Capítulo 2 - BATISMO DE FOGO


 ANTERIORMENTE:


A USS Frontier, sob o comando do capitão Dan Nardelli, enfim, começou sua missão pelo universo a fim de explorar novos mundos, descobrir novas civilizações e estreitar laços entre a Federação e outras raças já existentes.
Após deixarem a Terra e seguirem seu caminho sem nenhum problema, o capitão e sua tripulação subitamente se deparam com uma nave misteriosa. Um clima de absoluta tensão se instala na ponte de comando da Frontier:

- Confirme a identidade dessa nave, srta. Hong! – ordena Dan, com uma tensão evidente na voz.

- Cruzador de batalha classe D7 – responde a primeira-oficial Seul-gi Hong. - É uma nave Klingon.

- Alerta amarelo! Erguer defletores, sr. Cortez! – ordena o capitão ao alferes Hernando Cortez, piloto da nave.
Em meio a toda a tensão relacionada à suposta ameaça que a nave Klingon poderia representar, o chefe de segurança da Frontier, tenente Andros, percebe um detalhe intrigante:

- Capitão, parece que a nave Klingon está com problemas. Veja os motores de dobra deles!

- Parece que foram bastante danificados – relata o alferes Cortez, ao ver a nave de forma mais detalhada. – Há avarias também por toda a extensão da nave!

A tensão dá lugar a indagações. Todos na ponte ficam sem entender nada do que está se passando.

- O que diabos está acontecendo aqui?! – pergunta o capitão, perplexo.






“Diário do Capitão – Data Estelar: 7501.4

Uma nave de batalha Klingon apareceu subitamente no caminho da Frontier.

Nos preparamos para responder a um eventual ataque, mas para a nossa surpresa, o tenente Andros e o alferes Cortez constataram que a nave Klingon estava severamente danificada – o que leva a crer que eles foram atacados antes da nossa chegada.

A questão é: quem pode ter sido o responsável por esse ataque? E ainda: o que uma nave de batalha Klingon estava fazendo em espaço da Federação?”


Uma enorme interrogação ocupa a mente de todos na ponte de comando da Frontier. Logo de cara, a tripulação encontra uma situação completamente atípica: uma nave Klingon, dentro do espaço da Federação, bastante danificada – fruto de um possível ataque. O que aquela nave poderia estar fazendo ali? Como ela veio parar do nada fora dos domínios do Império Klingon? E mais: quem os teria atacado? E por quê? Essas perguntas passavam pela cabeça de todos – especialmente de Dan.
O capitão, então, volta-se para o tenente Andros, oficial tático da Frontier:

- Qual a extensão dos danos da nave Klingon, tenente Andros?

- Os motores de dobra estão severamente danificados, capitão – responde o tenente. – Os de impulso estão operando no limite e há danos também em alguns decks da nave. Aparentemente o suporte de vida está intacto.

- Entendido. – o capitão, em seguida, dirige a palavra à comandante Hong – Leituras de formas de vida, srta. Hong?

- Quarenta e cinco, no total – Seul-gi responde enquanto mexe no display de sua plataforma. – Aparentemente, eles não sofreram baixas, capitão.

- O que significa que boa parte da tripulação saiu ilesa... – conclui Dan, ao ouvir o relatório de Hong.

O capitão reflete por alguns segundos. E então, toma uma decisão.

- Muito bem... é hora de descobrirmos de uma vez o que está se passando aqui. Sr. Stanic, abra frequências de saudação.

O tenente Stanic, oficial de comunicações da Frontier, imediatamente mexe em alguns dígitos de seu display de sistema, e em seguida, informa a Dan:

- Frequências de saudação abertas, capitão.

Dan, então, dirige sua palavra aos ocupantes da nave Klingon de forma ostensiva e direta:

- Aqui é o capitão Daniele Nardelli, da USS Frontier. Nave Klingon, está irregularmente em território sob jurisdição da Federação Unida dos Planetas. Identifique-se!

Não demora muito para a resposta da nave Klingon chegar aos ouvidos dos ocupantes da ponte da Frontier. Poucos segundos depois das palavras do capitão, uma voz grossa e cavernosa ressoa pelos alto-falantes da ponte de comando. Mas apesar do aspecto sombrio da voz, o tom das palavras é surpreendente.

- Aqui fala o capitão K’Nesh, do cruzador Klingon T’Kuvma. Capitão Nardelli, estamos perfeitamente cientes de nossa condição. Mas posso lhe assegurar que nossas intenções não são hostis... pelo contrário, precisamos de ajuda!

Todos ficam surpresos na ponte de comando da Frontier. Especialmente o capitão.
Dan já havia lidado com Klingons antes, e durante todo o tempo em que serviu na Frota Estelar, jamais tinha visto um deles falar de maneira tão branda; os Klingons normalmente são orgulhosos e agressivos, regozijam-se do fato de ser uma raça guerreira. E por diversas vezes, entraram em atrito e até se envolveram em uma guerra contra a Federação.
Levando-se todos estes fatores em conta, ninguém iria esperar que um Klingon fosse pedir ajuda justamente a uma nave da Federação. Das duas uma: ou eles estariam tramando algo, ou de fato algo muito mais sério aconteceu.

Foi assim que o capitão Nardelli recebeu, em princípio, as palavras do capitão da nave Klingon: com um misto de surpresa e desconfiança. No entanto, resolveu manter o diálogo, decidido a ver até onde a situação iria chegar. Dan, então, olha para Stanic e transmite sua ordem:

- Coloque na tela, sr. Stanic.

Stanic obedece à ordem, e a imagem do capitão Klingon aparece na tela da nave: uma figura intimidadora, com a pele acinzentada, uma sequência de protuberâncias na testa, longos cabelos escuros, olhos negros como o próprio espaço, sobrancelhas arqueadas para cima e um cavanhaque, típico de algumas casas Klingon. Vestia uma espécie de armadura – as ombreiras, por exemplo, continham vários elementos pontiagudos.
Ao ver a imagem do capitão Klingon, Dan sonda-o de imediato:

- Pode nos explicar o que houve, capitão K’Nesh?

- Eu não tenho alternativas, capitão Nardelli – responde o Klingon, do outro lado da linha. – Certamente isto parecerá estranho, mas terá que acreditar em mim.

O tom brando na voz do capitão K’Nesh ainda inspira desconfiança nos oficiais da ponte; o capitão fica ainda mais ressabiado. Mas resolve ouvir o que o Klingon tem a dizer sobre a sua situação.

- Evidentemente não vai saber se não tentar – responde Dan, com um sorriso ligeiramente irônico. – Sou todo ouvidos, capitão.

K’Nesh, então, resolve explicar os fatos. E deixa todos na ponte da Frontier ainda mais surpresos.

- Nós estávamos perseguindo uma nave de carga desde o nosso território até este ponto do quadrante. Quando os alcançamos, eles abriram fogo contra nós, e acabamos entrando em confronto. Mas levamos a pior, como pode ver. Eles conseguiram escapar.

As palavras de K’Nesh deixam todos atônitos na ponte de comando. O capitão Nardelli, então, questiona:

- Alguma razão relevante para esta perseguição?

Novamente, o capitão da nave Klingon faria uma revelação surpreendente.

- Sim... aquela nave contém uma carga preciosa nossa, que nos foi roubada.

- Roubada?! – Dan arregala os olhos, assim como todos os tripulantes da ponte. – E que tipo de carga era? Pra chegarem a esse ponto, realmente deve ser algo importante.

O capitão K’Nesh, então, revela mais detalhes aterradores.

- De fato, capitão Nardelli. É um lote de nossos dispositivos de camuflagem, que usamos para equipar nossas naves.

K'Nesh, capitão da nave Klingon T'Kuvma
A cada palavra dita pelo capitão da nave Klingon, mais dúvidas surgiam nas mentes de Nardelli e dos outros oficiais na ponte de comando da Frontier. E não era à toa: pelo menos aparentemente, estavam diante de uma situação extremamente grave, cujas consequências são imprevisíveis. Mas os questionamentos eram muitos: quem, afinal, conseguiu a façanha de roubar um lote de dispositivos de camuflagem pertencente a uma das raças mais intempestivas e implacáveis da galáxia? E com que interesse, com que finalidade?
No entanto, uma coisa era certa: se tais dispositivos caíssem em mãos erradas, coisas terríveis poderiam acontecer.

- Dispositivos de camuflagem?! – responde Dan, com um espanto claro na voz – Mas então, realmente, isso é muito sério! Vocês já pediram reforço?

- Estamos tentando contato com Qo’noS (*), mas ninguém nos respondeu até agora. E também levará um tempo até consertar os nossos motores, os danos que sofremos foram grandes! – disse K’Nesh.

Nardelli estava diante de um impasse. A situação descrita pelo capitão K’Nesh era, realmente, bastante grave, e os danos no cruzador Klingon eram visíveis.
Mas ao mesmo tempo, Dan tinha uma ponta de desconfiança, justamente por se tratar dos Klingons. Sabia que, se baixasse a guarda em demasiado, poderia ser pego de surpresa; mas ao mesmo tempo, a aparente vulnerabilidade de K’Nesh e de sua tripulação pode lhes dar o benefício da dúvida – e junte-se a isso o relato do roubo dos dispositivos de camuflagem.
De qualquer forma, Dan resolve não facilitar.

- Verei o que posso fazer. Voltarei a entrar em contato. – após estas palavras, Dan finaliza a transmissão. E então, resolve averiguar os fatos.
Inicialmente, volta-se para Cortez:

- Consegue rastrear algum sinal de dobra, sr. Cortez?

- Verificando, capitão – responde prontamente o alferes.

Não demora muito, e Cortez consegue detectar um rastro, ainda que fraco, do que pode ser uma segunda nave – quem sabe, a nave dos supostos ladrões.

- Há um rastro de dobra próximo à nave Klingon, senhor. Está a 120 graus a estibordo e se estende... rumo à direção 156, marco 17.

- Muito bem. Grave essas coordenadas, sr. Cortez. – o capitão então se dirige a Stanic. – Sr. Stanic, informe a situação ao Comando da Frota Estelar.

- Imediatamente, senhor – responde Stanic.

Dan, então, levanta-se da cadeira de capitão e transmite uma ordem à Hong:

- Srta. Hong, prepare a sala de reuniões. Quero todos os altos oficiais da nave o quanto antes possível.

- Pode deixar, capitão – responde Seul-gi.

Na sequência, ela, Dan e Andros retiram-se da ponte.


A algumas centenas de milhares de quilômetros dali, uma nave de carga de porte médio segue em velocidade de dobra rumo a um canto desconhecido do espaço. Dentro dela, pilhas de pequenos contêineres se amontoam. Detalhe: todos eles possuem a insígnia do Império Klingon. Próximo deles, um grupo com sete indivíduos discute entre si. A aparência de todos é bastante peculiar, para não dizer estranha: em média 1,65m de altura, as cabeças todas sem cabelo algum, olhos negros, narizes gordos e avantajados, dentes afiados, e por fim, o detalhe que mais chama a atenção: as orelhas enormes, cada uma quase do tamanho do rosto de cada indivíduo – para não dizer até maior.
Uma outra característica comum a todos eles é evidente: a ganância desmedida.

- Beleza!!! – comemora o líder do bando – Nós faremos uma bela bufunfa com esses dispositivos!

- Sim, sim, com certeza, Gorak – resmunga outro, com um olhar incisivo – Mas não esquece que 20 por cento é meu, hein!

- Isso, é claro, se a gente sobreviver – diz um outro, temeroso – Ou por acaso vocês acham que os Klingons vão deixar barato? A essa altura, eles já devem ter mandado hordas daquelas aves de rapina deles atrás de nós!

- E por acaso você está com medo, meu caro Siros?! – o primeiro, Gorak, chega e se aproxima – Se esqueceu que nós conseguimos abater um cruzador deles? Esses canhões disruptores que instalei neste cargueiro vieram bem a calhar!

- Pois é, esses caras não vão dar trabalho pra gente! – afirma um outro – Que raça guerreira que nada, esses caras não passam de um bando de manés!

- E outra... – Gorak chega e coloca o braço esquerdo por cima dos ombros de Siros – você também está se esquecendo de algumas regrinhas que são fundamentais para a nossa sociedade... primeiro: qualquer coisa que vale a pena ser feita, vale a pena se for feita por dinheiro! E outra: qualquer coisa roubada...

Siros termina a fala do outro, antes que ele o faça. E os dois juntos esboçam um sorriso.

- ...é lucro total!

- É LUCRO TOTAAAAAL!!!! – o primeiro solta uma gargalhada que ecoa pelo compartimento de carga, e em seguida aponta para os contêineres – e essas belezinhas aqui são lucro puro, meu rapaz!

Após estas palavras, o orelhudo respira fundo e solta uma fungada perto da carga roubada.

- Ahhhhh... eu posso sentir até o aroma do ouro e do latinum...

- E com certeza comprador não vai faltar! – diz um outro, mais gordinho, enconstado em um outro canto - Todo mundo quer equipar a nave com um desses... se bobear, a gente consegue vender esse treco até pra Federação!

- Pra Federação? Duvido – resmunga um outro, que traja uma camisa verde e um colete. – Aqueles caras não passam de uns moralistas frescos e hipócritas, nunca que eles iriam comprar qualquer coisa que fosse roubada!

- Tem razão... talvez alguém como os romulanos possa se interessar – diz Gorak – enfim, até acharmos compradores vai ser questão de tempo! Vamos seguir firmes no curso...

E a nave vai tomando seu caminho.

A nave cargueira e os ladrões

Na sala de reuniões da Frontier, uma discussão está em curso. O capitão e todos os oficiais mais importantes da nave – a primeira-oficial Hong, o engenheiro-chefe Okonwa, o doutor Lester e o chefe de segurança Andros – estão reunidos tratando da crise envolvendo o cruzador Klingon T’Kuvma e o roubo dos dispositivos de camuflagem.
Sentados em torno de uma mesa oval transparente, eles deliberam sobre a situação.

- Você só pode estar brincando, Dan! – exclama o doutor Lester. – Klingons, logo de cara? Me admira que ainda estamos inteiros...

- Mas eles não fizeram nada contra nós, Jon, e não poderiam fazer, mesmo que quisessem – responde o capitão. – O tenente Andros é testemunha disso.

- De fato. Todos na ponte viram com seus próprios olhos – afirma o romulano. – A nave Klingon estava praticamente destruída. Seja lá quem for o responsável pelo ataque, tem armas muito potentes.

- Me admira que a tripulação tenha saído ilesa do ataque – diz a comandante Hong. – Certamente o interesse dos responsáveis não era o confronto, mas simplesmente escapar com a tal carga roubada.

- Isso tudo é muito estranho... – afirma, pensativo, o tenente-comandante Okonwa. – Os Klingons são osso duro de roer, quem no universo consegue roubar alguma coisa deles e escapar dessa maneira? Está na cara que isso não é coisa de amador...

- Realmente, sr. Okonwa – responde Dan. – Essa história toda é muito estranha... lidar com tudo isso não vai ser uma tarefa fácil.

De repente, a discussão é interrompida por um chamado da ponte de comando. É Stanic.

- Stanic para capitão! – a voz de Stanic sai de um alto-falante em um dos dispositivos da mesa, próximo a Dan, que por sua vez, aperta um de seus botões e responde de imediato.

- Aqui é Nardelli. Prossiga, sr. Stanic.

- Recebendo transmissão do Comando da Frota Estelar, senhor. Almirante Michael Burnham.

Todos recebem com surpresa a notificação de Stanic. O capitão, então, dá a ordem.

- OK. Transfira para a sala de reuniões, eu falarei com ela.

- Transferindo, senhor – responde Stanic, do outro lado da linha.

Dan, então, digita rapidamente em seu dispositivo de comunicação na mesa. Então, ele acaba projetando à frente da mesa um holograma em tamanho natural, que revela a imagem de uma elegante mulher negra, com o cabelo curto e caprichosamente cortado, uma aparência bastante jovial, apesar dos seus quarenta e poucos anos, trajando um uniforme azul de comando com alguns detalhes a mais do que o convencional: o dourado dos ombros se estende por toda a extensão deles até a linha do pescoço, e seu emblema da frota com a estrela de comando é ornado com um círculo dourado em volta.
É a almirante Michael Burnham, que há cerca de vinte anos atrás, serviu na USS Discovery, e agora ocupa um dos altos postos dentro do Comando da Frota Estelar.
Esboçando um sorriso e com um certo tom caloroso em sua voz, ela se dirige ao capitão:

- Olá, Dan.

- Já faz algum tempo, não é, Michael? – responde Nardelli, com um tom de voz cordial e alegre, na mesma sintonia da almirante, o que deixa alguns dos oficiais da mesa espantados.

- Pois é – responde Burnham. – Infelizmente não pude acompanhar o lançamento da Frontier, eu tive que cumprir alguns compromissos junto ao Comando da Frota.

- Eu compreendo – diz o capitão. – Seu cargo certamente deve exigir muito, lidar com as questões da Frota não deve ser nada fácil.

- Realmente. E com certeza as coisas não devem estar fáceis pra você também – Michael, então, resolve ir direto ao ponto, e muda um pouco o tom da voz, com uma expressão mais séria no rosto – Recebi a transmissão de sua nave. Há algo em que eu possa auxiliá-lo?

- De fato, almirante – Dan também muda seu tom, e passa a falar com mais formalidade – Já deve estar ciente da nossa situação. Os Klingons afirmam que foram roubados e sofreram um ataque na tentativa de interceptar os supostos ladrões. Até onde é de meu conhecimento, você tem um passado com os Klingons (**), e creio que os conhece melhor do que ninguém. Acha que eles podem estar mentindo ou tramando alguma coisa para nos pegar desprevenidos?

- Eu acho pouco provável, capitão – afirma Burnham, de forma categórica – Analisei toda a situação e não vi quaisquer indícios de que se trate de um ato de guerra.

Almirante Michael Burnham, do Comando da
Frota Estelar
As palavras da almirante Burnham deixam todos da mesa atônitos, à exceção do capitão, que ouve atentamente cada fala.
De seu escritório no quartel general da Frota Estelar em São Francisco, ela complementa seu ponto de vista sobre a situação.

- É importante lembrar que desde o fim da guerra entre a Federação e o Império Klingon há mais de 20 anos, as coisas mudaram muito. Os Klingons não têm causado tantos problemas, especialmente depois da assinatura do Tratado de Paz de Orgânia, que teve uma participação relevante do então capitão James Kirk, da Enterprise (***). Desde então, os dois lados vêm mantendo constantes negociações de paz.

Na mesa de reuniões da Frontier, Dan questiona Michael, após ouvir suas palavras:

- Compreendo. Quais são as suas recomendações?

- O roubo dos dispositivos de camuflagem é um fato que não deve ser ignorado, capitão – responde Michael. – Acredito que ajudar os Klingons a reaver a carga e solucionar o caso seja a decisão mais lógica a se tomar. Se conseguirem, teremos um fator a mais que, futuramente, pode pesar nas negociações de paz.

- Ou seja: agir com pura diplomacia... conclui o capitão.

- Precisamente – diz Burnham.

Demonstrando um certo incômodo com a solução proposta pela almirante, o doutor Lester resolve fazer um questionamento:

- Almirante... permissão para fazer uma pergunta?

- Vá em frente, doutor – responde Michael.

- Ao perseguir a tal nave com a carga roubada, os Klingons entraram no espaço da Federação sem autorização. Há alguma providência que o Comando da Frota, ou mesmo a Frontier possa tomar a respeito? 

- Creio que isto deva ser resolvido entre o Conselho da Federação e o Alto Conselho Klingon – responde a almirante, categoricamente – O Conselho da Federação já está ciente de toda a situação.

- Ah... perfeitamente, senhora... – responde o doutor, um pouco sem graça, com um sinal de afirmação com a cabeça.

Tudo indica que a solução do impasse já estava em mãos. O capitão, então, resolve chamar a atenção dos demais oficiais:

- Alguém quer acrescentar mais alguma coisa?

Andros, Hong e Okonwa negam em silêncio, apenas com um gesto de cabeça.

- Bom, senhores, creio que isso é tudo – diz Dan. – Almirante Burnham, eu lhe agradeço pelas suas orientações. Tomaremos todas as providências cabíveis.

- Boa sorte, capitão – responde Michael, esboçando um sorriso – Estou à sua disposição. Burnham desligando.

E então, o holograma desaparece da sala de reuniões. Todos demonstram uma certa satisfação com as soluções propostas pela almirante Burnham – à exceção do doutor Lester, claramente inconformado:

- Isso é inacreditável! Mal subimos ao espaço e já nos vemos obrigados a fazer uma aliança com os Klingons! Só por Deus...

- Não há como ignorar o Comando da Frota, Jon – responde o capitão – a almirante Burnham certamente sabe o que está dizendo. E particularmente não vejo motivos para desespero: se os Klingons realmente quisessem fazer alguma coisa contra nós, eles já teriam feito. E tem ainda a questão do roubo dos dispositivos de camuflagem: como ela mesma disse, é algo que não podemos deixar passar.

A comandante Hong, então, resolve dirigir a palavra ao capitão:

- Vai contatar a T'Kuvma, capitão? Temos que deixá-los à par da situação.

- Precisamente, Seul-gi – responde Dan – Aliás... eu acabei de ter uma ideia...

Após estas palavras, todos olham para o capitão, com cara de expectativa.



“Diário do Capitão – suplemento: 

Por recomendação da almirante Michael Burnham, do Comando da Frota Estelar, decidimos ajudar os Klingons a recuperar sua carga roubada de dispositivos de camuflagem.

Como prova de nossa boa vontade, resolvi convidar o capitão da nave Klingon para um jantar a bordo da Frontier. Aproveitarei a ocasião para obter mais informações sobre o caso do roubo.”


Dan, Hong, Lester e Andros dirigem-se à sala de transporte da nave. Apavorado, o elegante médico inglês demonstra, ao seu modo, ter perdido completamente a compostura com a decisão tomada pelo capitão:

- Por Deus, Dan, você enlouqueceu! Vai mesmo trazer um KLINGON a bordo desta nave?!

- Pra que o desespero, doutor? – responde Dan, rindo e com a maior tranquilidade do mundo – Só estou praticando um pouco de diplomacia, nada mais que isso!

- Diplomacia?! Vai nessa... – resmunga o médico – Quero ver você ser diplomata com uma bat’leth (****) apontada pro seu pescoço...

- Acalme-se, Jon. Vai por mim, está tudo sob controle... – tranquiliza o capitão.

- Tá... vou fingir que eu acredito. Oh, céus, só quero ver a confusão que isso vai dar... – diz o doutor, colocando a mão no rosto e fazendo um sinal de negação com a cabeça.

Alheia à discussão, a comandante Hong observa os dois, e esconde o riso contido colocando uma das mãos na boca, achando graça de toda aquela situação.
Andros segue atrás dos três, apenas observando.


Os quatro chegam à sala de transporte, onde Okonwa os aguarda em frente ao dispositivo de ativação. Assim que eles adentram a sala, o africano informa ao capitão:

- O capitão da nave Klingon trará um de seus oficiais, senhor. Eles estão prontos pra vir a bordo.

- Muito bem, sr. Okonwa – responde o capitão. – Acionar!

Okonwa, então, desliza para cima seus dedos sobre o display do aparelho de teletransporte. Na plataforma, feixes de luz azulada brilham de forma intensa, e gradativamente, materializam as formas de dois indivíduos altos, com armaduras robustas, pele cinzenta e protuberâncias na testa: são o capitão K’Nesh, da nave Klingon, e um outro oficial da T’Kuvma, que lhe serve de escolta.
Todos observam atentamente enquanto o capitão Nardelli os recepciona.

- Seja bem-vindo a bordo da Frontier, capitão K’Nesh – diz Dan, enquanto estende a mão para cumprimentar o capitão Klingon.

K’Nesh encara Nardelli, com um semblante sério. O olha de alto a baixo, em silêncio, enquanto todos os outros oficiais da Frontier o observam, com aparente tensão.
Até que, de forma brusca e repentina, o Klingon agarra o antebraço de Dan, retribuindo-lhe o cumprimento à sua maneira.
E então, dirigiu-lhe a palavra em seu idioma nativo:

- batlh presence! (É uma honra estar em sua presença.)

Para a surpresa de todos, Dan responde às palavras de K’Nesh, também falando em Klingon:

- batlh vIghajchoH. (A honra é minha.)

Um silêncio toma conta da sala de transporte da Frontier por alguns segundos, com o espanto dos oficiais ao assistir à cena. E ele é rompido por uma gargalhada estrondosa de K’Nesh, que dá um tapa no ombro de Dan, quase o desequilibrando para o lado.

- Seu Klingon é muito bom, capitão! – exclama o alienígena, quase aos berros – Fala como se fosse um de nós!

- É... eu ainda tropeço em uma coisinha ou outra – responde Dan, tentando demonstrar descontração - Mas seu idioma não é tão difícil de aprender. Quer dizer, eu me esforço, né?

- Sei... A propósito, eu trouxe isto para o nosso jantar – diz K’Nesh, exibindo uma espécie de cantil grande em uma de suas mãos.

- Ora! – exclamou Dan, surpreso – E o que é?

- Vinho de sangue – respondeu K’Nesh. – Muito apreciado em nosso planeta natal. Acredito que você e sua tripulação irão gostar!

- É muito gentil de sua parte... diz Dan, ainda meio sem jeito. – Eu agradeço.

Os outros oficiais apenas observam o desenrolar das cenas, sem saber o que pensar. Nunca em suas vidas viram tantas demonstrações de cordialidade vindas de um Klingon.
Até mesmo o capitão se demonstra surpreso com as atitudes de K’Nesh, em meio a estas primeiras palavras.
Dan, então, se volta para seus tripulantes e os apresenta ao capitão do cruzador Klingon, um a um:

- Permita-me apresentar a minha tripulação, capitão K’Nesh: minha primeira-oficial, Seul-gi Hong; meu médico-chefe, doutor Jonas Lester; meu chefe de engenharia, Eugene Okonwa; e meu chefe de segurança, Andros.

- É uma honra conhecer a todos – diz K’Nesh, que, ao bater os olhos em Andros, faz uma pausa olhando-o de alto a baixo, e em seguida lhe dirige a palavra – Você é romulano, por acaso?

- Sim – responde Andros – Nasci em Romulus, mas fugi do meu planeta e passei a viver na Terra há alguns anos atrás. É uma história complicada, senhor.

- Interessante – diz o Klingon, intrigado. – Conte-me mais a respeito quando puder.

- Claro! – diz o romulano, levantando a sobrancelha e com um sorriso amarelo.

Logo em seguida, K’Nesh apresenta aos tripulantes da Frontier seu subordinado, que veio acompanha-lo no jantar.

- Este é meu primeiro-oficial, comandante Korg. Serve ao Império comigo desde que nós éramos muito jovens.

- É uma honra, senhores – diz Korg, sério e com um tom de voz mais frio que o de seu capitão.

Feitas as apresentações, o capitão Nardelli, então, resolve conduzir todos ao jantar.

- Bem, cavalheiros e... senhorita – diz, apoiando sua mão sobre o ombro da comandante Hong, que lhe sorri enquanto lhe olha nos olhos - não sei quanto a vocês, mas eu estou com fome. Podemos conversar melhor durante o jantar. Queiram me acompanhar todos, por favor.

- Será uma honra, capitão Nardelli – diz K’Nesh.


Alguns minutos depois, todos se encontram em uma sala reservada da nave, sentados em uma mesa longa onde o jantar é servido – Dan e K’Nesh estão sentados frente a frente; em um lado do capitão, está a comandante Hong; do outro, o doutor Lester e Andros. Em um dos lados de K’Nesh, está Okonwa; do outro, Stanic e Cortez. O cardápio é variado: carnes (algumas mais mal-passadas, para os dois Klingons), saladas, legumes, peixes, arroz, massas, tortas e uma sopa romulana. Entre as bebidas, alguns sucos de frutas variadas e, claro, o vinho de sangue trazido por K’Nesh, que rende elogios de Nardelli:

- Você tinha razão, K’Nesh. Seu vinho de sangue realmente é muito bom! Casou muito bem com esta pasta (*****) do meu planeta – o capitão aponta para seu prato de macarrão, um fettuchini ao sugo, tipicamente italiano.

- Eu não falei pra você, capitão? – diz K’Nesh, rindo – E digo mais: esse que eu trouxe é de uma excelente safra!

- Eu imagino – responde Dan – Muito bom mesmo!

Dan, então, muda o rumo da conversa após uma garfada em seu macarrão. Questiona o capitão K’Nesh sobre o roubo dos dispositivos de camuflagem:

- Mas então... me fale mais sobre os dispositivos de camuflagem que foram roubados. Como foi que tudo aconteceu?

- Foi em uma de nossas bases na lua de Praxis – conta K’Nesh, enquanto abocanha uma coxa quase crua de targ. (******) – Alguém se infiltrou ali usando uma nave de carga e saiu sem deixar qualquer rastro. O lote roubado fazia parte de uma remessa que havíamos mandado para Qo’noS; nós descobrimos o roubo quando soubemos que o lote não havia chegado ao seu destino.

Os poucos modos à mesa de K’Nesh – atitude típica dos Klingons - pareciam incomodar um pouco alguns dos tripulantes da Frontier. À exceção de Nardelli, que aparentemente não liga – está mais preocupado em saber dos detalhes do roubo da carga.

- Tem alguma ideia de quem são esses ladrões? E porque eles roubariam seus dispositivos de camuflagem? – pergunta Andros.

- Não, nós não temos, infelizmente – responde o capitão Klingon – Pesquisamos todos os inimigos do Império Klingon, e a maneira de agir desses ladrões não correspondeu com nenhum deles.

- E... como foi que vocês interceptaram os ladrões? – pergunta Hong.

- Procuramos em praticamente todo o nosso território, em dobra máxima – responde Korg – até que nossos sensores os detectaram em uma região próxima de nossa Zona Neutra.

- Foi quando começamos a perseguição – continuou K’Nesh – Em princípio, tentamos alcança-los no mesmo ritmo de dobra, e quando os interceptamos, eles imediatamente abriram fogo contra nós.

Dan ouvia cada palavra do Klingon atentamente. E ele acabou por revelar mais um detalhe crucial.

- Acabamos descobrindo outra coisa, e da pior maneira. Eles não roubaram só os dispositivos de camuflagem, também roubaram alguns canhões disruptores potentes, que eles usaram contra nós! O resultado, bem, a nave fala por si só.

- Entendi. Eles devem ter sido instalados durante a fuga... antes de vocês os alcançarem – conclui Dan.

- Peraí, deixa eu ver se eu entendi – o alferes Cortez entra na conversa – Vocês perseguiram os ladrões até o nosso espaço, aí eles detonaram a nave de vocês e se mandaram, é isso?

- Isso mesmo – responde K’Nesh. – E ainda tem esse detalhe: devemos ter cruzado a Zona Neutra durante o confronto com os ladrões. E após a fuga deles, quando nos demos conta, já estávamos no espaço da Federação. Mas não havia o que fazer, nossos motores já tinham sido bastante danificados.

- E botem danificados nisso! – interpela Okonwa – Pelas minhas análises preliminares, vocês devem levar semanas ou até meses para consertar tudo! Os danos são consideráveis!

- Acha que se montar uma equipe para auxiliar nos reparos, isso pode agilizar o processo, sr. Okonwa? – pergunta o capitão Nardelli.

- Bom... responde Okonwa, pensativo – Eu acredito que sim, capitão...

- Não precisa se preocupar com isso, capitão Nardelli – diz K’Nesh – Meus engenheiros dão conta do recado. Temos pouco pessoal, mas se for necessário, pediremos para rebocarem a nave assim que contatarmos nosso planeta.

- Acho que isso implicaria em uma tensão diplomática maior com a Federação, K’Nesh – aponta Nardelli – Vocês já estão de forma irregular no espaço da Federação, e trazer mais naves do Império Klingon a este setor só lhes traria mais problemas. E esperar uma resolução entre o Conselho da Federação e o Alto Conselho Klingon tornaria as coisas ainda mais demoradas, pois isso leva tempo.

K’Nesh fica paralisado com a constatação do capitão – realmente, ela fazia sentido. Seu primeiro-oficial, Korg, também ouve atentamente a fala de Dan, e ao ver a reação de seu capitão, chama-o de canto e lhe diz ao pé do ouvido:

- Acho que ele tem razão, capitão. Na nossa atual situação, não há muito o que ser feito.

K’Nesh então se volta para Nardelli:

- É, capitão... Odeio ter que admitir, mas pelo visto, estou num beco sem saída! Se eu botar as mãos naqueles malditos ladrões, vou fazê-los pagar caro!

- Fique tranquilo, K’Nesh – diz Dan – nós vamos cuidar de tudo. E ajudaremos no que for necessário. É assim que a Frota Estelar trabalha!

Então, o doutor Lester sentiu que era sua deixa, e resolveu intervir mudando o rumo da conversa:

- Capitão K’Nesh... eu posso... lhe fazer uma pergunta?

- Mas é claro, doutor... – responde K’Nesh – Diga!

- Você é um Klingon, capitão... no entanto, desde que você chegou a bordo de nossa nave, percebi que sua atitude é um tanto diferente dos outros Klingons que já encontramos. Sem querer ofender, mas... existe alguma razão pra isso?

O capitão Nardelli, bem como todos os outros na mesa, ficam de olhos arregalados ao ouvir a pergunta do doutor, temendo algum tipo de reação intempestiva de K’Nesh. Mas, para a surpresa de todos, o Klingon responde à pergunta do doutor com tranquilidade:

- Está tudo bem, doutor Lester. Não está sendo nem um pouco ofensivo, pelo contrário: seu questionamento é bastante pertinente. De fato, sou diferente da maioria do meu povo: enquanto eles querem simplesmente preservar a raça dos Klingons a qualquer custo, eu sou um dos poucos de minha raça que acreditam nos benefícios da cooperação mútua com outros povos. Aliás, poucos não: raros mesmo.

Mais uma vez, todos se surpreendem com o capitão K’Nesh. Ele, então, resolve expor seus pontos de vista:

- É fato que sua Federação e nosso Império Klingon têm se estranhado durante décadas a fio. E desde que o Tratado de Orgânia foi assinado, nossos diplomatas vêm fazendo esforços para mudar essa história. Muitos em nosso planeta não enxergam com bons olhos essas negociações de paz. Mas eu acredito que, se quisermos evoluir, temos que deixar de lado velhos hábitos, e ver o que outras nações têm a nos oferecer.  A maioria acredita que isso vai acabar com a nossa essência; no entanto, eu não penso assim.

- Nossa... eu estou realmente admirado! – exclama o doutor, com cara de espanto. – Jamais esperaria ouvir esse tipo de coisa vindo de um Klingon!

- Isso é o que todos dizem – diz K’Nesh – Mas para toda regra, sempre existe uma exceção, doutor. É bom que tenha isto em mente daqui por diante.

- Pode ter certeza que vou me lembrar disso – diz Lester.

Dan apenas observa, enquanto dá um gole em uma taça do vinho de sangue Klingon.


Após o jantar, a movimentação é intensa nos corredores da Frontier. O capitão Nardelli se dirige a um turbo-elevador para ir até a ponte de comando, acompanhado pela comandante Hong, pelo tenente Andros e pelo capitão Klingon da T’Kuvma, K’Nesh – o comandante Korg volta para a sua nave, com a ordem de acompanhar os trabalhos de reparo.
Okonwa corre atrás deles e chega ao capitão para fazer um pedido:

- Permissão para ir a bordo da T'Kuvma, capitão?

- O que pretende fazer, sr. Okonwa? – pergunta Dan.

- Quero coordenar a equipe que auxiliará nos reparos – responde o africano.

Antes que Nardelli pudesse responder, K’Nesh interfere:

- Posso dar uma sugestão, capitão Nardelli?

Surpreso com a atitude de K’Nesh, Dan resolve ouvir o que o Klingon tem a dizer.

- Prossiga.

- Traga alguns dos meus mecânicos a bordo de sua nave – K’Nesh, então, expõe uma preocupação – Se pretende ir atrás dos ladrões, seria bom reforçar seus escudos. Os disruptores que eles roubaram são altamente potentes, bem, você viu o estrago que eles fizeram na T’Kuvma!

- Tem razão – concorda o capitão – Vou providenciar isso.

Dan, então, dirige a palavra a Okonwa, sendo um pouco mais informal. Mas sugere ao engenheiro-chefe que mude os planos, e transmite novas ordens.

- Oko, acho melhor você ficar aqui na Frontier. Ajude os mecânicos da T’Kuvma a reforçarem nossos defletores.

- Entendido, senhor. – responde Okonwa, sem questionar. E segue pelo corredor rumo à engenharia.

Logo em seguida, Hong sorri para Dan, em meio ao ambiente frenético que tomou conta da nave:

- Nada mal para um começo de missão, não acha, Dan?

- Já é bem mais do que isso, Seul-gi. Este será um batismo de fogo para a Frontier!

Os dois riem discretamente um para o outro, enquanto K’Nesh simplesmente observa.


O capitão e os outros chegam à ponte de comando. Stanic anuncia sua chegada aos demais oficiais.

- Capitão na ponte!

Hong e Andros assumem seus postos. K’Nesh permanece em pé, em um ponto próximo à cadeira do capitão. Enquanto se senta, Dan questiona o alferes Cortez:

- Ainda tem as coordenadas do rastro da nave suspeita, sr. Cortez?

- Si señor, capitão! – responde o espanhol, pronta e animadamente.

- Muito bem. Use-as e marque o curso. Dobra máxima!

O alferes mexe em seu display para aplicar as coordenadas e regular a velocidade da nave, atendendo à ordem do capitão.

- Dobra máxima, senhor!

Num piscar de olhos, a Frontier toma o horizonte do espaço, deixando apenas um rastro de luz para trás. A nave Klingon permanece ali, com os motores sendo reparados pela força-tarefa.


Bem mais adiante, o cargueiro dos ladrões orelhudos segue seu caminho, sem saber que a Frontier já está em seu encalço. E eles continuam discutindo entre si, agora o assunto é saber para quem eles vão vender a carga roubada.

- Fala sério, Gorak – diz um – Nunca que os kasseelianos vão querer comprar dispositivos de camuflagem! Esses aí só querem saber de cantar ópera!

- É, tem razão... - diz Gorak – Pensando bem... eu conheço uns caras que são ligados a um grupo de terroristas andorianos. Eles podem se interessar... e claro, nos pagar muito bem pela mercadoria!

- Que seja, Gorak – responde um outro – Mas não esquece dos meus 20 por cento, hein?!

- Ah, como você é chato! – resmunga Gorak – Fique despreocupado, eu NÃO VOU me esquecer dos seus 20 por cento, droga!

Enquanto a discussão se desenrola, o mais cauteloso deles, Siros, olha por uma das janelas do cargueiro. E à distância, vê a Frontier se aproximando.

Tremendo nas bases de medo, ele avisa os outros, quase gaguejando:

- Errr... Pessoal... – o orelhudo faz uma pausa enquanto sente um suor frio - Eu acho que pintou sujeira...


Na ponte da Frontier, Cortez acusa a distância em relação à nave de carga ao capitão:

- Estamos nos aproximando da nave suspeita, capitão. Distância de 10 mil quilômetros. Ao alcance dos sensores.

- Muito bem, sr. Cortez, siga firme no curso.

Dan, então, volta-se para Seul-gi e transmite sua ordem:

- Faça uma varredura, srta. Hong. Veja se a carga roubada está a bordo.

- É pra já, capitão – responde Seul-gi.

Em poucos segundos, a varredura é feita. Hong relata os resultados ao capitão:

- A carga roubada está a bordo da nave. Há também sete leituras de vida humanoide.

- Consegue identificá-las? – pergunta Dan.

A coreana reluta por um momento e demora um pouco para responder. E acaba dando uma resposta imprecisa:

- Sim e não.

- Explique – responde o capitão, franzindo a testa.

- São de uma raça que se autodenomina como Ferengi. Não há dados suficientes sobre eles nos arquivos da Federação; a única coisa concreta que existe a respeito deles é um registro datado de aproximadamente 120 anos atrás, que descreve um incidente com a Enterprise NX-01 do capitão Jonathan Archer. (*******)

As revelações de Seul-gi deixam Dan estupefato. Ele quase salta da cadeira.

- Você está brincando... isso foi antes de a Federação ser fundada! – o capitão resolve botar uma pitada de sarcasmo em sua voz – Quer dizer que eles já aprontavam pelo universo desde aquela época?! Fascinante!

- Já ouvi histórias em meu mundo a respeito desses Ferengi – conta K’Nesh – Também não são muito consistentes. Quase ninguém os conhece, ou mesmo os viu.

- Pois vamos vê-los em questão de instantes... – diz Nardelli.


Dentro do cargueiro, Siros entra em desespero ao ver a situação do lado de fora. E é questionado pelos outros integrantes da gangue Ferengi:

- O que aconteceu, Siros? – pergunta Gorak, o líder da gangue – Os Klingons vieram atrás da gente, por acaso?

- Antes fosse os Klingons, Gorak – responde Siros – Estamos sendo seguidos por uma nave da Federação!

- A Federação?! Fala sério! – responde um terceiro, aos risos – Se nós já demos conta de uma nave Klingon, então uma nave da Federação é café com leite!

- É verdade, não há com o que se preocupar! – diz Gorak, que em seguida se volta para dois companheiros no leme da nave – Nos tirem de dobra! Vamos arrebentar esses caras!


Cortez observa a situação do cargueiro a partir do leme da Frontier. E a informa ao capitão:

- Eles saíram da velocidade de dobra, capitão.

- Faça o mesmo, sr. Cortez. Reverter para impulso.

- Sim, senhor!

Assim como fez o cargueiro, a Frontier sai da velocidade de dobra. As duas naves passam a se mover lentamente pelo espaço, a uma curta distância.
Nardelli, então, transmite uma ordem a Stanic:

- Tente contatá-los Sr. Stanic. Frequências de saudação.

Stanic abre as frequências, e alguns segundos se passam. Não consegue nenhuma resposta.

- Nada, capitão. Não respondem em nenhuma frequência.

Nisso, Andros repara uma movimentação no cargueiro – estão se preparando para atacar!
De imediato, ele informa ao capitão:

- Ergueram defletores, capitão! Estão armando canhões em nossa direção!

- Erguer escudos! Alerta vermelho! – berra Nardelli.

Imediatamente, o alarme de alerta vermelho começa a ressoar por toda a nave. Oficiais em diversos setores correm para postos de batalha.

- Escudos erguidos, senhor! – relata Andros ao capitão.

Na sequência, a nave inimiga dispara contra a Frontier. Acerta em cheio, mas os escudos reforçados aguentam e absorvem a carga dos canhões disruptores.
Um chacoalhão é sentido na ponte de comando. Os oficiais que estão em pé são obrigados a se segurar para não caírem.

- Relatório, sr. Andros? – questiona Dan.

- Escudos inteiros e aguentando, capitão – responde o romulano.

- Bem que você falou, K’Nesh – diz o capitão ao Klingon – Foi bom reforçar os escudos!

Dentro do cargueiro, os Ferengi se surpreendem ao ver que seu ataque teve efeito praticamente nulo na Frontier. E ficam assustados.

- Não é possível! – exclama Gorak – Nem arranhamos os escudos deles... mas como?! Continuem atirando!!!

Nardelli, então, arma seu contra-ataque. E transmite a ordem a Andros:

- Responder fogo, tenente. Phasers a postos: mire nos geradores dos escudos deles! Disrupção máxima!

Andros carrega as armas em seu display.

- Travando alvo, senhor. Phasers OK.

- Fogo! – ordena o capitão.

Feixes de energia são disparados da Frontier em direção à nave cargueira. Fazem algum estrago, mas não são muito efetivos.

- Relatório, tenente! – questiona Nardelli.

- Phasers pouco efetivos, capitão. Os escudos deles absorveram parte da energia – relata Andros.

Outro chacoalhão é sentido na Frontier. A nave é atingida por outro tiro do cargueiro.

- Escudos em 80 por cento, capitão – relata Cortez.

- Pois bem – o capitão, então, toma uma decisão mais drástica – Vamos ver do que os torpedos desta belezinha são capazes... Carregar torpedos fotônicos, sr. Andros! Potência máxima!

Novamente, Andros carrega as armas no display. Desta vez, o poder de fogo é maior.

- Torpedos prontos, capitão! Travando alvo!

- Fogo!

Agora, fortes cargas de energia são disparadas da Frontier. Desta vez, o efeito sai como o esperado: os torpedos ultrapassam os escudos e começam a danificar os geradores da nave inimiga.
Lá dentro, os ladrões Ferengi têm que se segurar – alguns acabam sendo derrubados pelo abalo provocado pelo impacto dos torpedos.

- Escudos da nave de carga caíram pela metade, senhor. – diz Andros ao capitão - Os torpedos estão funcionando!

- Continue atirando! – ordena Dan.

Depois de mais dois tiros da Frontier, o gerador da nave cargueira finalmente é destruído, e seus escudos caem. A nave, então, fica desprotegida.

- Os escudos deles caíram, senhor! – informa Andros.

- Muito bem, sr. Andros – o capitão, então, se levanta e ordena o próximo passo – Prepare um grupo de abordagem. Me encontre na sala de transporte!

- Sim, senhor! – Andros se levanta de sua cadeira e deixa a ponte de comando.

- Capitão Nardelli! – interpela K’Nesh – Eu também quero ir com vocês. Eles estão com algo que é propriedade do meu povo!

- Tudo bem – responde Dan – Mas com uma condição: terá que fazer as coisas do nosso jeito. Não se esqueça que você ainda está na jurisdição da Federação!

O Klingon, então, sorri para o capitão.

- Está certo. Não vai ser problema pra mim...

Dan retribui o sorriso a K’Nesh. E então, se volta para a comandante Hong e lhe transmite sua ordem:

- Srta. Hong, assuma o comando. Aguarde instruções.

- Sim, capitão! – responde Hong, que em seguida, se senta na cadeira do capitão.

Dan e K’Nesh, então, deixam a ponte de comando rumo à sala de transporte.


Poucos minutos depois, o capitão Nardelli e K’Nesh chegam à sala de transporte, onde encontram o tenente Andros e mais três oficiais de segurança, devidamente trajados com o uniforme vermelho de operações e armados com rifles e pistolas phaser. Andros entrega algumas dessas armas ao capitão e ao Klingon.
Todos, então, sobem na plataforma de transporte. No dispositivo de acionamento, um jovem alferes da engenharia informa ao capitão:

- Focalizando coordenadas da nave, capitão!

Todos se postam de armas em punho. E Dan dá a ordem:

- Acionar!

O alferes aciona o aparelho de teletransporte. E o capitão e seu grupo são envoltos em energia azulada, desaparecendo e reaparecendo dentro de um dos corredores do cargueiro em um piscar de olhos.
De armas em mãos, todos se posicionam: Andros vai para um lado do corredor, junto com dois dos oficiais de segurança; o outro vai para o outro lado, junto com o capitão e K’Nesh. Nisso, Nardelli saca um comunicador – um pequeno aparelho com uma espécie de antena retrátil - e o ativa:

- Nardelli para Frontier.

Do outro lado da linha, Hong responde:

- Frontier. Aqui é Hong. Prossiga, capitão!

- Srta. Hong, prepare o raio trator. Acione-o ao meu sinal.

- Entendido. Vou retransmitir as ordens.

- OK. Fique no aguardo. Desligo.

Dan, então, guarda seu comunicador em um bolso da calça. E transmite uma ordem a seu grupo:

- Phasers em tonteio.

Todos ajustam suas armas para apenas nocautear os eventuais oponentes. E vão seguindo sorrateiramente pelo corredor.
Subitamente, dois Ferengi armados com rifles disruptores aparecem do nada e atiram contra o grupo. Dois oficiais de segurança são atingidos, e se desintegram de imediato.
Rapidamente, o capitão se abriga em um canto, com K’Nesh logo atrás. Andros e o outro oficial se abrigam do outro lado.

- Tenham cuidado! – grita Dan.

Os ladrões continuam atirando – um dos tiros quase atinge o capitão. Nardelli e Andros atiram de volta, e acertam os dois Ferengi, que caem desmaiados.

É quando Gorak e os outros entram em cena, também armados e partindo pra ofensiva:

- Vão pro inferno, seus malditos! – berra o líder do bando Ferengi – Vamos defender nossa mina de ouro!

Todos atiram contra o grupo do capitão, enquanto este se abriga. Dan e os outros revidam, e vão abatendo os Ferengis, um a um. Até que sobra só o mais covarde do bando, Siros, que, tremendo de medo – e com todas as armas apontadas em sua direção - joga a sua arma e põe as mãos pra cima.

- Tá legal... tá legal... – diz o orelhudo, com a voz trêmula – Eu me rendo... não me machuquem... não me machuquem, por favor... AAAAAAAAAAA...

Siros solta esse grito porque K’Nesh chega e o ergue ao alto, segurando-o pela parte de trás de sua camisa. Furioso, o Klingon berra com o Ferengi enquanto este esperneia:

- Verme maldito! Agora vai pagar por ter roubado meu povo!

Dan não gosta da atitude do capitão da T’Kuvma. De imediato, chama-lhe a atenção e o repreende:

- K’NESH!!! Que diabos você está fazendo?! Acalme-se e ponha ele no chão, já!!!

- Mas, Nardelli, ele...

- Calma... – com a voz firme, Dan interrompe K’Nesh antes que ele pudesse completar sua fala, gesticulando com a palma de sua mão – Do nosso jeito, lembra? Você não vai querer complicar as coisas pro seu lado, vai?

K’Nesh, então, coloca a mão em sua consciência. Qualquer ato precipitado poderia ser interpretado como uma violação do Tratado de Paz vigente, uma vez que ele estava de forma irregular no território da Federação, e poderia gerar um impasse entre a mesma e o Império Klingon. E ele não queria isso – só queria recuperar a carga roubada, consertar sua nave e voltar para casa.
Após ouvir as palavras de Dan, ele solta o Ferengi, que cai quase com o traseiro no chão.

- Você tem razão – diz K’Nesh, meio prostrado – Eu me precipitei, sinto muito.

Dan se volta para o Ferengi caído. Mas logo atrás dele, Gorak recobra a consciência e pega sua arma. Está pronto para atirar no capitão, mesmo caído e ainda tonto com o efeito do phaser.

- Capitão!!! – berra Andros, na tentativa de avisar Dan.

Dan se vira e vê Gorak de relance, com uma pistola disruptora em punho. E tem um golpe de sorte: antes que o Ferengi pudesse atirar, ele é atingido por um disparo de phaser. É K’Nesh.
O ladrão, então, cai inconsciente de novo.
Passada a tensão, Nardelli se aproxima novamente de Siros, que já está quase urinando nas calças de tanto medo.
De joelhos, ele suplica ao capitão:

- Não me machuquem... não me machuquem, por favor, não me machuquem...

- Trate de se acalmar você também – diz Dan, com firmeza na voz – Se você colaborar com a gente, te asseguro que não vai te acontecer nada. Fui claro?

- S-Si... sim, senhor... – gagueja o baixinho orelhudo.

Com a voz firme e o olhar incisivo, o capitão Nardelli aponta o phaser para o Ferengi e lhe pergunta:

- Cadê a carga que vocês roubaram?

- Er... queiram me acompanhar, por favor...  - diz o Ferengi – Vou leva-los até ela...

O grupo segue Siros pelo corredor. Enquanto aponta sua arma para ele, Dan saca seu comunicador e fala com a Frontier:

- Nardelli para Frontier. Srta. Hong, tudo sob controle. Acione o raio trator.



“Diário do Capitão – Data Estelar: 7501.7

Recuperamos com sucesso os dispositivos de camuflagem que haviam sido roubados dos Klingons.

Os reparos na T’Kuvma também foram bem-sucedidos, graças ao esforço conjunto entre seus mecânicos e uma equipe de manutenção da Frontier – o que agilizou os trabalhos. 

Neste momento, eles estão prontos para seguir viagem de volta a seu planeta natal, Qo’noS.”


De volta à Frontier, Dan e K’Nesh estão na sala de transporte. Em cima da plataforma, estão Gorak e alguns dos integrantes do bando Ferengi, algemados e imobilizados – como cometeram um crime dentro do território Klingon, eles serão levados sob custódia até Qo’noS.

- Certamente não teria conseguido sem sua ajuda, capitão Nardelli. Só tenho a lhe agradecer – diz K’Nesh.

- Ah, não foi nada – responde Dan – considere isso como mais um esforço pela paz.

- Claro. E me desculpe por quase perder o controle dentro do cargueiro. Você me fez botar a cabeça no lugar naquela hora... e também me fez pensar neles...

K’Nesh, após dizer estas palavras, tira de dentro de sua armadura uma corrente fina com um pingente oval. Ele o abre, e o mostra a Nardelli – dentro, há uma foto de K’Nesh com uma mulher segurando um bebê em seu colo e um menino de uns sete anos de idade, todos Klingons. Dan fica de olhos arregalados:

- Uau! Essa é sua família?

- Sim. Minha esposa e meus dois filhos – responde o Klingon – É por eles que eu quero que meu mundo se torne um lugar melhor.

- Nada mais justo – diz Dan, comovido.

- Ah, quase ia me esquecendo... – K’Nesh vai até sua mochila e retira algo de dentro – Fique com isto como prova de minha gratidão. E divida-o com seus camaradas!

É um outro garrafão de vinho de sangue, trazido da T’Kuvma, com o qual K’Nesh presenteia o capitão. Este, por sua vez, se surpreende com a oferta:

- Ora, vinho de sangue! Pode ter certeza que será muito bem aproveitado! Agradeço pela gentileza.

- Imagine... bom, acho que agora é hora de ir.

Antes de K’Nesh subir na plataforma de transporte, Dan lhe estende a mão:

- Foi uma honra, capitão K’Nesh.

O Klingon sorri, e como da primeira vez, pega forte o antebraço de Dan para cumprimenta-lo. E despede-se, dizendo:

- Espero que um dia nossos povos alcancem a paz.

- Eu também, K’Nesh – diz Nardelli – Eu também...

O capitão Klingon sobe na plataforma de transporte. Saca um comunicador e transmite a ordem para sua nave, em seu idioma:

- maHvaD, ra'wI' lup SoH laH! (Pode nos transportar, comandante!)

E ele e os Ferengi detidos se desmaterializam. Deixam a Frontier e voltam para a nave Klingon, que em seguida, parte em dobra rumo a seu planeta.


Dan e a comandante Hong conversam, enquanto seguem para a ponte de comando.

- É, você começou bem... isso é que eu chamo de diplomacia! - diz Seul-gi.

- Foi complicado, mas no fim conseguimos – responde o capitão – Mas eu me pergunto: será mesmo que vão levar isso em conta nas negociações de paz?

- Não duvide! Vão considerar, sim. Logo, logo, seu nome estará na história da Frota Estelar!

- Não exagere... – diz Dan, rindo – ainda preciso fazer muito pra isso!

- Ah, não seja modesto, Dan! Se você consegue falar numa boa com os Klingons, consegue fazer isso com qualquer um!

Dan cai na risada, completamente sem graça. Seul-gi continua:

- Aliás... já reparou como você consegue se dar bem com todo mundo? Até comigo, que sou um tanto complicadinha... você não é capitão por acaso, acho que já te falei isso!

- Não diga isso de si mesma, Seul-gi. Você também tem seus méritos, por que acha que está aqui?

Os dois sorriem um para o outro, enquanto entram no turbo-elevador.


Já na ponte, Stanic anuncia a chegada do capitão, enquanto este e a comandante Hong assumem seus postos:

- Capitão na ponte!

- A T'Kuvma partiu, senhor. Entrou há pouco em velocidade de dobra – relata o alferes Cortez, no leme.

- Então creio que é hora de fazermos o mesmo – responde Dan, já em sua cadeira.

O capitão faz uma pausa. E então, transmite a ordem:

- Marque o curso, sr. Cortez. À frente, fator de dobra 1.

Cortez ajusta as coordenadas e a velocidade da nave, atendendo à ordem do capitão.

- Dobra 1, senhor.

Em seguida, a Frontier entra em velocidade de dobra e toma o horizonte do espaço, rumo a seu próximo destino.

"Espero que um dia nossos povos alcancem a paz."


CONTINUA...
_______________________________


NOTAS DO AUTOR:

(*) Leia-se: "Kronos" - é o planeta natal dos Klingons

(**) Vide Star Trek: Discovery - Temporada 1

(***) Vide Jornada nas Estrelas/Star Trek: The Original Series - Temporada 1 Ep. 27: "Missão de Misericórdia" ("Errand of Mercy")

(****) Uma arma branca Klingon. Consiste em uma lâmina curvada enorme, em um formato semelhante a uma asa de morcego.

(*****) Nota cultural: "pasta" é como os italianos chamam massas como o macarrão, por exemplo.

(******) Um animal do mundo dos Klingons, cuja carne é muito apreciada na culinária local.

(*******) Vide Star Trek: Enterprise - Temporada 1 Ep. 19: "Aquisição" ("Acquisition") 

História também disponível no Spirit Fanfics.

Comentários

  1. Adorei! Muito legal a sua primeira missão! Foi empolgante! Não dava pra parar de ler!

    Também adorei suas ilustrações. Muito bonitas! E dão muito mais realismo a historia. Agora aguardo maus ilustrações dos outros tripulantes da Frontier!

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

Um pouco do que foi a StarCon 2019

Personagens de 'Frontier' #1 - Daniele "Dan" Nardelli

Capítulo 6 - PROJETO FRONTIER