanhando os trabalhos na ponte.
- Sr.
T’alek, conclua o relatório no qual a srta. Hong estava trabalhando.
- Sim,
senhor! – diz o alferes, que sai de seu posto e se dirige à plataforma da
comandante Hong.
Com a
rapidez de raciocínio típica dos vulcanos, T’alek analisa os dados da sonda e
informa o relatório preliminar ao capitão.
- De fato,
ainda há muita atividade radioativa em torno dos fragmentos, capitão – diz o
alferes, com um tom de voz frio – O que pode indicar que este campo é resultado
de uma explosão.
A análise da comandante Hong é bastante precisa.
A análise da comandante Hong é bastante precisa.
- Bom
trabalho, alferes – responde Dan.
O capitão
volta seu olhar para a tela, onde o campo de asteroides é exibido. No entanto,
seu olhar é de preocupação.
***
Horas
depois, o sinal sonoro da porta da enfermaria é ouvido. O doutor Lester analisa
dados em seu computador, enquanto Hong está semideitada em uma das macas.
- Entre! –
diz o doutor.
A porta
automática se abre, e revela a figura de Dan. O capitão da Frontier adentra o recinto e se dirige ao doutor.
- Como ela
está, Jon? – pergunta, com uma expressão preocupada no rosto.
- Ela está
estável – responde Lester – Não foi nada de mais, foi só uma infecção causada
por um vírus.
- Um vírus?
– Dan franze a testa.
- Pois é. Eu
ainda não consegui determinar a origem dele, ainda estou analisando alguns de
seus compostos orgânicos. Mas é bem menos nocivo do que imaginei. Em uma semana
mais ou menos ela deve estar recuperada.
- Entendo...
– assente Dan.
O capitão se
volta para a maca onde Seul-gi está alocada.
- Se sente melhor,
Seul-gi?
- Sim – Hong
faz um sinal de afirmação com a cabeça.
- Que ótimo
– Dan esboça um sorriso.
O capitão
tenta se aproximar de Hong, mas subitamente, algo obstrui seu caminho. Ele
sente uma leve descarga de energia por um segundo, e quase cai para trás, como
se tivesse esbarrado em uma parede ou coisa parecida.
Na verdade, era um campo de força colocado pelo doutor Lester em torno do leito de Seul-gi.
Na verdade, era um campo de força colocado pelo doutor Lester em torno do leito de Seul-gi.
- Que diabo
é isso?! – bradou o capitão, com uma expressão indignada no rosto, ao doutor
Lester.
- Sinto
muito, capitão, esqueci de lhe informar – responde o médico, com toda sua
elegância britânica – Mesmo não sendo tão nocivo, o vírus é altamente
contagioso, então tive que deixar a srta. Hong em regime de isolamento.
Dan franze a
testa, enquanto Jon se aproxima com um hipospray.
- A
propósito... – Lester encosta o hipospray no pescoço do capitão e o usa para
lhe injetar algo – Isto é uma vacina. Aliás, já informei à tripulação: todos
aqueles que tiveram contato com a comandante Hong nas últimas 48 horas devem
toma-la.
O capitão
lança um olhar ligeiramente desconfiado para Jon, que retribui com um
sorrisinho.
- Medidas
profiláticas, capitão. Sabe como é.
Hong só
olha, em silêncio, enquanto tenta segurar uma risadinha.
- Aliás,
acabei de lembrar... Preciso ir ao laboratório ver se sintetizaram mais dessa
vacina! – exclamou Lester – Bom, vou deixar os pombinhos à vontade, volto daqui
a pouco!
- Você não
tem jeito mesmo, não é? – responde Dan, rindo – A propósito, Jon... eu soube
que teve notícias de Christine! Como ela está?
Jon arregala
os olhos, como quem é pego de surpresa. A pessoa em questão era Christine
McKinnon, uma amiga dos tempos da Academia da Frota, e também aspirante a
médica, assim como Lester.
Mesmo arrebatado com a pergunta de Dan, o doutor a responde:
Mesmo arrebatado com a pergunta de Dan, o doutor a responde:
- Ela está
ótima. Falei com ela ontem. Ela está participando de um congresso de medicina
em Deneb IV. Parece que ela também vem fazendo progressos...
- Puxa, é
bom saber disso! – exclamou Dan – Me lembro que ela também era bastante
determinada. Com certeza também será uma boa médica.
- Verdade...
– Lester faz uma pausa – Já que tocou no assunto, Dan, estou precisando de uma
auxiliar aqui na enfermaria; fiz a proposta a ela e ela demonstrou interesse.
Com a sua autorização, eu gostaria de integrá-la à minha equipe assim que o
congresso terminar.
- Ora, isso
seria ótimo! – comemora Dan – Vamos cuidar dos detalhes mais tarde.
- Eu
agradeço, Dan – responde Jon, com um ligeiro sorriso no rosto – Com licença.
Lester deixa
a enfermaria. Nardelli e Hong ficam a sós no recinto.
- É... parece
que vai ter que ficar fora de combate por um tempo, Seul-gi – diz o capitão.
- Isso é
constrangedor... – Hong volta seu olhar para baixo – Eu sinto muito, Dan. Isso
não devia ter acontecido durante um trabalho tão importante.
- Ora, está
tudo bem, não foi culpa sua! – responde Dan, sorrindo – Isso acontece com todo
mundo, afinal de contas, não somos máquinas! Você não devia se cobrar tanto
assim...
- É...
talvez você tenha razão...
Seul-gi sorri, enquanto se levanta do leito e se aproxima do capitão, apoiando uma de suas mãos sobre o campo de força que a cercava.
- Você não mudou nada, Dan. Continua o mesmo dos tempos da Academia...
- Você
também continua exigindo muito de si mesma, Seul-gi – Dan retribui o sorriso –
Exatamente como naquele tempo...
Dan coloca
uma de suas mãos no campo de força, exatamente no mesmo lugar onde está a mão
de Seul-gi. As mãos dos dois ficam sobrepostas, como se o isolamento não
existisse e os dois pudessem sentir o calor das mãos um do outro.
O capitão
fixa seu olhar nos olhos de sua primeira-oficial.
- Não sei se
alguém já lhe disse isso... – diz Dan, com um tom de voz baixo e doce – Mas
você é realmente linda, Seul-gi.
- Está
dizendo isso só pra me agradar? – responde a coreana, retribuindo o olhar e o
tom de voz – Ou está sendo sincero?
- Quer que
eu seja sincero? – pergunta Dan.
Hong sente
um ligeiro arrepio na pele ao ouvir a pergunta do capitão. O que Dan lhe diz a
seguir lhe pega desprevenida por completo.
- Você não é
simplesmente linda... – Dan faz uma pausa e olha fundo nos olhos de Hong – Você
é... fascinante.
De imediato,
o rosto de Seul-gi começa a ruborizar. E ela começa a rir de nervoso.
- Droga,
Dan, olha o que você fez! – diz ela, sem conseguir conter as risadas – Me
deixou toda encabulada!
Dan se
surpreende com a reação de Seul-gi, e também cai na risada.
- Você
queria que eu fosse sincero, não é? Pois bem...
O capitão se
afasta do campo de força. Hong também dá um passo para trás, e se senta sobre
seu leito.
Os dois
sorriem um para o outro, de forma meio desajeitada.
- Descanse,
Seul-gi. Quero vê-la na ponte o quanto antes – diz Dan.
- Sim,
capitão! – responde Hong, com um tom de voz tímido.
A comandante
coloca seus pés sobre o leito da enfermaria, enquanto o capitão sai pela porta
automática.
Assim que se vê sozinha, Hong começa a registrar suas confidências no computador.
Assim que se vê sozinha, Hong começa a registrar suas confidências no computador.
“Diário Pessoal – Primeira-Oficial Seul-gi Hong
Data Estelar: 7506.8Como sempre, o capitão Dan Nardelli fez questão de demonstrar sua preocupação comigo; mesmo ocupando um alto posto atualmente, ele continua sendo a mesma pessoa doce e gentil que conheci na Academia da Frota Estelar.
Tenho ciência das obrigações que possuo como primeira-oficial da Frontier. Por outro lado, desde a época da Academia, guardo comigo um sentimento muito forte e, ao mesmo tempo, especial.O tempo todo, faço a mesma pergunta a mim mesma: por quanto tempo mais eu vou aguentar conter tudo isto?”
As memórias
de cerca de dez anos atrás começam a vir à mente de Seul-gi.
São Francisco, Terra. Academia da Frota Estelar.
São Francisco, Terra. Academia da Frota Estelar.
Em um grande
jardim, situado em meio a um complexo de prédios com reluzentes fachadas de
vidro, há uma circulação razoável de pessoas – em sua grande maioria,
uniformizadas com um traje preto, com detalhes em cor de bronze: é o uniforme
dos cadetes da Academia.
Antes de ir ao espaço servir em uma nave estelar, os cadetes passam por um treinamento de quatro anos, aprendendo as disciplinas necessárias para missões interplanetárias: astrofísica, história, xenoantropologia, diplomacia, exobiologia, entre outras.
Um período de intervalo entre as aulas havia se iniciado, e os cadetes estavam começando a sair.
Uma jovem oriental de uns dezoito anos de idade, com um olhar tristonho e solitário, se senta em um dos bancos do jardim e se põe a mexer em um PADD – parece estar lendo ou estudando algo. E ali permanece. Era Hong.
Ligeiramente, ela olha para um pequeno grupo de jovens localizado a uma certa distância, que se reúne com um senhor, aparentemente de meia-idade, que se diferenciava dos demais: cabelos grisalhos, as sobrancelhas ligeiramente arqueadas para cima, as orelhas pontudas e uma túnica cinza-escura, quase preta – era ninguém menos que o embaixador do planeta Vulcano, Sarek, que àquela época, também lecionava diplomacia na Academia da Frota.
Ele estava acompanhado de um de seus aprendizes, o jovem italiano Daniele Nardelli – por quem ele tinha grande apreço, por sinal – e um casal de amigos aspirantes a médicos da Frota, o britânico Jonas Lester e a americana Christine McKinnon, uma jovem de formas curvilíneas, cerca de 1,70m de altura, olhos castanhos e cabelos negros e lisos que iam até a altura dos ombros.
Lester já era o melhor amigo de Dan naqueles tempos, e Christine era colega de classe do louro inglês.
Antes de ir ao espaço servir em uma nave estelar, os cadetes passam por um treinamento de quatro anos, aprendendo as disciplinas necessárias para missões interplanetárias: astrofísica, história, xenoantropologia, diplomacia, exobiologia, entre outras.
Um período de intervalo entre as aulas havia se iniciado, e os cadetes estavam começando a sair.
Uma jovem oriental de uns dezoito anos de idade, com um olhar tristonho e solitário, se senta em um dos bancos do jardim e se põe a mexer em um PADD – parece estar lendo ou estudando algo. E ali permanece. Era Hong.
Ligeiramente, ela olha para um pequeno grupo de jovens localizado a uma certa distância, que se reúne com um senhor, aparentemente de meia-idade, que se diferenciava dos demais: cabelos grisalhos, as sobrancelhas ligeiramente arqueadas para cima, as orelhas pontudas e uma túnica cinza-escura, quase preta – era ninguém menos que o embaixador do planeta Vulcano, Sarek, que àquela época, também lecionava diplomacia na Academia da Frota.
Ele estava acompanhado de um de seus aprendizes, o jovem italiano Daniele Nardelli – por quem ele tinha grande apreço, por sinal – e um casal de amigos aspirantes a médicos da Frota, o britânico Jonas Lester e a americana Christine McKinnon, uma jovem de formas curvilíneas, cerca de 1,70m de altura, olhos castanhos e cabelos negros e lisos que iam até a altura dos ombros.
Lester já era o melhor amigo de Dan naqueles tempos, e Christine era colega de classe do louro inglês.
O grupo
parece conversar sobre algo, enquanto Dan está distraído, olhando a jovem
coreana solitária mexendo em seu PADD, à distância.
- Ei, Dan,
tá tudo bem? – Lester agita a mão em frente ao rosto de Dan enquanto tira uma
com ele – Alô, Terra chamando Dan Nardelli!
- Hã?! – Dan
se vira para o amigo piscando rapidamente – Estava dizendo alguma coisa, Jon?
Lester olha
para a mesma direção na qual Dan estava olhando, e vê a jovem Hong sentada com
seu PADD em mãos.
- Oh, céus,
é ela de novo! – exclama Jon, inconformado – Não dá pra acreditar...
- Há algo o
incomodando, sr. Nardelli? – indaga Sarek, com o olhar atento para seu pupilo.
- Não,
senhor. Não é nada de mais... – Nardelli dá de ombros.
- “Nada de
mais”... Vai nessa! – Lester resolve entregar o ouro – Embaixador, está vendo
aquela garota ali com o PADD na mão? Apareceu aqui na Academia tem uns dias, e
desde então, o Dan não tira os olhos dela! O senhor acha que pode um negócio
desses?!
- Aquela
garota? – Sarek volta o olhar discretamente para a jovem Seul-gi e ergue a
sobrancelha – Fascinante. O senhor a conhece, sr. Nardelli?
- Não,
senhor, não a conheço! – responde Dan, ligeiramente sem jeito – Pra falar a
verdade, eu nunca vi aquela garota na minha vida. Mas sei lá... alguma coisa me
diz que há algo de especial nela.
- Ora!
Parece que o galã italiano está apaixonado... – diz Christine, com um tom de voz
bem alegre.
- Algo de
especial, é?! – questiona Lester, com um tom de voz ácido – Fala sério, Dan!
Ela é esquisita...
- Julgar um
indivíduo sem possuir um mínimo de conhecimento válido é uma atitude ilógica,
sr. Lester – interpela Sarek, com a objetividade típica dos vulcanos – Se um
dia quiser ser um bom médico, então deve ter isto em mente.
- É...
coitadinha da menina, Jon! – responde Christine, lançando um olhar atravessado
para Lester – Nem conhece ela e já vai rotulando, eu, hein?!
- Tá bom,
não tá mais aqui quem falou! – diz Jon, acuado – Aliás, Christine, a gente tem
que se apressar, nossa próxima aula começa daqui a pouco! Dan, Embaixador, nos
vemos depois!
- Ah, é
verdade! – exclamou Christine, espantada – Até mais tarde, gente!
A dupla sai quase
apressada do local. Ainda há tempo de Christine sorrir e piscar para Dan
apontando para a jovem ao longe, como quem deseja boa sorte ou algo parecido.
Ao
finalmente se ver a sós com Dan, Sarek resolve falar mais a respeito da
oriental recém-chegada.
- Vejo que
desenvolveu um fascínio especial por aquela jovem, sr. Nardelli – afirma o Vulcano,
de forma categórica, enquanto olha para Hong.
- É sua
lógica vulcana que lhe diz isso, sr. Sarek? – questiona Dan.
A resposta
de Sarek pega Nardelli de surpresa:
- Negativo –
o vulcano faz uma pausa enquanto Dan o olha com cara de espanto – Seus
trejeitos e sua linguagem corporal dizem tudo. Não há necessidade de lógica
para se chegar a esta conclusão.
Dan fica
paralisado ao ouvir as palavras de Sarek, que por sua vez, ainda faz mais uma
observação:
- Se aceita
um conselho, sr. Nardelli... se considera aquela garota tão especial, devia
tentar falar com ela.
Dan não
responde. Apenas fica paralisado como um rato que está prestes a ser devorado
por uma serpente.
Enquanto isso, Sarek se retira, caminhando com as mãos nas costas.
Enquanto isso, Sarek se retira, caminhando com as mãos nas costas.
***
Na manhã do
dia seguinte, há uma movimentação intensa em um dos refeitórios da Academia –
os cadetes se organizam para tomar o café da manhã antes de iniciarem seus
treinamentos.
A jovem Hong se senta em uma das mesas, sozinha, para fazer a sua refeição; em sua bandeja, um copo de leite, biscoitos e alguns pães recheados.
A jovem Hong se senta em uma das mesas, sozinha, para fazer a sua refeição; em sua bandeja, um copo de leite, biscoitos e alguns pães recheados.
Ao contrário
dos outros dias, sua solidão não dura muito: segundos depois dela se sentar,
ela é surpreendida por uma voz:
- Com
licença!
Ela olha
para sua frente, e vê a figura de Dan, com sua bandeja em mãos: café,
biscoitos, algumas frutas e pão italiano.
- Tem alguém
sentado aqui? – pergunta ele, com um sorriso no rosto.
Imediatamente,
o rosto da coreana fica vermelho. E ela fica sem reação.
- Não, não
tem... – responde ela, gaguejando – Não tem ninguém, fique à vontade.
- Obrigado –
Dan se senta na mesa, ficando de frente para Seul-gi.
Aquela era
uma situação nova para Hong. Desde que chegou à Academia, não havia falado com
ninguém além do necessário; era a primeira vez que alguém lhe chegava e
demonstrava algum interesse.
Dan também
se sente um pouco sem jeito, mas as palavras do embaixador Sarek no dia
anterior ficaram em sua cabeça, logo, ele resolveu criar coragem e tentar
conversar com a jovem que tanto lhe chamava a atenção.
Dan tenta
quebrar o gelo, enquanto toma um gole de café.
- Você é
nova por aqui, não é? – pergunta.
- Sim –
responde Hong, ainda meio sem graça – Comecei meu treinamento há pouco mais de
uma semana.
- Eu
entendo... – responde Dan – Ainda é tudo novidade pra você, não é? Sei como é
isso... no começo também foi difícil pra mim.
Hong fica
surpresa. Algo lhe dizia que o jovem italiano sentado ali à sua frente entendia
como ela se sentia. Jamais em sua vida inteira havia sentido algo parecido.
Ainda sem reação, ela assente com a cabeça.
Ainda sem reação, ela assente com a cabeça.
- Me
desculpe se isto soar inconveniente, mas... – Dan faz uma pausa, sob o olhar
atento de Seul-gi - ...não pude deixar de observar uma coisa. Há alguns dias,
eu tenho te visto sozinha pelos jardins da Academia.
As palavras
de Dan não surpreendem Hong, ao contrário do que se esperava. Ela começa a
baixar a guarda.
- Pois é...
– diz ela, olhando ligeiramente para baixo – Eu nunca fui boa em fazer amigos.
Tem sido assim desde meus tempos de escola.
- Ora, não
seja por isso... – Dan responde com um sorrisinho – Se você quiser, posso lhe
ajudar nesse sentido.
Seul-gi olha
para Dan e esboça um sorriso.
- A
propósito, eu ainda não me apresentei – diz Dan, estendendo a mão para sua nova
amiga – Meu nome é Daniele Nardelli. Meus amigos me chamam de Dan.
- Hong
Seul-gi – a garota retribui o gesto e aperta a mão de Dan, sorrindo – ou
Seul-gi Hong, se você achar melhor.
- Coreana?!
– a voz e o rosto de Dan se enchem de entusiasmo – Puxa, eu estive na Coreia
pouco antes de me alistar na Frota. É um belo país!
- Obrigada!
– Seul-gi sorri – Quanto tempo você ficou por lá?
- Não muito.
Coisa de pouco menos de um mês – respondeu Dan – O bastante para conhecer
alguns dos lugares mais importantes.
Seul-gi fica
em silêncio por alguns instantes. E resolve mudar de assunto.
- Meu pai
era um oficial do exército do norte – revela.
- Do norte?
– Dan arregala os olhos – Coreia do Norte, você diz?
Hong
assentiu com a cabeça. E continuou:
- Ele
desertou e quase morreu tentando atravessar a fronteira. Minha mãe era
enfermeira em uma cidade próxima. Foi ela quem cuidou dos ferimentos dele.
- Eu não
consigo entender... – diz Nardelli – Passou a Terceira Guerra, Zefram Cochrane
inventou o motor de dobra, a humanidade chegou ao espaço, fizemos contato com
raças de outros planetas... e as duas Coreias ainda não chegaram a um
consenso?! Como pode isso?
- É
complicado até mesmo pra nós. Meu pai quase surtou quando soube que eu tinha me
alistado na Frota! – Seul-gi começa a rir – Achava que eu ia ser manipulada ou
coisa do tipo...
- A Frota
não é assim – afirma Dan – Acho que você já deve ter notado isso.
Os dois
ficam em silêncio por alguns segundos.
- Engraçado
– reflete Seul-gi, olhando nos olhos de Dan – Você é a primeira pessoa com quem
eu falo sobre isso! Nunca havia comentado nada a respeito com ninguém.
- Sinal de
que você está fazendo progressos... – responde Dan, sorrindo.
Seul-gi
retribui o sorriso. E os dois seguem conversando enquanto fazem sua refeição
matinal.
***
Horas mais
tarde, Jon, Christine e Sarek esperavam por Dan nos jardins da Academia. Ele
estava demorando mais do que o normal, para estranheza do britânico:
- Caramba, o
Dan está demorando. Será que aconteceu alguma coisa?
- Ele me
disse que ia resolver algo antes de nos encontrar – responde Sarek – Ele já
deve estar chegando.
- Olha! Não
é ele vindo ali? – diz Christine, apontando o dedo para a frente.
De fato, era
Dan quem se aproximava do grupo. Mas ele não estava sozinho: ele trouxe Seul-gi
consigo.
- Não
brinca... – espanta-se Lester – É aquela garota...
Sarek
dispara um olhar frio para o jovem inglês, que sente um frio na espinha. E resolve
dar de ombros.
- Desculpem
a demora, pessoal – diz Dan, com um sorriso amarelo no rosto – Eu ainda me
enrolo com astrofísica...
- Está tudo
bem, sr. Nardelli – afirma Sarek – Estou vendo que trouxe uma nova amiga.
Seul-gi
acena para o grupo, meio tímida. Dan resolve fazer as honras.
- Sim,
claro... – Dan aponta para Jon e Christine – Jonas Lester, Christine
McKinnon...
Ele se volta
para Seul-gi, apresentando-a para os dois:
- Seul-gi
Hong.
- Encantado
– diz Lester, com um tom de voz ligeiramente irônico.
- É um
prazer conhece-la – responde Christine, com bastante entusiasmo na voz.
- O prazer é
meu – diz Hong, inclinando ligeiramente a cabeça com a voz tímida e um sorriso
meio desajeitado.
Nisso, Dan
se volta para Sarek, e chama a atenção de Seul-gi para ele:
- Creio que
já deva conhecer o embaixador Sarek, de Vulcano. Eu tenho aulas de diplomacia
com ele.
O olhar de Seul-gi
se enche de brilho. Ela faz uma inclinação com a cabeça e demonstra um pouco
mais de entusiasmo na voz.
- Já ouvi
falar muito do senhor. É uma honra pra mim poder conhece-lo pessoalmente.
- A honra é
toda minha, srta. Hong – responde Sarek, de forma impassível.
Seul-gi
então se volta para Dan:
- Agora eu
sei porque você é tão bom em lidar com as pessoas. Você tem um excelente
professor.
- Sarek não
costuma pegar leve – afirma Dan – Mas possui um grande conhecimento. E eu
procuro aproveitar isso ao máximo.
- O mérito é
todo seu, sr. Nardelli – o vulcano entra na conversa – O senhor evoluiu muito
desde o início de seu treinamento, e se tornou um de meus melhores alunos até
aqui. Certamente será um oficial de grande importância para a Frota Estelar no
futuro.
- Ainda
tenho muito a aprender, senhor – diz Nardelli – É muito cedo para se fazer especulações.
- Bom, eu
não sei vocês, mas eu estou morrendo de fome! – afirma Lester – Embaixador,
onde nós vamos almoçar hoje?
- Conheço um
restaurante que serve uma excelente sopa plomeek – diz Sarek – Fica a poucas
quadras daqui.
- Ora, um
dos meus pratos vulcanos prediletos! – responde Dan – Eu tô dentro.
- Eu também!
– Christine quase salta de alegria.
- Tá... pode
ser... – respondeu Jon, meio relutante.
- O que
acha, Seul-gi? – pergunta Dan.
- Eu nunca
tomei sopa plomeek – responde Hong – Quero experimentar.
- Então está
decidido – Sarek bate o martelo – Me acompanhem por favor, senhores.
***
De volta ao
presente, Dan encontra-se em seu gabinete na Frontier, sentado e olhando para uma foto dos tempos da Academia,
onde estão ele, Lester e Hong – ele está ao centro, abraçando os dois, um em
cada lado; Lester faz um sorriso meio atravessado, enquanto Hong faz pose com
os dedos em “V” perto do rosto.
Assim como Hong na enfermaria, ele também estava se lembrando da época em que frequentou a Academia da Frota Estelar.
Mas o momento de nostalgia do capitão é interrompido pelo sinal sonoro da porta.
Assim como Hong na enfermaria, ele também estava se lembrando da época em que frequentou a Academia da Frota Estelar.
Mas o momento de nostalgia do capitão é interrompido pelo sinal sonoro da porta.
- Entre! –
diz Dan.
Quem está do
outro lado da porta é Okonwa, o chefe da engenharia. Ele entra e se coloca
diante da mesa do capitão.
- Ah, é
você, Oko! – exclama Nardelli – O que deseja?
O africano
vai direto ao ponto.
- Capitão,
detectei um problema nos motores de dobra. Há uma instabilidade no fluxo de
antimatéria que está sobrecarregando-os.
- É algo
muito sério? – questiona Dan.
- Em
princípio, não. Minha equipe já está trabalhando para solucionar esse problema.
Creio que em três ou quatro horas no máximo a situação estará normalizada.
Apenas achei que o senhor deveria saber.
- Ótimo. Fez
um bom trabalho, Oko – responde o capitão, com a voz meio atravessada.
Oko percebe
que Dan está meio cabisbaixo, e suas respostas estão menos firmes do que o
normal.
O engenheiro reluta por um instante, mas resolve tomar as rédeas da conversa:
O engenheiro reluta por um instante, mas resolve tomar as rédeas da conversa:
- Permissão
para falar livremente, capitão?
Nardelli é
pego de surpresa pelo pedido de Oko. Arregala os olhos, mas responde ao pedido
com tranquilidade:
- Claro,
esteja à vontade – o capitão aponta a palma da mão para uma cadeira à frente de
sua mesa – Sente-se.
- Obrigado –
Okonwa se senta e cruza as pernas.
Os dois
ficam em silêncio por alguns instantes. Até que Oko toma a palavra.
- Eu não
pude deixar de perceber isso quando entrei aqui, capitão, mas... eu tenho a
sensação de que algo está incomodando o senhor.
Dan escuta
atentamente cada palavra de Okonwa. E acaba arrebatado pela pergunta que ele
faz a seguir:
- Está
preocupado com a comandante Hong, não é? Eu soube que ela não se sentiu bem na
ponte e o senhor a mandou para a enfermaria.
- Pois é,
Oko – responde Dan, com a voz meio atravessada – Ela ainda insistiu para
continuar o estudo do campo de asteroides, mas claramente ela estava sem
condições. Não foi fácil, mas foi necessário.
- Vocês são
muito próximos, não é? – pergunta o africano, olhando para a foto do trio nas
mãos de Dan.
- Sim... eu
a conheço desde os tempos da Academia – explica o capitão.
- Ela não é
de falar muito. Pelo menos não além do necessário – relata Oko.
- É o jeito
dela – diz Dan.
Os dois
sorriem por um momento, quase rindo. Okonwa ainda faria mais uma pergunta que
surpreenderia o capitão:
- Eu soube
que ela se tornou primeira-oficial da Frontier
por indicação sua. O senhor me confirma isso?
- Você está
afiado hoje, Oko! – diz Dan, rindo – Mas sim, eu fiz questão de traze-la para
esta nave. Ela merecia a chance.
Súbito, uma
outra lembrança vem à mente de Dan. E ele resolve traze-la para a mesa de
conversa com Oko.
- Aliás,
Oko... você se lembra do dia em que a almirante Burnham nos apresentou?
- Claro que
me lembro, capitão! – exclama o africano, com um largo sorriso no rosto – Esta
nave ainda estava na linha de montagem dos hangares da Frota. Me lembro como se
fosse ontem!
- Pois
bem... – diz Dan – Tudo aconteceu exatamente naquele dia...
Cerca de um
ano e meio antes do início da missão da Frontier.
São Francisco, Terra.
Quartel-general da Frota Estelar.
Quartel-general da Frota Estelar.
Naquela
época, Dan Nardelli ainda era comandante, e recentemente havia retornado de uma
missão com a USS Berlim, onde havia
servido como primeiro-oficial.
Ele estava sentado à mesa de uma cafeteria, sozinho, enquanto tomava uma xícara de café e pensava em seu futuro, agora que a missão para a qual havia sido designado terminou. Em princípio, pensou em tirar uma licença e passar um tempo na casa de seus pais em Nova Jersey ou mesmo em algum canto da Ásia, como a Coreia ou o Japão.
Mas não teve muito tempo para pensar: um rapaz de cabelos pretos curtos e trajado com o uniforme de comando da Frota Estelar se aproximou de sua mesa e o interpelou:
Ele estava sentado à mesa de uma cafeteria, sozinho, enquanto tomava uma xícara de café e pensava em seu futuro, agora que a missão para a qual havia sido designado terminou. Em princípio, pensou em tirar uma licença e passar um tempo na casa de seus pais em Nova Jersey ou mesmo em algum canto da Ásia, como a Coreia ou o Japão.
Mas não teve muito tempo para pensar: um rapaz de cabelos pretos curtos e trajado com o uniforme de comando da Frota Estelar se aproximou de sua mesa e o interpelou:
- Com
licença, senhor. É o comandante Daniele Nardelli?
- Sim, sou
eu mesmo – responde Dan, com surpresa no olhar – E você é?
- Sou o
tenente Davis, da Divisão de Comando 1, senhor – respondeu o rapaz – Eu vim lhe
trazer um recado do Comando da Frota Estelar.
- Pois
bem... Diga, tenente – Dan franze a testa, demonstrando estranhamento.
- A
almirante Michael Burnham deseja falar com o senhor – explica Davis – Deve
comparecer ao gabinete dela dentro de uma hora.
- Sobre o
que se trata? – pergunta Nardelli.
- Ela não me
especificou, senhor. Apenas disse que é um assunto do seu interesse.
A
curiosidade veio à mente de Dan. Que tipo de assunto um alto oficial do Comando
da Frota como a almirante Burnham desejaria tratar com alguém como ele?
Com uma ponta de desconfiança, ele decide aceitar o chamado.
Com uma ponta de desconfiança, ele decide aceitar o chamado.
- Está
certo. Diga à almirante Burnham que eu irei.
- Sim,
senhor. Obrigado pela atenção – responde Davis.
O tenente,
então, se retira, e Dan se volta para sua xícara de café, com uma expressão de
apreensão no rosto.
***
Pouco menos
de uma hora depois, a almirante Michael Burnham está em seu gabinete,
analisando alguns dados em seu computador.
Ela ouve o aviso sonoro da porta do escritório.
Ela ouve o aviso sonoro da porta do escritório.
- Entre! –
diz ela.
A porta
automática se abre, e Dan entra. Michael faz questão de recebe-lo com cortesia.
- Comandante
Nardelli? – pergunta ela, esboçando um sorriso.
- Almirante
Burnham, eu suponho – responde Dan, educadamente – Ouvi falar da senhora
algumas vezes, mas ainda não a conhecia pessoalmente. É uma honra.
- A honra é
minha, comandante – diz ela – Meu pai me falou muito sobre você.
- Seu pai?!
– Dan fica surpreso – Quem é ele?
- Na
verdade, ele é meu pai adotivo – responde Michael – É o embaixador Sarek, de
Vulcano. Você teve aulas de diplomacia com ele na Academia.
- O
embaixador Sarek é seu pai adotivo? – diz Dan, com os olhos arregalados –
Fascinante! Eu não sabia disso... quer dizer, ele nunca falou muito sobre os
familiares dele comigo.
- Típico dos
vulcanos... – afirma Burnham, achando graça – Eles não são de demonstrar afeto.
É algo que você tem que aprender a lidar ao conviver com eles.
- É
verdade... – concordou Nardelli – Eu sei que ele tem um filho que serviu
durante muito tempo na Enterprise.
- Spock... –
complementa Michael, com um brilho em seu olhar – Um dos melhores oficiais da
Frota. Serviu como oficial de ciências do capitão Christopher Pike e depois foi
primeiro-oficial de James Kirk. Eu o conheço melhor do que ninguém.
- Deve ter
muito orgulho dele, não? – questiona Dan – Aliás, eu soube que a Enterprise interceptou uma sonda
alienígena que estava vindo para a Terra há uns três anos atrás, e o almirante
Kirk estava à frente da missão. (*) Sabe de algo a respeito?
- Muito
pouco – responde Burnham – O Comando da Frota não divulgou muitos detalhes sobre
esse caso; apenas relatou que dois oficiais desapareceram e que a tal sonda era
algum tipo de inteligência artificial ou algo assim.
- Entendo...
– diz Dan.
Um silêncio
momentâneo se faz por alguns segundos. Até que Dan resolve ir direto ao ponto.
- Bom,
almirante, eu creio que a senhora não me chamou aqui para falar sobre assuntos
familiares ou sobre a Enterprise. O
que a senhora deseja?
- Você é
muito perspicaz, comandante – Burnham sorri – Por favor, sente-se.
Dan se senta diante da mesa de Burnham, enquanto
ela pega uma pasta lacrada e a entrega em suas mãos.
- Pois bem...
quero que dê uma olhada nisto.
Dan pega a
pasta das mãos de Michael e a olha de alto a baixo. As inscrições no corpo da
capa da pasta lhe chamam a atenção, deixando-o intrigado:
“PROJETO DE EXPLORAÇÃO
USS FRONTIER – NCC-1780”
USS FRONTIER – NCC-1780”
- “USS
Frontier”?! – Dan lê as inscrições da capa da pasta com um tom de
interrogação – O que significa isso?
- É uma nova
nave estelar de exploração que está sendo construída pela Frota Estelar –
explica Burnham – Se tudo correr conforme o planejado, ela deve estar no espaço
em cerca de um ano e meio. Dê uma olhada.
Michael
entrega a Dan um pequeno dispositivo magnetizado. Ele passa o dispositivo pela
aba da pasta e ela se abre, revelando uma tela de cristal líquido onde todas as
informações do projeto começam a ser exibidas.
-
Incrível... – Nardelli se mostra surpreso com o que vê – Realmente a Frota
Estelar não perde tempo...
- Nossa
missão é descobrir novos mundos e melhorar as relações com aqueles que já são
integrados à Federação – diz Michael – Para isso não devemos medir esforços.
-
Compreendo. A propósito, almirante... onde exatamente eu entro neste projeto?
A resposta
da almirante Burnham é ainda mais surpreendente para Dan.
- É sobre
isso que eu quero lhe falar, Dan. Tanto eu quanto o Comando da Frota Estelar
temos observado com atenção cada uma das suas missões. E você tem se saído
incrivelmente bem em todas elas.
- Não estou
entendendo, senhora – Dan fica com uma pulga atrás da orelha – Onde quer
chegar, exatamente?
Michael abre
um sorriso. E quebra o mistério de vez.
- Chegou a
sua hora, Dan. Sua hora de comandar uma nave estelar da Federação.
![]() |
"Chegou a sua hora, Dan. Sua hora de comandar uma nave estelar." |
Dan quase
salta da cadeira. Fica sem reação ao ouvir estas palavras da almirante Burnham.
- Hã?! Como
assim?! Eu... comandando uma nave estelar?
-
Precisamente – responde Burnham – Eu e o Comando da Frota chegamos a um
consenso... e concluímos que você é o oficial mais qualificado para comandar
esta missão. Por isso, você receberá o comando da Frontier. E também receberá uma nova patente: será promovido a
capitão.
A expressão
de Dan ao ouvir estas palavras de Michael é de completo espanto. É claro que
ele almejava ser capitão e comandar uma nave estelar algum dia; mas para ele,
as coisas estavam acontecendo cedo demais.
- E então? O
que você me diz... capitão Nardelli?
– pergunta a almirante.
- Eu...
estou sem palavras, senhora – gagueja Dan – Tenho viajado pelo espaço desde que
me formei na Academia da Frota, há pouco mais de oito anos, e tenho procurado
fazer o meu melhor em todas as naves nas quais servi. Mas não sei se estou
preparado para tomar as rédeas de uma nave assim tão cedo... é uma
responsabilidade muito grande!
- Você nunca
saberá se não tentar, Dan – diz Michael – Você tem potencial para isso e é
perfeitamente capaz. Tudo o que precisa fazer é acreditar em si mesmo.
- Eu
entendo... nesse caso, fico honrado em aceitar essa missão. E prometo fazer o
meu melhor, como sempre fiz.
Burnham
assentiu com a cabeça.
- Mais uma
coisa – diz ela – Uma vez que você será o capitão, tem total liberdade para
escolher quem irá compor a sua tripulação. Nós também lhe faremos algumas
indicações, mas a palavra final será sua.
- Certo... –
assente Dan – Nesse caso, já que eu tenho essa liberdade, então gostaria de
fazer minha primeira indicação. Tem uma oficial que eu conheço desde os tempos
da Academia da Frota, e ela sempre foi muito boa em ciências e outras coisas. Já
faz um bom tempo que eu não a vejo. Seria muito bom se eu pudesse integrá-la à
minha equipe.
- Ora, que
interessante! – exclamou Michael – Posso providenciar isto pra você. Como é o
nome dessa oficial?
- Seul-gi
Hong – respondeu Dan, sem pestanejar.
Burnham faz
um sinal de afirmação com a cabeça, e rapidamente digita algo em sua mesa. Em
seguida, transmite sua ordem para o computador:
-
Computador, verificar registro de oficial da Frota Estelar. Nome: Hong,
Seul-gi.
-
Verificando... – uma voz feminina ecoa ao redor da sala da almirante. É o
computador.
Em questão
de segundos, a pesquisa é completada. Um holograma surge, exibindo uma foto de
Seul-gi e toda a sua ficha e seu histórico como oficial da Frota.
O computador descreve as informações em detalhes:
O computador descreve as informações em detalhes:
“Resultado da
pesquisa:
Hong, Seul-gi
Idade: 26
Local de Nascimento:
Gwangju, Coreia do Sul, Terra
Patente atual:
Tenente-Comandante
Designação atual: USS
Saratoga
Posto atual: Oficial
de Ciências”
Michael se surpreende ao ver a ficha de Seul-gi.
- Oficial de
ciências na USS Saratoga. Nada mal –
ela volta seu olhar para Dan – Quais planos você tem para ela?
- Como a
senhora pôde ver, almirante, ela é uma oficial bastante capacitada. Por isso,
quero que ela seja minha primeira-oficial.
- Ora... um
pedido muito audacioso da sua parte! – diz Burnham.
Ao mesmo
tempo em que se surpreende com o pedido de Dan, a almirante se demonstra
ligeiramente incomodada com algum detalhe que viu na ficha de Hong. E reluta
por um instante.
- No
entanto, parece que existem ressalvas a respeito da senhorita Hong. Computador?
Imediatamente,
o computador responde:
- Segundo os relatos de oficiais superiores, a
tenente-comandante Hong é uma oficial obstinada, dedicada e com um intelecto
acima da média. Todavia, é uma pessoa extremamente reservada e quase não fala
além do necessário – por esta razão, ela possui dificuldades de se relacionar
com seus colegas.
Dan observa
tudo com tranquilidade – afinal, ele conhecia bem o jeito de Seul-gi.
A almirante Burnham, então, resolve questioná-lo:
A almirante Burnham, então, resolve questioná-lo:
- E então?
Acha que pode contornar esta situação?
- Eu posso
lhe garantir, almirante – diz Dan – Eu tenho plena confiança na senhorita Hong.
- Eu entendo
– responde Michael – Não vou lhe prometer nada, mas verei o que posso fazer junto
ao Comando da Frota.
- Diga a
eles que é isso ou nada. Se quiserem que eu seja capitão da Frontier, esta é minha principal
condição.
Michael
arregalou os olhos. Não esperava esta resposta de Nardelli.
- Quer
colocar o Comando da Frota contra a parede?! – diz ela, rindo como quem acabou
de ouvir uma piada – Você é bem mais ousado do que pensei!
- O trabalho
rende mais se temos pessoas de confiança trabalhando com a gente, não? – Dan
sorri – No entanto, peço desculpas se o meu pedido soou ofensivo, senhora.
- Dan, por
favor – diz Michael, sorrindo – Meu pai tem uma grande consideração e estima
por você, por isso eu o vejo praticamente como um irmão pra mim. Dispense as
formalidades por ora. Você pode me chamar de Michael.
- OK –
responde Dan – Como quiser, Michael.
- Não se
preocupe. O projeto de exploração da Frontier
está sob minha responsabilidade, e também tenho alguma influência dentro do
Comando. Acho que eu posso fazer com que eles atendam ao seu pedido.
- Eu
agradeço muito – Dan sorri para Burnham.
Michael se
levanta e pega a pasta com os detalhes do projeto da Frontier. E faz um convite a Nardelli:
- Quer ver a
nave? Já que você será o capitão, acredito que esta é uma boa oportunidade para
você se familiarizar.
- Hã?!
Claro! Isso seria ótimo! – responde Dan, com uma ponta de entusiasmo na voz.
- Pois
bem... estou indo para a linha de montagem. Me acompanhe, por favor.
- Sim,
almirante... – Dan faz uma pausa, enquanto Burnham olha para ele de forma meio
atravessada – Michael! Desculpe, é força do hábito!
Burnham
sorri e faz um ligeiro sinal de negação com a cabeça. Os dois, então, saem do
gabinete e se dirigem aos hangares da Frota.
***
Em um imenso
hangar, a movimentação é intensa: guindastes, andaimes e milhares de homens
trabalhando de forma intensa em uma gigantesca nave estelar – perto dela, esses
operários mais pareciam formigas minúsculas – soldando, parafusando, encaixando
peças... Em suma, era ali que a USS
Frontier ia ganhando forma.
Em meio a todo esse ambiente movimentado, Dan e Michael chegam ao galpão.
Em meio a todo esse ambiente movimentado, Dan e Michael chegam ao galpão.
- Porca
miséria... – exclama Dan, boquiaberto e com os olhos quase saltando para fora,
ao ver a nave que ele estava prestes a comandar.
- Capitão...
eis a sua nave! – diz Burnham, apontando sua mão em direção a ela.
- Ela é
magnífica! – diz Nardelli, completamente estupefato.
Os dois
começam a andar pela linha de montagem, e a explorar cada canto da nave que ali
estava sendo construída. E vão conversando em meio ao trabalho dos operários.
- Eu vi os
diagramas da nave por cima... é uma nave de classe Crossfield, certo? – indaga
Dan.
- Exatamente
– responde Michael – Para ser franca, jamais imaginei que veria uma dessas de
novo. Quando o Comando da Frota me passou os detalhes do projeto, fiquei muito
surpresa.
- Vou lhe
dizer a verdade, Michael... eu nunca vi uma dessas em ação antes. Quer dizer, o
máximo que eu vi foi uma réplica da Discovery
no museu da Frota Estelar.
Ao ouvir Dan
pronunciar o nome da Discovery, uma
ponta de angústia tomou o coração de Michael Burnham. Ela se esforçou para
conter suas emoções, e se manteve firme ao lado de Nardelli nos corredores
lotados de operários da Frontier. No
entanto, a tristeza em seu semblante era visível.
- A
propósito, Michael – diz Dan – Você serviu na Discovery durante um bom tempo. O que foi que houve com a nave?
Burnham fica
cabisbaixa por alguns instantes, demorando um pouco a responder.
- É uma
longa e complicada história (**) – diz ela – Lhe explicarei com calma qualquer dia
desses.
- Tudo bem –
responde Nardelli.
Os dois
chegam ao que mais tarde seria a ponte de comando da Frontier. Em todo o canto, se via pessoas trabalhando na montagem
das coisas.
Em meio a
esta movimentação, um homem negro se voltava para todos os lados e gesticulava
incessantemente, orientando o que cada um ali deveria fazer. Era ninguém menos
que Eugene Okonwa, à época engenheiro responsável pela construção da Frontier, e que viria a se tornar o
chefe da engenharia da nave.
- Isso
mesmo, isso deve ser colocado exatamente aí! – dizia ele para um dos operários
– Ei, cuidado com esse chapeamento! Ele é delicado e vale uma fortuna! – disse
para um outro – Você aí, atenção com esses circuitos! – disse para outro.
Até que, em
meio a toda essa correria, ele viu Burnham e Dan. E foi em direção a eles.
-
Almirante!? – diz ele, respeitosamente – A senhora deseja alguma coisa?
- Isto é
apenas uma inspeção de rotina, sr. Okonwa – diz Michael – Não há nada com que
se preocupar.
Burnham se
volta para Dan. E apresenta Okonwa a ele.
- Este é
Eugene Okonwa. Ele é o engenheiro responsável pela construção da USS Frontier – ela aponta Dan para Oko –
Ele é Daniele Nardelli, futuro capitão da Frontier.
- É um
prazer conhecê-lo, senhor – Oko aperta a mão de Dan – Me desculpe pela bagunça,
não está fácil coordenar esse pessoal!
- Está tudo
bem – diz Dan – Eu vim mesmo para conhecer a nave. Pelo visto você deve
conhecê-la melhor do que ninguém.
- Acredite,
eu estudei os diagramas da nave de cabo a rabo! – diz Okonwa – Eu conheço cada
parafuso desta nave, e sei exatamente onde cada peça se encaixa!
- Meticuloso
como sempre, não é, tenente? – Michael ri e se volta para Dan – O sr. Okonwa é
um dos nossos melhores engenheiros, por isso o designei para supervisionar a
montagem da Frontier.
- Puxa! –
exclama Nardelli – Você deve ser daqueles que conhece um motor de dobra como
ninguém!
- Sim! – Oko
se entusiasma – Motores de dobra são a minha especialidade!
- É bom
saber disso! – diz Dan – A engenharia é um setor vital para o funcionamento de
qualquer nave que se preze. Com certeza absoluta vou precisar de alguém como
você na minha engenharia!
- Você está
brincando, Dan? – diz Michael, com uma pontinha de ironia na voz – Ele é
qualificado o bastante para ser engenheiro-chefe!
-
Engenheiro-chefe?! Mas é claro! – exclamou Dan – Ele pode ser meu
engenheiro-chefe assim que a nave terminar de ser construída! O que me diz, sr.
Okonwa?
- Será uma
honra, senhor! – responde Oko.
- Então...
temos um acordo! – Nardelli estende a mão para Okonwa.
Com um largo
sorriso no rosto, Oko aperta a mão de Dan, que retribui o sorriso. Quem também
sorri é a almirante Michael Burnham, que observa toda a cena em meio ao
trabalho intenso de montagem da nave.
***
De volta ao
gabinete do capitão da Frontier, no
presente, Dan e Oko caem no riso ao lembrarem do dia em que se conheceram, com
a nave ainda em construção e sob o olhar da almirante Burnham.
- Aquele dia
foi uma loucura! – diz Okonwa – A almirante Burnham me pegou de calças curtas!
Ela não havia me informado que iria inspecionar a linha de montagem!
- Pois é...
– diz Dan – Aquele dia foi cheio de surpresas pra mim também. Mas, se pararmos
pra pensar, foi ali que tudo começou.
- Eu não
sabia que o senhor tinha indicado a comandante Hong naquele mesmo dia – afirmou
Oko – Eu estou surpreso. E o senhor também foi muito corajoso ao confrontar o
Comando da Frota Estelar.
- Por um
momento achei que eu não ia conseguir – confidencia Dan – Mas a ajuda da
almirante Burnham valeu muito no fim das contas, e tudo deu certo. Depois de
você e de Seul-gi, consegui trazer todos os outros: o doutor Lester, Andros,
Stanic, Cortez...
- O senhor
montou uma excelente equipe, capitão – diz o africano – Devia se orgulhar
disso.
Oko olha
mais uma vez para a foto do capitão com seus dois melhores amigos – Hong e
Lester. E resolve dar algumas palavras de apoio a Dan:
- De onde
venho, há um ditado que diz... – Oko faz uma pausa – “A luz com a qual vês os
outros, é a luz com a qual os outros veem a ti”.
Dan ouve
estas palavras de Oko. E fica com o olhar fixo no africano, que complementa:
- Todos
nesta nave têm um grande apreço pelo senhor, capitão, e eu me incluo entre
eles. Mas vejo uma luz mais intensa nos olhos da comandante Hong quando o
senhor está por perto.
Nardelli
fica estupefato, ao mesmo tempo em que fica feliz com as palavras de Oko.
- Ela vai
ficar bem, capitão. Não se preocupe.
- Obrigado,
Oko – diz Dan – E obrigado pelas palavras.
Oko sorri, e
faz um sinal de afirmação com a cabeça. E em seguida se levanta.
- Se me der
licença, capitão... eu preciso voltar à engenharia. Eu o manterei informado
sobre os reparos.
- Esteja à
vontade, Oko. E mais uma vez, obrigado.
Oko, então,
deixa o gabinete do capitão. E pega o turbo-elevador rumo à engenharia.
***
“Diário do Capitão – Data Estelar: 7507.6
Estamos há pouco mais de uma semana estudando o campo de asteroides recém-formado; o trabalho de nossas equipes científicas segue de forma ininterrupta.No entanto, estamos desfalcados da minha primeira-oficial, comandante Hong, que segue na enfermaria recuperando-se de uma doença de origem desconhecida.”
A
movimentação segue intensa na ponte de comando da Frontier. O capitão Nardelli está sentado em sua cadeira, fazendo
questionamentos em meio ao entra e sai de oficiais da divisão de ciências.
O alferes T’alek, que ficou no posto da comandante Hong, faz um relatório sobre o que algo captado pelos sensores sobre os asteroides:
O alferes T’alek, que ficou no posto da comandante Hong, faz um relatório sobre o que algo captado pelos sensores sobre os asteroides:
- Capitão,
há uma grande concentração de radiação em torno dos fragmentos. Ao que tudo
indica, o campo é resultado de uma explosão; pela intensidade da radiação,
presumo que havia uma estrela onde agora se encontram os asteroides.
- Muito bem,
sr. T’alek – disse Dan – Sabe me dizer há quanto tempo essa explosão ocorreu?
- Difícil
especular, senhor – o jovem vulcano responde com um tom de voz firme e frio – Seria
necessário recolher uma amostra e analisar mais detalhadamente.
- Entendo –
assente o capitão – Vamos ter que isolar uma seção para que a análise seja
feita. Os níveis de radiação podem representar um risco para a tripulação da
nave.
-
Precisamente – diz T’alek.
Até que, em
meio às discussões e à movimentação, a porta do turbo-elevador da ponte se
abre, e revela alguém que deixa a todos na ponte surpresos: é Seul-gi.
Ela entra e
se aproxima da cadeira do capitão.
- Capitão? –
ela chama a atenção dele, meio tímida.
- É você,
Seul-gi?! – diz Dan, esboçando um sorriso e com um brilho nos olhos.
-
Comandante? Está se sentindo melhor? – pergunta T’alek.
- Sim, sr.
T’alek – responde Hong – O doutor Lester me deu alta há pouco. Obrigada por
perguntar.
Sem dizer
uma palavra, o vulcano levanta uma sobrancelha. Seul-gi se volta para Dan:
- Permissão
para reassumir meu posto, capitão?
Dan demora
um pouco para responder. Olha nos olhos de Seul-gi por alguns segundos, e vê
sua determinação, cristalina como água.
- Concedida
– o capitão se volta para T’alek – Alferes, coloque a srta. Hong à par do seu
relatório.
- Sim,
capitão.
Hong se
coloca em sua plataforma. T’alek se coloca a seu lado e lhe repassa as
informações:
- É provável
que estes asteroides sejam resultado da explosão de uma estrela. Há uma grande
concentração de radiação nos fragmentos. Para descobrir mais detalhes, teremos
que recolher uma amostra.
- Compreendo
– responde Hong – Teremos que usar uma nave auxiliar para isto. O uso de trajes
EV também é recomendável.
- Há alguma
área da nave que possa ser isolada para realizarmos as análises? – pergunta
Dan.
- O hangar 3
seria o ideal – responde Seul-gi – Já está disponível há algum tempo.
- Está certo
– diz o capitão – Muito bem, recolha as amostras e as leve para o hangar 3. Vou
mandar providenciar o isolamento da área imediatamente. Mantenha um canal
aberto.
- Sim,
capitão – responde Hong – Sr. T’alek, me acompanhe.
- Sim,
senhora – diz T’alek.
Antes que
Seul-gi chegue à porta do turbo-elevador, Dan lhe chama a atenção:
- Srta.
Hong?
A coreana
olha para trás, e se volta para o capitão, sentado em sua cadeira.
- É bom ter
você de volta! – diz Dan, com um sorriso no rosto e um olhar fraterno.
Seul-gi fica
meio sem jeito, mas retribui o sorriso e o olhar.
- Obrigada,
Dan – diz ela – Farei o meu melhor!
E então, Dan
se volta para a tela logo à frente, enquanto Seul-gi e T’alek entram no
turbo-elevador da ponte.
E os
trabalhos prosseguem. A Frontier
permanece em meio ao campo de asteroides, enquanto a nave auxiliar deixa seu
hangar e se afasta da nave principal, para recolher a amostra necessária para
concluir o estudo. Tudo na mais perfeita normalidade.
CONTINUA...
_____________________________
NOTAS DO AUTOR:
(*) Vide Jornada Nas Estrelas - O Filme/Star Trek: The Motion Picture (1979)
(**) Vide Star Trek: Discovery - Temporada 2
Comentários
Postar um comentário